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06/05/2021 - APM Estadual se reúne com a 7ª Distrital

Em continuidade às reuniões com os médicos do interior, no dia 05 de maio, o diretor de Defesa Profissional Adjunto da APM Estadual Roberto Lotfi Júnior conduziu um encontro virtual com os representantes da 7ª Distrital da entidade para entender a realidade das Regionais no estado de São Paulo. A ideia é buscar um ponto comum de reivindicações e unificação da classe médica.

“A base da reunião é discutir a política de honorários médicos”, destaca Lotfi. Desde 2011, a APM Estadual lidera a Comissão Estadual de Negociações com as operadoras de planos de saúde, elencando pautas de reivindicações anuais da classe médica. O grupo conta com o apoio da Academia de Medicina de São Paulo e das sociedades de especialidades paulistas e nacionais com sede em São Paulo.

“O interior vive uma situação diferente da capital. Mesmo com o domínio forte das Unimeds, já estamos sofrendo com os convênios canibalescos, como a Hapvida, que oferece ao mercado convênios entre R$ 50 e R$ 80, tirando muitos pacientes daUnimed. Desde que assumimos a diretoria de Defesa Profissional, Marun David Cury [diretor de Defesa Profissional da APM] e eu resolvemos incluir as Regionais nessas discussões”, informa Lotfi.

O diretor de Defesa Profissional reitera que as Unimeds possuem uma exigência de qualificação alta na formação do quadro de seus profissionais, por isso, a necessidade de fortalecer e blindar a cooperativa de médicos ainda mais no interior. “Não adianta verticalizar a saúde, como a Hapvida faz, pagando R$ 100 o honorário para o médico dar conta de atender entre quatro e seis pacientes por hora. Precisamos de qualidade na assistência”, reforça.

Realidades
O presidente da Regional de São Manuel, Silas Otero Reis Salum, destaca que a Unimed de Botucatu é bem organizada e que recentemente inaugurou um hospital novo de excelente qualidade.

Afirma ainda que, por enquanto, a região mantém-se firme com a cooperativa de médicos. “Eu moro na cidade de São Manuel e trabalho em Botucatu e em Bauru. O Hapvida já bateu na porta de todos os colegas aqui das cidades, mas foram recebidos como deveriam, da porta para fora, porque se submeter ao que estão propondo é vergonhoso para a classe médica”, disse.

Segundo Silas, quando os médicos pediram o honorário semelhante ao que a Unimed paga, não responderam. “Depois, mandaram uma tabela com consultas em torno de R$ 30, ultrassonografia em torno de R$ 10 e R$ 15. No entanto, eles têm um poder financeiro muito grande e podem construir um hospital”, alerta.

Na cidade de Botucatu, as unidades hospitalares particulares pertencem à Unimed, apenas o Sorocabano não pertence à cooperativa e agora está arrendando para a prefeitura. “A nossa grande ameaça são os médicos mais novos que estão se submetendo a trabalhar nessas clínicas que abrem a cada dia pagando um preço fora do mercado. Por ser começo de carreira, eles se matam de trabalhar; em vez de atenderem um paciente, atendem 10 para receber o mesmo valor.”

Silas trouxe ainda o exemplo do convênio São Miguel que não tinha todas as áreas médicas, encaminhando os pacientes para as especialidades do serviço público. “Eu interrogo: como um plano de saúde pode funcionar sem prestar todos os serviços, conforme as determinações legais?”.

Em seguida, o presidente da Regional Botucatu Pedro Thadeu Galvão Vianna informou que mais de 2 milhões de vidas são atendidas hoje pelo Hospital das Clínicas, fazendo com que o SUS seja referência na região, além do fortalecimento da Unimed.  “Não existe nenhum conflito, aliás, nunca existiu, inclusive temos convênios que atendem dentro do hospital, neste caso, usando a estrutura do serviço público. Somos uma megaestrutura para uma cidade com quase 150 mil habitantes: Unimed de um lado e a universidade do outro.”

Já em Bauru, o presidente da Regional José Eduardo Marques teme a chegada de planos com oferta de qualidade assistencial inferior. “Esses planos, infelizmente, não estão nem um pouco preocupados com qualidade, e sim com o lucro que vão ter”, disse.

Ele disse que recebeu uma proposta de um representante da Hapvida para cuidar do grupo de oftalmologia em Araraquara, Presidente Prudente e Araçatuba, a um valor de R$ 500 mil, sem levantamento estimativo da quantidade de consultas e cirurgias da região. “Falou para mim assim: ‘não tenho estimativa, o senhor terá que se virar e dar atendimento a todas as demandas, desde óculos a transplante de córnea.’ Questionei: ‘Se de repente no meio de caminho eu gastar em apenas um mês R$ 600 mil?’ Respondeu: ‘Problema é do senhor, doutor.’ Eu: ‘E a justiça dos pacientes?’ Ele: ‘Além de bons médicos, temos bons advogados, então o senhor fique tranquilo que não estamos preocupados com isso e o senhor terá toda a defesa que precisar’”, destacou Marques, com seus 27 anos de trajetória na Unimed.

O conselheiro Fiscal da Regional Jaú Paulo Mattar reitera o bom trabalho médico da Confederação Nacional das Cooperativas Médicas, com remuneração digna, de acordo com a administração de cada Unimed.

“Tenho quase 50 anos de profissão, destes, 22 anos de Unimed. Hoje, precisamos discutir com esses convênios e ter levantamentos nas nossas Regionais. Precisamos de organização, não há outra saída. Para ingressar em uma cooperativa, o médico precisa desembolsar R$ 140 mil, tendo de quatro a cinco anos para pagar. E o médico jovem, como fica? Ele vai para esses convênios, por isso, precisamos incorporar a APM Estadual para a nossa defesa de negociações para melhor remuneração de consultas e procedimentos médicos.”

No entanto, para o Presidente da Regional Jaú Édion Fagnani Junior o financiamento em cinco anos para entrar na Unimed é possível sim, com a qualificação de especialista.

Para fechar a reunião, o diretor/presidente da 7ª Distrital Marcos Cabello dos Santos acredita que o momento agora é de união entre as Regionais, com orientações e pesquisas, inclusive com médicos que hoje não fazem parte do associativismo. “É uma forma de trazê-los para a APM, uma vez que a entidade se preocupa com a boa prática e os honorários de todos.” Reforçou ainda o compromisso de se reunir pelo menos uma vez por mês com as casas do médico para ouvir e compartilhar as demandas e as experiências.

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