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28/11/2017 - APM, 87 anos em defesa da classe médica
Desde 1930, a Associação Paulista de Medicina representa e defende os interesses dos médicos do estado de São Paulo e luta por uma saúde de qualidade para toda a população
Em 29 de novembro de 1930, um grupo de 140 médicos reuniu-se no Anfiteatro da Faculdade de Medicina de São Paulo e assinou a ata de criação da Associação Paulista de Medicina. O primeiro presidente da entidade, Rubião Meira, (1930 a 1932 e 1937 a 1942), creditou o surgimento da APM como fruto do “espírito de um punhado de idealistas”.
Desde então até os dias de hoje, a APM honra e defende uma gama de compromissos com os profissionais de medicina e com a qualificação da saúde, como promover o aperfeiçoamento da cultura médica, atuar pela união e defesa da classe, além de trabalhar pela solução dos problemas da Medicina Social. Também são mantidos princípios de que os cargos de diretoria não devem ser remunerados e a ausência de vínculos com partidos políticos, igreja, governos e empresas, o que possibilita um diálogo franco, plural e transparente com todos os setores da sociedade.
Quando do nascimento da APM, a cidade de São Paulo crescia rapidamente, e já apresentava inúmeros problemas de ordem social e especialmente na área de Saúde, com poucos leitos hospitalares, reduzido número de unidades ambulatoriais e ameaças de doenças crônicas infectocontagiosas, como a tuberculose. À época, foi criado o Ministério da Saúde e implementados programas públicos de vacinação, saneamento, puericultura, acompanhamento pré-natal etc.
Do ponto de vista político, o momento era turbulento, pois dias antes da fundação da APM, Getúlio Vargas assumira o Governo, depondo o presidente Washington Luís e impedindo a posse do presidente eleito Júlio Prestes. De início, o novo Governo foi bem recebido por importantes setores da sociedade; porém, a perda da autonomia dos estados, a nomeação de interventores e o desrespeito à Constituição desagradaram os paulistas. O adiamento da convocação de eleições gerais e de uma nova Constituição foi o estopim que gerou a Revolução Constitucionalista de 1932.
Muitos médicos engajaram-se nesta luta, alguns atuando diretamente nos fronts, outros na retaguarda, cuidando de feridos do campo de batalha, demonstrando fidelidade e compromisso profissional. Jairo Ramos, por exemplo, que foi presidente da APM em duas ocasiões (1945 a 1952 e 1955 a 1956), dirigiu um hospital de campanha na cidade de Cruzeiro; Darcy Villela Itiberê (presidente da APM de 1957 a 1958) foi combatente na região de Barretos.
Crescimento vertiginoso
A primeira sede da APM ficava no 13º andar do imponente Edifício Martinelli, no centro de São Paulo, que era o mais importante prédio da cidade na época. Ali permaneceu até 1944, quando se mudou para o número 393 da Avenida Brigadeiro Luís Antônio. Sete anos depois, estabeleceu-se em sua sede atual, no número 278 da mesma avenida.
O crescimento da Associação foi rápido. Em dois anos, já contava com quase mil associados, em um prenúncio de sua força e importância na representação dos médicos de São Paulo. Em 1948, torna-se oficialmente estadual, podendo ter Regionais – 35 já na década de 1950, 56 no fim da década de 1970 e 88 hoje em dia.
A APM sempre atuou em sinergia e harmonia com as demais entidades médicas de nosso estado, como o Sindicato dos Médicos de São Paulo (fundado em 1929), a Academia de Medicina de São Paulo (sucessora a partir de 1954 da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, fundada em 1895) e o Conselho Regional de Medicina do Estado, fundado em 1957.
Em 1951, durante o III Congresso da Associação Paulista de Medicina, foi fundada a Associação Médica Brasileira, buscando com isso se constituir uma entidade que congregasse todas as Associações Médicas Estaduais. A AMB, durante algum tempo, ocupou um andar da sede da APM. O associativismo médico no Brasil também foi progressivamente incorporando as diversas Sociedades de Especialidades em suas atividades e lutas.
Defesa da profissão
Ao longo de sua existência, a APM se adaptou às profundas mudanças da sociedade, que inclusive modificaram o modelo de exercício profissional da Medicina. O médico perdeu parcialmente a condição de liberal e passou a prestar serviço, no início ao Estado e posteriormente aos planos de saúde, que atualmente representam, em conjunto, a principal fonte de trabalho e de renda.
Nesse cenário, a APM moldou-se às necessidades dos médicos e da sociedade para resguardar os seus direitos. Atender às demandas dos profissionais de medicina e ao mesmo tempo lutar por um sistema de Saúde que garanta atendimento de qualidade à população consiste no grande desafio da atual diretoria da APM. Hoje, ao completar 87 anos, a Associação conta com uma sólida estrutura de defesa do médico, considerando a crescente complexidade do nosso sistema de Saúde e as diferentes situações que envolvem o trabalho do médico.