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23/10/2018 - APM anuncia ações em defesa da qualidade do ar

Nesta quarta-feira, 24 de outubro, data em que se celebra os 73 anos de existência da Organização das Nações Unidas, a Associação Paulista de Medicina (APM) e o Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS) realizaram uma entrevista coletiva à imprensa para chamar a atenção sobre os agravos à Saúde e as mortes provocados pela emissão de poluentes no ar.

De acordo com o presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral, é fundamental que haja mobilização social para que se estabeleçam metas adequadas a serem cumpridas em prol da melhoria da qualidade do ar nas cidades brasileiras. “Com esse cumprimento, teremos condições de salvar um número significativo de vidas.”

Nesse sentido, Amaral reitera que discutir sobre promoção, proteção e recuperação da saúde inclui fiscalizar a redução das emissões de poluentes na atmosfera. “A nossa missão não está apenas limitada ao diagnóstico e ao tratamento de doenças, mas de gerenciarmos todo o ciclo de atenção à saúde. Em todas as ações, o bem-estar social tem de ser uma preocupação constante.”

“Fico muito feliz que a Associação Paulista de Medicina seja a primeira entidade médica a abraçar a causa da redução da poluição do ar como elemento de saúde. Isso é uma mudança extremamente importante, visto que essa discussão estava mais ou menos restrita ao ambiente do urbanismo, à tecnologia veicular e à área ambiental”, destacou o diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Paulo Saldiva.

Ao historicizar sobre os efeitos da poluição do ar, Saldiva informa que as primeiras discussões na FMUSP consideraram naquele momento um problema não existente. No entanto, mesmo com o refinamento dos métodos de análise da ciência a respeito dos aspectos maléficos de gases tóxicos na atmosfera, o Brasil não faz um controle adequado para diminuir a poluição.

“Por exemplo, o caso da febre amarela. Com o surto recente, a doença matou neste ano 176 pessoas. Números estimam que a poluição do ar, até o final de 2018, será responsável por 4 mil mortes”, compara.

Ações conjuntas
Entre as iniciativas conjuntas da APM e do ISS contra os atrasos das políticas antipoluição no Brasil estão um manifesto pela atualização imediata dos Padrões Nacionais de Qualidade do Ar e do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) e uma exposição fotográfica entre os dias 24 de outubro e 9 de novembro, gratuita e aberta ao público, na sede da APM.

O documento propõe duas questões centrais: a atualização dos padrões nacionais de qualidade do ar (revisão da Resolução Conama 03/1990, que será votada em breve) e a atualização do Proconve (revisão da Resolução 18/1986, em discussão na Câmara Técnica). Será encaminhado aos principais órgãos de Meio Ambiente, Saúde e Transporte, federais, estaduais e municipais.

“O Manifesto da Classe Médica é quase um apelo aos gestores ambientais para que façam mudanças significativas em relação à diminuição da emissão de poluentes, revisitando conceitos e valores no sentido de proporcionar de fato proteção à saúde da população”, informa a diretora de Responsabilidade Social da APM, Evangelina de Araujo Vormittag, também diretora do ISS.

E de acordo com pesquisa recente do Instituto Saúde e Sustentabilidade, caso a emissão de partículas poluentes seja mantida na Região Metropolitana de São Paulo, até 2025 estima-se 51.367 óbitos – equivalentes a 6.421 mortes anuais ou 18 mortes por dia, a um custo em perda de produtividade de R$ 22,3 bilhões.

“Hoje, a poluição do ar é a quarta principal causa de adoecimento e mortes no mundo, já tendo ultrapassado itens como água insalubre e doenças causadas por vetores. É uma questão muito séria de saúde pública, sendo inclusive mais letal que os acidentes no trânsito”, complementa Evangelina.

Ainda de acordo com ela, estudos apontam que, de 1990 a 2013, o Brasil e regiões da América do Sul tiveram os maiores aumentos da contaminação do ar. E a Organização Mundial da Saúde alerta que anualmente ocorrem 8 milhões de mortes no mundo por conta da poluição. “Acima desse fator estão apenas a má dieta, a pressão arterial alta e o tabagismo, mostrando o quanto se tornou importante inclusive para o adoecimento e mortalidade por doença cardiovascular.”

Também foi lançada à imprensa a Campanha Medicina e Sociedade, que compreende uma série de vídeos com orientações de especialistas renomados, entre médicos clínicos, pediatras, cardiologistas e pneumologistas que lidam no dia a dia com seus pacientes e testemunham os efeitos da poluição do ar.

Fotos: Osmar Bustos

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