A palavra trauma vem da etimologia grega τραῦμα, que significa ferimento. Desastres automobilísticos, quedas, queimaduras, violência e acidentes domésticos são alguns elementos de uma lista extensa, responsável por milhões de mortes em todo o mundo anualmente. E além dos óbitos, esta epidemia do nosso tempo também causa diversas sequelas em grande escala, entre psicológicas, mutilações, incapacidades físicas e perdas laborais.
Dados do Ministério da Saúde, divulgados também pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, informam que os acidentes de trânsito foram responsáveis por ceifar a vida de 1,24 milhão de pessoas em 182 países, só em 2010. No Brasil, a cada ano, são registrados mais de 1 milhão de acidentes, matando cerca de 40 mil pessoas e deixando mais de 370 feridos.
Armas de fogo e armas brancas também têm grande representatividade nas estatísticas, assim como, no caso dos idodos, as quedas. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 20 e 50 milhões de pessoas sobreviverão com traumatismos e ferimentos físicos, a cada ano, no período de 2020 a 2030.
"O trauma é um tema impactante para a sociedade em geral, com destaque para o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Hoje, ocupa o terceiro lugar em mortes no mundo, depois das doenças cardiovasculares e por câncer. E em alguns países já ultrapassou o câncer e está na segunda posição", afirmam os especialistas Milton Steinman e Jorge Carlos Machado Curi, vice-presidente da Associação Paulista de Medicina.
Os custos para o sistema de saúde, especialmente para o público, também são consideráveis. "Traume não é fatalidade. Tem causas claras, de conhecimento público: recursos insuficientes em saúde e educação, altos índices de pobreza e de violência, urbanização desordenada e outras, além da omissão das autoridades em diversos níveis. Inexiste no País uma política pública de combate e prevenção, não há campanhas de conscientização e orientação", complementam.
Para chamar a atenção da sociedade em relação ao alto índice de mortes e traumas em todo o mundo, decreto da Organização das Nações Unidas, divulgado em 2011, criou o movimento internacional Maio Amarelo, como símbolo de referência em conscientização e estímulo participativo da população, órgãos públicos e privados e entidades para as ocorrências de acidentes, principalmente automobilísticos.
Segundo Curi, em algumas regiões brasileiras onde as taxas de violência se sobressaem, tendo como alvo especialmente homens, jovens e negros, as sequelas trumáticas são mais perceptíveis em familiares, amigos e sobreviventes. "Por isso, as autoridades públicas e instituições como a APM devem ficar atentas a essa realidade, com o desenvolvimento de campanha permanente de conscientização, enfrentamento e reabilitação de ocorrência, não restrita ao mês de maio."
Partindo dessa realidade, a Revista da APM irá ampliar o debate sobre o tema, abordando seus diferentes aspectos. "Enfrentamos uma doença grave, com epidemiologia, fisiopatologia, morbidade e mortalidade conhecidas. A nossa perspectiva é também discutir a complexidade do trauma e soluções plausíveis com as nossas Regionais. Como já mencionado, precisamos debater com os colegas e a sociedade como esse mal devastador atinge sobremaneira a população no ápice da vida e da atividade produtiva. É nosso papel social enquanto médicos", conclui o vice-presidente da Associação.
Matéria publicada na Revista da APM - edição 710 - maio 2019
Finalizando a série de 90 fatos que marcaram a história de Medicina, a Revista da APM traz informações da última década
Dedicado à Neurologia do esporte, o módulo foi coordenado por Acary Bulle de Oliveira. Na primeira aula, Ricardo Arida abordou o tema “Esportes e cérebro humano: uma perspectiva evolutiva”.
Carlo Domenico Marrone foi o coordenador do debate sobre Neurofisiologia, que teve início com Wilson Marques Junior falando sobre “Como a Eletroneuromiografia pode auxiliar na Diferenciação entre Neuropatias Hereditárias e Neuropatias Adquiridas”.
Após as conferências, começaram as últimas mesas científicas do evento. Neste espaço, Ana Cláudia Piccolo coordenou os debates sobre Neuro-oftalmologia.
Em mesa dedicada à Neuro-otologia, a primeira palestrante foi Emanuelle Roberta da Silva Aquino, que trouxe o tema “Anamnese: como identificar os diferentes tipos de tontura/vertigem?”.