Após alcançar a história do desenvolvimento médico até o século XVI, no início de sua série acerca de 90 fatos marcantes da Medicina, a Revista da APM se debruça, nesta edição, sobre as inovações dos séculos XVII e XVIII.
É possível observar que, neste período, foram notáveis os médicos e cientistas que, por meio de experimentos, descobriram novos elementos e ferramentas. São muitos os relevantes tratados de doenças, como os que descreviam as moléstias tropicais e a circulação sanguínea. No que diz respeito aos instrumentos, encerramos quando foi inventado o mais famoso deles: o estetoscópio, inaugurando o século XIX.
1. TRATADO DE LAS SIETE ENFERMEDADES
Em 1623, Aleixo de Abreu publicou o pri - meiro tratado conhecido sobre doenças tropicais. O português licenciou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra, mas teve contato com essas enfermida - des principalmente no período de nove anos em que viveu em Luanda (Angola), onde se aprofundou no conhecimento das febres locais. Os primeiros estudos sobre escorbuto são atribuídos a ele que, após a obra, tornou-se tão celebre que foi convidado para ser médico da Câmara Real de D. Filipe III.
2. SANTORIO SANTORII
Foi o médico e fisiologista que inventou, na segunda metade da década de 1620, um termômetro clínico. O italiano ficou conhecido pelas experiências sobre temperatura, respiração e peso que fazia em sua época como professor em Pádua. Também foi inventor do que se chamava pulsilogium, a primeira máquina a ser usada na Medicina para medir o pulso dos pacientes.
3. EXERCITATIO ANATOMICA DE MOTU CORDIS ET SANGUINIS IN ANIMALIBUS
“O Estudo Anatômico do Movimento do Coração e do Sangue nos Animais” foi publicado em 1628 pelo médico inglês William Harvey. O estudo foi responsável por estabelecer o entendimento acerca da circulação sanguínea, sendo um divisor de águas na história da Fisiologia. Os métodos de experimentação e observação de Harvey tiveram impacto imediato no conhecimento médico da época.
4. ANTON VAN LEEUWENHOEK
O cientista holandês ficou para a história por suas contribuições para a evolução dos microscópios. Foi num destes, feito por ele mesmo, em que tornou-se, por volta do ano 1675, o primeiro a observar e descrever as bactérias, além dos protozoários e das fibras musculares.
5. O PRIMEIRO LIVRO BRASILEIRO
A obra inaugural da Medicina brasileira foi publicada em 1677, pelo médico Simão Pinheiro Mourão, diplomado pela Universidade de Coimbra. O livro era uma espécie de denúncia sobre a prática médica realizada por pessoas não licenciadas. Chamava-se “Queixas repetidas em ecos dos arrecifes de Pernambuco contra os abusos médicos que nas suas capitanias se observam tanto em dano das vidas de seus habitadores”. Explicitou uma cisão entre médicos graduados na Europa e curandeiros que atuavam no Brasil.
6. BATTISTA MORGAGNI
O médico italiano é um dos maiores contribuintes da Anatomia moderna. A mais importante foi a série de cinco livros batizada “De sedibus et causis morborum per anatomen indagatis”, publicada em 1761, em que descrevia mais de 700 histórias clínicas e seus protocolos de autopsia. Foi traduzida para vários idiomas, tornando-se referência. Morgagni também se notabilizou por projetar instrumentos de dissecção médica – vem dele o nome das mesas em que hoje são realizadas autopsias, as mesas de Morgagni.
7. ANTOINE-LAURENT DE LAVOISIER
Um dos cientistas mais notórios de nossa história, Lavoisier pode ser considerado
o pai da Química moderna. As suas contribuições foram diversas, destacando- se a construção do sistema métrico e a primeira lista de elementos químicos. A identificação do oxigênio, que realizou em 1778, foi um dos elementos que auxiliou o desenvolvimento da Medicina, bem como de todos os campos da ciência.
8. VACINA DA VARÍOLA...
Em 1796, o médico inglês Edward Jenner observou que as pessoas responsáveis
pela ordenha de gados eram expostas à varíola bovina tinham uma versão humana da doença mais branda. Ele resolveu, então, inocular um garoto com o pus das bolhas de uma leiteira que havia adquirido a varíola bovina. O resultado: o menino teve um pouco de febre, mas se recuperou rapidamente. Posteriormente, Jenner expôs o garoto ao líquido da ferida de outro paciente com varíola e percebeu que ele estava imunizado, descobrindo assim o princípio da vacina da varíola.
9. ...E SUA APLICAÇÃO NO BRASIL
Dois anos depois, no Rio de Janeiro, o cirurgião-mor Francisco Mendes Ribeiro de Vasconcelos resolveu repetir a “variolização” (uso do pus da varíola). Um grupo de mais de 30 pessoas que a haviam experimentado encaminhou um abaixo-assinado, em 1798, às autoridades da capitania solicitando estender o uso a toda a população, afirmando satisfação com os resultados. Uma política de prevenção sanitária só ocorreu, porém, a partir dos anos 1810.
10. INVENÇÃO DO ESTETOSCÓPIO
Em 1816, o médico René-Théophile-Hyacinthe Laennec foi responsável pela invenção da ferramenta que se tornaria símbolo da Medicina moderna: o estetoscópio. Tendo de auscultar uma jovem com sintomas de doença cardíaca, o
francês, que julgou inadmissível a escuta direta (tendo de encostar diretamente
no corpo da paciente), teve a ideia de aplicar um laminado de papel em um cilindro na região do coração da moça. Surpreendeu-se ao perceber a ação do
coração de maneira mais evidente
Finalizando a série de 90 fatos que marcaram a história de Medicina, a Revista da APM traz informações da última década
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