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14/07/2021 - Adesão à vacina vai a 94

A adesão às vacinas contra a Covid-19 continua a crescer no Brasil e atinge nível recorde, chegando a 94% da população, mostra pesquisa Datafolha. Entre os entrevistados, 56% declaram já ter tomado o imunizante, e 38%, que pretendem fazê-lo.

Apesar dos ataques do presidente Jair Bolsonaro à imunização contra a Covid-19, a adesão às vacinas contra a doença continua a crescer no Brasil e atinge nível recorde, chegando a 94% da população, mostra pesquisa Datafolha.

O levantamento ouviu de forma presencial 2.074 pessoas de 16 anos ou mais em 146 cidades do país nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Entre os entrevistados, 56% dizem já ter se vacinado, e 38%, que pretendem fazê-lo. Apenas 5% afirmam que não foram nem pretendem ser imunizados e 1% responde que não sabe.

Quase 1 a cada 5 entrevistados (19%) declara já ter tomado duas doses (17%) ou dose única (2%), e 37% ainda aguardam a data para completar a imunização.

Com a oferta de quatro imunizantes diferentes no país, autoridades de saúde têm pedido que a população tome o que tiver posto, para ampliar a cobertura o mais rápido possível. O Datafolha mostra que 1% dos brasileiros não foi imunizado ainda porque não tinha a vacina que queria. A maioria (33%) dos que pretendem se vacinar, mas não o fizeram, aguarda a sua data.

A proteção completa é essencial para a defesa do organismo contra o coronavírus. No Brasil, apenas a vacina da Janssen funciona em dose única. Sua eficácia global, calculada a partir de um ensaio clínico de fase 3 conduzido simultaneamente em oito países, incluindo o Brasil, foi de 66% —uma taxa considerada excelente para uma vacina de apenas uma dose. A vacina oferece ainda uma proteção de 82% contra casos graves 14 dias após a aplicação e de até 88% com 28 dias ou mais.

Os demais imunizantes disponíveis no país (Coronavac, AstraZeneca e Pfizer)demandam duas doses para produzir efeitos mais significativos.

Estudo publicado na revista científica Nature revelou que pessoas que receberam uma única dose das vacinas da Pfizer ou da AstraZeneca produziram anticorpos que quase não tiveram efeito sobre a variante delta, detectada pela primeira vez na Índia e que já foi identificada no Brasil. Para os que receberam a segunda dose, a taxa de eficácia contra a delta é estimada como superior a 60% em ambos os casos.

Além disso, estudos têm mostrado que, para beneficiar a população como um todo, a vacina precisa ser aplicada em um percentual elevado das pessoas. Experimento em Serrana (SP), por exemplo, apontou queda significativa no número de novos casos sintomáticos de Covid e de hospitalizações quando 75% da população elegível foi imunizada com duas doses da Coronavac.

A proteção de uma parcela expressiva da população também é fundamental para conter o surgimento de novas variantes do coronavírus. Como nenhuma vacina tem 100% de eficácia contra o contágio, quanto mais vírus circulando, maior é a chance de surgir uma mutação que escape aos imunizantes disponíveis.

Por enquanto, as vacinas estão vencendo a corrida contra o aparecimento de novas variantes do vírus, ainda que o grau de proteção em alguns casos seja menor do que o esperado anteriormente.

Por esses motivos, governos de diversas nações têm feito campanhas reiteradas para estimulara imunização completa. No Brasil, comBol sonar o atuando na contramão da tendência global, a adesão às vacinas atingiu o ponto mais baixo em dezembro do ano passado, quando o país registrava 180 mil mortes pela doença —hoje já são mais de 534 mil.

Naquele momento, quando as primeiras doses já eram aplicadas no Reino Unido, 23% dos entrevistados pelo Datafolha diziam não ter intenção de se imunizar, e metade afirmava que não tomaria vacina da China, país de origem da Sinovac, empresa parceira do Instituto Butantan na produção da Coronavac.

Desde janeiro, porém, a aceitação das vacinas só cresce, a despeito das falas de Bolsonaro, que já deu uma série de declarações que colocam em dúvida a eficácia e a segurança dos imunizantes, contrariando as evidências científicas.

Diante do aumento de mortes por coronavírus e da reabilitação do ex-presidente Lula como provável adversário eleitoral em 2022, ele chegou a ensaiar um discurso pró-vacinas, que não se sustentou.

No mês passado, por exemplo, difundiu desinformação ao afirmar que elas estão em estágio experimental, o que não é verdade. No último dia 1º, errou ao dizer que a Coronavac “não deu certo”, citando como exemplo equivocado o Chile.

Não à toa, o Datafolha mostra que a proporção dos que não se vacinaram nem pretendem fazê-loé maior, ainda que significativamente minoritária, entre os que dizem sempre confiar no presidente (11%), entre os que avaliam seu governo como bom ou ótimo (9%) e entre os que pretendem votar nele em 2022 (9%).

As ações do governo Bolsonaro na pandemia são investigadas em CPI no Senado. A comissão apura denúncia de pedido de propina para aquisição do imunizante da AstraZeneca, morosidade nas negociações com a Pfizer e suspeita de pressão para compra da Covaxin.

Fonte: Folha de S.Paulo