A REVISTA DA APM dá continuidade à série sobre fatos marcantes da história da Medicina. Esta sétima edição traz fatos mundiais e técnicas inéditas desenvolvidas no início da década de 1990 por médicos, que revolucionaram procedimentos e tratamentos trazendo melhor qualidade de vida a muitos pacientes. Transplantes, isolamento do vírus EV-71 e projeto genoma são alguns dos destaques.
1. MORTE DO PRIMEIRO PACIENTE COM AIDS
Gaëtan Dugas foi um comissário de bordo canadense. Ele é considerado o possível “paciente zero” da Aids. Dugas alegava ter mais de 2.500 parceiros sexuais e, de acordo com alguns epidemiologistas, teria sido o responsável por levar o vírus para fora da África, à América do Norte. O paciente morreu em Quebec, no Canadá, em 1984, por conta de uma insuficiência renal relacionada à Aids.
2. TRANSPLANTE DE FÍGADO
O médico paulista Silvano Raia realizou, no ano de 1985, o primeiro transplante de fígado do Brasil e da América Latina. Em 1988, o profissional novamente foi revolucionário e realizou o primeiro transplante de fígado no mundo entre pacientes vivos. O procedimento é um grande sucesso e já foi responsável por salvar pelo menos 50 mil pessoas em todo o planeta.
3. TRANSPLANTE CONJUNTO DE CORAÇÃO E PULMÃO
O cirurgião cardíaco José Pedro da Silva comandou, pela primeira vez no Brasil, o primeiro transplante conjunto de coração e pulmão, simultaneamente. A cirurgia durou cerca de cinco horas e a equipe diminuiu a temperatura do paciente para reduzir o metabolismo e a circulação sanguínea com o intuito de evitar infecções pulmonares.
4. BANCO DE SÊMEN
No ano de 1988, o Hospital Israelita Albert Einstein implementou o primeiro banco de sêmen do Brasil. Coordenado por Vera Beatriz Fehér Brand, o local congelava sêmen de pacientes que passariam por procedimentos, cirurgias ou tratamentos que indicavam risco à fertilidade desses homens.
5. O VÍRUS EV-71
O Laboratório de Enteroviroses e recursos da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), no ano de 1989, foi o primeiro a identificar a presença do Enterovírus 71 no Brasil, tipo severamente contagioso que se instala normalmente no sistema digestivo e pode provocar estomatites. Além disso, a instituição realizou, no Peru, em 1991, o isolamento e a caracterização do último poliovírus selvagem da Região das Américas.
6. CORAÇÃO ARTIFICIAL
Em fevereiro de 1993, o mecânico Dorvílio Alves Madeira, na época com 30 anos e em fase terminal da doença de Chagas, foi o primeiro paciente da América Latina a receber um ventrículo artificial para se manter vivo. A operação foi realizada pela equipe de Transplantes da Divisão Cirúrgica do Incor e fez com que ele pudesse aguardar, apoiado pelo aparelho durante cinco dias, a disponibilidade do coração de um doador. Hoje, ele tem vida normal, trabalha e mora em São José do Rio Preto, em São Paulo.
7. TRANSPLANTE DE CÓRNEA
Em 1990, depois de muitos estudos, o oftalmologista Paulo Galvão desenvolveu a técnica inédita que permite que uma mesma córnea, dividida em duas, beneficie dois pacientes distintos que precisem de transplante.
8. PROJETO GENOMA
As primeiras discussões sobre o Projeto Genoma Humano ocorreram na década de 1980, mas ele só foi iniciado formalmente em 1990 e projetado para durar 15 anos. A iniciativa foi liderada por James Watson, na época chefe dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), com a participação de cientistas de 18 países. O objetivo principal do projeto foi gerar sequência de DNA de boa qualidade para cerca de três pares de bases e identificar todos os genes humanos.
9. HIPOTERMIA PROFUNDA
Em 1991, o cirurgião Onio Búffolo e sua equipe realizaram a técnica de hipotermia profunda, pela primeira vez no mundo, em uma gestante. A temperatura de seu corpo foi reduzida a 16º C, e tanto ela quanto o feto sobreviveram sem nenhuma sequela. A hipotermia tornou-se o primeiro tratamento eficaz em reduzir o dano neurológico isquêmico em pacientes pós-parada cardior respiratória, sendo que para qualquer temperatura inferior a 28º C a técnica é considerada profunda.
10. BANCO DE MEDULA ÓSSEA
A Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo inaugurou, em 14 de dezembro de 1992, o primeiro banco de medula óssea da América Latina. Inicialmente, ele abasteceria os três centros de transplante de medula existentes no Brasil, no Rio de Janeiro, em Curitiba e em São Paulo. Está entre os cincos maiores bancos de sangue da América Latina, sendo centro de referência da Organização Pan-americana de Saúde e da Organização Mundial da Saúde.
Finalizando a série de 90 fatos que marcaram a história de Medicina, a Revista da APM traz informações da última década
Dedicado à Neurologia do esporte, o módulo foi coordenado por Acary Bulle de Oliveira. Na primeira aula, Ricardo Arida abordou o tema “Esportes e cérebro humano: uma perspectiva evolutiva”.
Carlo Domenico Marrone foi o coordenador do debate sobre Neurofisiologia, que teve início com Wilson Marques Junior falando sobre “Como a Eletroneuromiografia pode auxiliar na Diferenciação entre Neuropatias Hereditárias e Neuropatias Adquiridas”.
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