O QUE DIZ A MIDIA

07/04/2021 - 1 em cada 3 que contraíram Covid teve doença mental

Uma em cada três pessoas que tiveram Covid-19 recebeu um diagnóstico de doença mental ou neurológica em um período de seis meses após a infecção, aponta o maior estudo do tipo já feito, publicado nesta terça (6) na revista científica inglesa The Lancet Psychiatry.

Desde o início da pandemia de Covid-19 já havia a preocupação quanto a um risco maior de doenças neurológicas, por causa dos relatos iniciais dos sobreviventes. Um estudo observacional apontou um risco maior de transtornos de humor e ansiedade nos primeiros três meses após a infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2, mas ainda não havia um trabalho de larga escala olhando para um período maior de tempo.

Os autores analisaram os dados de 236.379 pacientes, a maioria dos EUA. O estudo incluiu pacientes maiores de dez anos de idade que foram infectados com o coronavírus depois de 20 de janeiro de 2020 e estavam vivos em 13 de dezembro de 2020. O grupo foi comparado com outro de 105 mil pacientes que tiveram gripe e um de 236 mil pessoas que tiveram qualquer doença de trato respiratório (incluindo gripe).

Segundo eles, ansiedade (17%), transtornos de humor (14%), abuso de substâncias (7%) e insônia (5%) foram os diagnósticos mais comuns que os sobreviventes da Covid-19 receberam.

Doenças neurológicas foram mais raras mas não incomuns entre afetados gravemente pelo coronavírus. Elas incluem hemorragia cerebral (0,6%), AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico (2,1%) e demência (0,7%).

Essas doenças foram mais comuns em pacientes com Covid-19 do que entre os que tiveram gripe ou outras doenças do trato respiratório no mesmo período analisado, o que sugere um impacto específico do coronavírus.

Os riscos também foram maiores em pacientes que tiveram um quadro grave de Covid-19 —mas não se limitaram a eles. Doenças neurológicas ou psiquiátricas foram diagnosticadas, em geral, em 34% dos sobreviventes, mas em 38% dos que receberam atendimento hospitalar, em 46% daqueles que ficaram internados em UTI e em 62% dos que tiveram “delirium” (encefalopatia) durante o período da infecção.

Fonte: Folha de S.Paulo