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HISTÓRIA DA MEDICINA

16/12/2020 - Ela não aceitou o não como resposta

A Revista da APM encerra, nesta edição, sua série sobre grandes nomes da História da Medicina com uma das mais renomadas cirurgiãs brasileiras, referência mundial, Angelita Habr-Gama. Com mais de 50 prêmios científicos nacionais e internacionais no currículo, não é difícil entender o reconhecimento notável durante toda sua trajetória profissional.

Filha de libaneses que vieram ao Brasil em busca de refúgio de guerra, Angelita nasceu em 1932, na Ilha de Marajó, no estado do Pará e, posteriormente, aos 7 anos, veio para São Paulo. No seio de uma família modesta economicamente, mas com uma bagagem cultural excepcional, desde pequena, mostrava vocação para as Ciências Biológicas.

Odontologia, magistério ou Medicina? As incertezas sobre qual graduação realizar foi decidida no time de vôlei da Presidente Roosevelt, que integrava. Boa parte do time estudava na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). No embalo, prestou vestibular e, em 1952, aos 19 anos, ingressou na instituição, onde cursou a graduação e construiu toda a carreira.

Angelita foi exemplo de resistência e luta da mulher, não só ao entrar na universidade, mas ao dar prosseguimento à Cirurgia como especialidade na carreira médica, já que, geralmente, reservavam às mulheres Ginecologia, Clínica ou Obstetrícia. Mesmo com a resistência institucional, foi a única mulher na equipe médica, tornando-se a primeira cirurgiã da história da universidade.

Mais tarde, se debruçou sobre o tema da luta contra o câncer de intestino, fundando e presidindo a Associação Brasileira de Prevenção de Câncer de Intestino (Abrapreci), sendo considerada hoje uma das maiores especialistas do País. No Hospital das Clínicas da FMUSP, é criadora da Disciplina de Coloproctologia. Somase ainda à carreira a sua atuação como cirurgiã no Hospital Oswaldo Cruz.

Em março deste ano, a renomada médica, aos 88 anos, foi internada em Unidade de Terapia Intensiva para o tratamento de uma infecção grave ocasionada pela Covid-19, e permaneceu intubada por 50 dias. A experiência não mudou o ritmo frenético de trabalho. Poucas semanas depois da alta, já retomava as atividades de operações de alta complexidade no trato intestinal.

Câncer colorretal, diagnóstico, estadiamento, prognóstico e tratamento de doenças inflamatórias do intestino grosso, doença de chagas, fisiologia anorretal e incontinência anal, constipação intestinal essencial, cirurgia laparoscópica, colonoscopia e insuficiência intestinal grave são os temas de suas linhas de pesquisa.

PRÊMIOS

Angelita foi pioneira em diversos reconhecimentos nacionais e internacionais. Dentre os inúmeros recebidos estão o prêmio “Mulheres Mais Influentes” pela Revista Forbes Brasil, em 2006; a primeira mulher a integrar o seleto grupo de 17 membros honorários da European Surgical Association, em 2006; e a primeira mulher a ser aceita como membro honorário da centenária sociedade científica American Surgical Association.

A sua trajetória é autobiografada no livro Não, não é resposta, lançado este ano. Dentre os pontos, ela conta como desafiou o machismo na universidade, como se destacou na cirurgia e criou procedimentos revolucionários no combate ao câncer.

Casou-se com o médico Joaquim Gama-Rodrigues, formado também na FMUSP, e se recusou a ter filhos para se dedicar integralmente à Cirurgia. Uma mulher que sempre esteve à frente de seu tempo e revoluciona até os dias atuais, porque não aceitou o não como resposta.

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