Na Cultura Ocidental, é consenso que Hipócrates é o pai da Medicina. Nascido na Ilha de Cós, no século V a.C, o grego fundou uma escola em que passava seu conhecimento de cuidados em saúde aos discípulos – sob a sombra do lendário plátano.
Séculos e séculos adiante, a Medicina é uma ciência estabelecida, as faculdades se proliferam com estruturas modernas e as tecnologias digitais começam a mudar paradigmas da profissão. Telemedicina, saúde digital, dispositivos vestíveis, big data... são diversos os conceitos com que jogam os médicos do século XXI.
Entre um ponto e outro, o trabalho médico foi evoluindo a partir da pesquisa de diversos indivíduos e instituições, que colaboraram – ao passar das décadas e séculos – com pioneirismo em diferentes áreas de atuação.
E no ano em que a Associação Paulista de Medicina completa nove décadas de existência, a Revista da APM inicia uma série em que lembrará 90 fatos da Medicina e seu curso na história. Nesta edição, começamos ainda antes de Hipócra - tes, no Antigo Egito, e passamos por inovações que chegam até a Europa do século XVI
1. PAPIRO DE EBERS
Apócrifo, estima-se que esse documento de quase 20 metros tenha sido escri - to em 1.550 a.C. Estudiosos acreditam, entretanto, que ele tenha sido copiado de textos anteriores. O Papiro de Ebers foi produzido no Antigo Egito, preservando todo o conhecimento deste povo sobre saúde, e atualmente está na Universidade de Leipzig (Alemanha). No papiro, estão descritas aproximadamente 700 fórmulas e remédios populares, feitos a partir de ervas, além de um tratado sobre o cora - ção, em que está descrito com precisão o sistema circulatório dos humanos.
2. ALCMEÃO DE CROTONA
Um dos principais discípulos de Pitágoras foi, além de filósofo, um dos mais proe - minentes médicos da antiguidade. Ele é um dos pioneiros na dissecação anatô - mica, tendo realizado a primeira delas em algum momento do século VI a.C. É também considerado o primeiro médico a identificar a tuba auditiva. Foi, ainda, dianteiro em apontar que a saúde é um estado de equilíbrio e que as doenças são causadas por problemas de meio ambien - te, nutrição e estilo de vida.
3. HIPÓCRATES E A ESCOLA DE CÓS
O já citado “pai da Medicina” viveu na Grécia, na Ilha de Cós, entre os séculos V e IV a.C. Foi o líder da Escola de Cós, onde passou aos seus pupilos ensinamentos que separavam a Medicina do campo das superstições e das práticas mágicas, ca - minhando rumo ao cientificismo da área. Em sua escola, Hipócrates focava nos cui - dados com pacientes e em seus prognós - ticos, alcançando tratamento efetivo de doenças e pavimentando caminho para o desenvolvimento da prática clínica.
4. HERÓFILO DE ALEXANDRIA
Fundador da Escola de Medicina de Alexandria, entre os séculos IV e III a.C. Aponta-se que ele tenha aplicado vivis - secção em mais de 600 pessoas para fins de pesquisa. Em seus estudos anatômi - cos descreveu o fígado, o pâncreas e o trato alimentar, sendo indicado como o nomeador do duodeno. Também analisou a circulação sanguínea e o cérebro, tendo percebido na época a diferença entre telencéfalo e cerebelo.
5. “DE MATERIA MEDICA”
Por volta do ano 50 d.C., o médico, farmacologista e botânico grego Pedânio Dioscórides publicou a “De materia medica”, uma enciclopédia de cinco volumes acerca das plantas medicinais e substâncias relacionadas. Foi lida por mais de 1.500 anos, tornando-se uma obra de referência e precursora de todas as modernas farmacopeias. São descritas cerca de 600 plantas e alguns animais e minérios e mais de 1.000 medicamentos feitos a partir delas.
6. HUANGDI NEIJING
Dos tempos da China Imperial, esse livro é considerado a fonte doutrinária funda - mental da Medicina chinesa. O trabalho é dividido em dois textos: o “Suwen” – também conhecido como “Questões Bá - sicas” – que cobre a fundação teórica da Medicina chinesa e métodos de diagnós - tico – e o “Lingshu”, que fala em detalhes sobre Acupuntura. Acredita-se que tenha sido publicado em algum momento entre o século II a.C e II d.C, durante a dinastia Han. A autoria é desconhecida.
7. DE VARIOLIS ET MORBILIS
Ao fim século IX, o médico persa Al-Razi – também conhecido como Rhazes – publicou “Variolis et Morbilis”, livro em que descreve sistematicamente as diferenças entre varíola e sarampo, inclusive com as características clínicas de cada uma. O seu trabalho influenciou toda a educa - ção médica no Oeste Latino – região que compreende o norte da África, a Europa Central, a Itália, e os locais onde estão hoje Portugal e Espanha.
8. ESCOLA DE SALERNO
Fundada no século IX, seguindo como a mais importante fonte de conhecimento médico na Europa nos séculos X e XI. Estavam em sua biblioteca tratados gregos e árabes, bem como textos dos supracitados Hipócrates e Pedânio Dioscórides. Por estar localizada em uma cidade portuária, recebeu influências árabes e bizantinas, que foram incorporadas aos estudos da época. Com menor esplendor, durou até 1861.
9. MONDINO DE LUZZI
Médico, anatomista e professor de Cirurgia, Mondino de Luzzi reintroduziu a prática de dissecação de cadáveres humanos. A partir de suas observações, publicou em 1316 o seu principal trabalho: “Anathomia corporis humani”, considerado o primeiro exemplo de texto moderno sobre dissecção manual.
10. ANDREAS VESALIUS
O médico nascido em Bruxelas (atual território belga) foi mais um contribuinte da Anatomia. A sua obra fundacional foi “De Humani Corporis Fabrica Libri Septem”, publicada em 1543. O livro traz um exame cuidadoso dos órgãos e a estrutura com - pleta do corpo humano, acompanhados de ilustrações. Além disso, antes de se tornar professor na Itália, empreendeu campanha de cura dos leprosos, acompanhado de Inácio de Loyola e do Papa Paulo IV
Finalizando a série de 90 fatos que marcaram a história de Medicina, a Revista da APM traz informações da última década
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