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10/12/2021 - APM continua monitorando propostas de exames para egressos das escolas médicas

Além das constantes tentativas de impor um “Revalida light” ou mesmo as preocupações em relação ao atual modelo de educação médica brasileira, a Associação Paulista de Medicina tem acompanhado com atenção as discussões públicas e os projetos que propõem avaliações para os egressos das escolas médicas brasileiras.

Essa é uma discussão que não vem de hoje. Desde 2007, circula na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 650, proposto pelo deputado federal Ribamar Alves, que pretende estabelecer a realização de um exame de admissão para o exercício profissional da Medicina.

Entre idas e vindas, foram apensados outros seis projetos sobre o tema a este PL, que em 2021 foi mais uma vez enviado à Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, onde aguarda designação de relator.

Entre os apensados ao PL 650 está o PL 4.667/2020, de autoria do deputado federal Eduardo Costa, que pretende tornar a aprovação em um exame nacional de suficiência em Medicina requisito obrigatório para o exercício profissional dos médicos brasileiros.

Em entrevista à Revista da APM, o parlamentar afirmou que a ideia surgiu durante a defesa do Revalida. Ao visitar faculdades em regiões fronteiriças, ele pensou na qualidade das instituições brasileiras e percebeu que deveria também levantar essa discussão por aqui.

Abertura indiscriminada de escolas

Segundo Costa, durante os governos petistas, houve um aumento muito grande do número de escolas médicas no Brasil. Hoje, são mais de 350 delas, com expectativa de que, ao fim da década, 35 mil médicos se formem anualmente.

“São muito profissionais. Médicos que, muitas vezes, não foram preparados para atuar no mercado, sem a qualificação técnica mínima. Muitas das faculdades não têm, inclusive, hospitais associados ou convênios. Das mais de três centenas de escolas, cerca de 70 possuem convênios. Isso acende uma luz vermelha no que diz respeito ao tipo de médico que está sendo preparado por essas instituições”, declarou o parlamentar na ocasião.

O interesse da APM pelo tema foi expresso, por exemplo, em webinar sobre o assunto. Na oportunidade, José Luiz Gomes do Amaral, presidente da Associação, definiu como “tragédia” deixar que médicos com formação inadequada atendam pacientes por décadas. Durante o encontro, ele afirmou que há pelo menos 25 anos participa de discussões sobre exames de suficiência.

Nesses debates, entretanto, disse que muitas vezes os envolvidos não levam o interesse da população em consideração. “Me perguntam: o que fazer com o aluno que não passou? Faz

outra coisa. Ele não está qualificado para a Medicina. Isso será bom para o paciente e para ele, para viver em paz consigo próprio, que poderá exercer outra atividade em que será mais bem sucedido. Não consigo entender que esse exame possa prejudicar alunos. O médico não atende uma pessoa, atende 15 ou 20 por dia. Por semana, isso é como dirigir um Boeing. Se um avião cai, é uma catástrofe. Temos essa catástrofe praticada em silêncio no País inteiro”, declarou o presidente da APM no webinar.