Dando sequência à série da Revista da APM que aborda a maneira como a tecnologia se relaciona com as especialidades médicas, falamos de Pediatria, uma área sui generis da Medicina. A responsabilidade e a complexidade de lidar com crianças e adolescentes - seres humanos em crescimento e desenvolvimento - a torna distinta das demais. Não à toa, muito antes de existir debates sobre Telemedicina, os pediatras já atendiam aquele telefonema tardio de pais e mães aflitos com a saúde de seus filhos.
Clóvis Constantino, 1º vice-presidente da Soceidade Brasileira de Pediatria (SBP), diz que a sua especialidade demanda um contato próximo, não apenas com o paciente, mas também com pais e responsáveis. Eventualmente, como explica, a comunicação também tem de ser feita com professores e outros educadores. Portanto, é uma especialidade com particularidades que não podem ser deixadas de lado.
"A tecnologia é sempre bem-vinda, complementa, auxilia, diminui espaço físico entre as pessoas e evita deslocamento desnecessário. Mas não substitui a assistência presencial. Apenas traz indormações adicionais e qualificadas entre as pessoas envolvidas. E é extremamente importante na comunicação entre médicos, pediatras e outros especialistas que se troquem informações a respeito de uma determinada situação de maior complexidade", afirma Constantino, que também é diretor de Previdência e Mutualismo da Associação Paulista de Medicina (APM).
O tesoureiro da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Mário Roberto Hirschheimer, também faz leitura parecida ao afirmar que a especialidade exige um profissional com conhecimento de evolução biológia e psicológica do ser humano desde o nascimento até a idade adulta. Esse e outros elementos tornam a Pediatria uma atividade de alta complexidade, ainda que não sejam utilizadas muitas tecnologias de custo elevado, defende o especialista.
Nesta área, Hirschheimer acredita que não cabe o que chama de "Dr. Robô", em detrimento do "Dr.Ser Humano". E explica: "Com a inclusão da família, a relação médico-paciente adquire peculiaridades na Pediatria, na qual a afetividade e a empatia sçao determinantes para o sucesso. No relacionamento do especialista com o paciente e sua família, se uma dessas partes não fica satisfeita, o desequilíbrio resultante repercute no resultado".
POTENCIALIDADES
Clóvis Constantino, que também é bioeticista, conta que na SBP, a discussão sobre a absorção e a inclusão de novas tecnologias na rotina dos médicos é constante. "Esse é um debate em curso e em constante aprimoramento, e vamos atingindo consensos e conclusões claras. Já enviamos contribuições - no que diz respeito à Pediatria - ao Conselho Federal de Medicina, para serem incluídas na regulamentação em curso".
Hirschheimer acrescenta que o acompanhamento médico remoto, mediado por tecnologia, sempre fez parte da atividade do pediatra que atende em consultório privado - antes por telefone e hoje por meio de aplicativos de mensagens e imagens. Também é comum, segundo o especialista, os pediatras realizarem teleinterconsultas - ou seja, a troca de informações e opiniões entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico.
Por outro lado, ele, que também é membro do departamento científico de Bioética da SPSP, entende que a teleconsulta ainda não pode ser considerada uma consulta médica. Mesmo que a distância já seja possível aferir dados vitais por aplicativos, por exemplo, a comunicação é complexa e ocorre nos níveis verbal, paraverbal, e não-verbal. "Não há tecnologia capaz de substituir tal interatividade", conclui.
Matéria publicada na edição 712 da Revista da APM - Julho/Agosto 2019.
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