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TRAUMA

20/09/2019 - Trauma em idosos

À medida que a população envelhece, a prevalência de doenças crônicas aumenta. Além disso, a perda de massa muscular e a fragilidade óssea, que nos levam ao conceito de osteosarcopenia, contribuem para mais casos de quedas e fraturas. E apenas 30% da população idosa se recupera totalmente após uma ruptura física. 

O grupo que não se cura apresenta diversas limitações em atividades diárias, podendo chegar à invalidez, como informa o professor livre-docente e associado da FMUSP (Departamentos de Ortopedia e Traumatologia e de Clínica Médica - Geriatria), Luiz Eugênio Garcez Leme. "Se tenho 30 anos e um agravo de saúde como uma fratura ou uma infecção, que me leve a uma perda funcional, a chance de entrar em falência é muito pequena. Com 80 anos, o risco é maior. Essa diferença de uma para outra é o que embasa o conceito de fragilidade, explica porque envelhecemos."

Dos 60 aos 74 anos, 26,2% caem pelo menos uma vez ao ano; nos idosos com mais de 75 anos, o índice sobe para 36,9%.

As quedas nas mulheres representam 33%; nos homens, 22,3%, de acordo com a obra Saúde, Bem-estar, Envelhecimento - O estudo SABE no município de São Paulo: uma abordagem inicial, de Maria Lúcia Lebrão e Yeda A. de Oliveira Duarte. 

A fratura de quadril atinge sobretudo idosas. É um trauma de baixa energia, como queda no tapete, na cama ou no vaso sanitário, que pode ser fatal. "O público feminino ainda tem oito vezes mais chance de ter osteoporose. Isso ocorre porque as mulheres têm mais alterações hormonais. Já os meninos saem da adolescência com uma estrutura óssea maior que as meninas, diminuindo na velhice, principalmente após os 80 anos", explica o professor. 

O número de óbitos em decorrência de quedas subiu de maneira significativa nos últimos anos. Entre 1996 e 2012, a taxa de mortalidade por este motivo aumentou 200% nas capitais brasileiras, de acordo com estudo publicado em 2018 pela revista Ciência e Saúde Coletiva, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

"Isso ocorre porque a população envelheceu. Trinta anos atrás, ver um idoso com 90 anos dentro de hospitais de ensino era muito raro. Hoje, um com mais de 100 anos nem chega a causar espanto, mas são pessoas mais frágeis", reitera Garcez. 

Já os traumas de alta energia são provocados por atropelamentos, acidentes com veículos motorizados e quedas de grandes alturas, correspondendo a menos de 10% de causas de fraturas no indivíduo idoso. 

SISTEMA PÚBLICO

Dados estatísticos apontam para cerca de 150 mil internações por fratura de quadril ao ano no Sistema Único de Saúde. No entanto, o Brasil precisa urgentemente se preparar para os atendimentos, avalia o geriatra. Além de aparelhar hospitais e procedimentos cirúrgicos, faz-se necessária a prevenção de fratura. 

"Medidas de precaução se comportam em dois tipos: prevenção da osteoporose, que pode ser pensada em melhores condições de acesso a alimentos ricos e cálcio, principalmente para meninas e mulheres; e readequação da infraestrutura ambiental, com iluminação adequada pública e no lar, além de integridade física das calçadas."

O professor da FMUSP ainda aponta para a insuficiência de profissionais na Geriatiria, em todo o mundo, e para a importância de médicos e profissionais da Saúde trabalharem de forma compartilhada para a tomada de decisões: "Quando assistimos pacientes acima dos 60 anos, a fragilidade vai muito além da saúde debilitada, pois incorpora as condições sociais, a alimentação e o apoio psicológico, entre outros pontos."

Por isso, segundo ele, a importância de uma abordagem integral ou interpessoal com psicológicos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros profissionais da Saúde, e especialistas médicos. "São atividades que necessariamente se integram. Nessa linha, defendemos uma unidade de atenção, para o paciente não se sentir fatiado", conclui.

Matéria publicada na Revista da APM - edição 713 - setembro 2019

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