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11/12/2020 - APM discute manifestações extraintestinais nas DIIs
Na última quarta-feira (9), o Departamento de Gastroenterologia da Associação Paulista de Medicina promoveu, em encontro virtual, discussão sobre as complicações extraintestinais nas doenças inflamatórias intestinais (DIIs). O encontro foi coordenado por Rosângela Porto, coordenadora do Departamento de Gastroenterologia da APM.
“Esse é um tema super interessante, pois as manifestações podem anteceder um quadro inflamatório intestinal, bem como cursar em conjunto com as DIIs. Você também pode ter um paciente em fase de remissão completa da doença que apresente manifestações extraintestinais”, introduziu Rosângela, que é mestre em Gastroenterologia e doutora em Medicina pela Unifesp.
A primeira palestrante foi Patrícia Almeida Sousa, que também faz parte do Departamento da APM, como 1ª secretária. Ela focou o seu tempo nas manifestações hepatobiliares nas DIIs, que definiu como doenças sistêmicas.
“Elas acometem vários sistemas de nosso aparelho digestivo, mas também o hepatobiliar, a pele, os sistemas nervosos central (SNC) e periférico, o sistema reumatológico e muitos outros. Isso é que precisamos prestar atenção para o diagnóstico precoce. Sabemos também que há genes de suscetibilidade, como a região do complexo de histocompatibilidade principal, presente no cromossomo seis”, explicou a gastroenterologista e hepatologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Comprovando o caráter distinto das extramanifestações, na sequência, Paulo Porto de Melo, chefe do Serviço de Neurocirurgia do Hospital Militar de Área de São Paulo, falou sobre as complicações neurológicas advindas das DIIs, o que definiu como raridade.
“Do ponto de vista básico, a fisiopatologia é similar à do acometimento de outros órgãos e sistemas. A reação inflamatória tem papel preponderante no aparecimento dos sintomas neurológicos. A morbimortalidade acaba sendo maior, pois não existe área silenciosa no SNC”, argumentou o neurocirurgião.
Manifestações cutâneas e outras
Guilherme Muzy, médico voluntário do Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC e do Ambulatório de Psoríase da Santa Casa de São Paulo, manteve enfoque nas manifestações cutâneas, apresentando dados de pesquisas científicas na área.
“Antes do diagnóstico da DII, 25% das pessoas já cursam com manifestações cutâneas. Em 75% dos casos, terão manifestação cutânea após o diagnóstico. Quando você considera um segmento longitudinal de até 30 anos, pelo menos 50% dos pacientes tiveram alguma forma desta manifestação” detalhou o dermatologista.
Já Ricardo Golmia, médico clínico e reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein e do Centro de Imunidade do Hospital Beneficência Portuguesa, tratou de lesões distintas causadas no corpo por conta das DIIs, antes ou após.
“Os órgãos mais frequentes [com manifestações] costumam ser pele, olhos e articulações. Mas também devemos citar fígado e pulmão. É o caso de colangite esclerosante primária e doença intersticial pulmonar. É muito importante nesses casos ter o diagnóstico”, avaliou. Segundo o reumatologista, as manifestações de sua área costumam ser as espondiloartropatias, que são: espondilite anquilosante, artrite psoriásica e artrites esteropáticas.
Por fim, o especialista em Neuroftalmologia pela Universidade de São Paulo (USP) Luiz Guilherme Marchesi Mello começou a sua apresentação com algumas noções de anatomia ocular. Depois, afirmou: “A prevalência varia nos estudos. Até 13% dos pacientes de DIIs podem ter alterações oftalmológicas. Cerca de 2% a 6% dos pacientes apresentam casos de Doença de Chron ou retocolite ulcerativa”.
Mello, que também é médico voluntário no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e no Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo, ainda listou os principais fatores de risco para essas manifestações: sexo feminino; presença de colite e ileocolite; artrite e artralgia (nos casos de Doença de Chron); e tabagismo (nos casos de retocolite ulcerativa).