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O Brasil registrou, no período de 2016 a 2021, a confirmação de 173 casos de raiva em cães domésticos e cachorros-do-mato, com maior frequência nos anos 2017 e 2018. E nos últimos dois anos, foi notificada a doença em humanos, transmitida por canídeos silvestres (Cerdocyonthous), no Nordeste. Os dados são de boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

Os casos em humanos foram registrados em Catolé do Rocha, na Paraíba, em 2020, e na área rural de Chapadinha, no Maranhão, em 2021. No estado da Paraíba, tratava-se de uma mulher de 68 anos, agredida por uma raposa no dia 9 de abril, na zona rural de Riacho de Cavalos. Aproximadamente 60 dias depois, em 10 de junho, deu entrada no Hospital Municipal de Catolé do Rocha já com sinais e sintomas de delírios, desorientação, espasmos musculares, disfagia, sialorreia e agitação excessiva. O quadro da paciente evoluiu para estado gravíssimo e, em seguida para óbito, em 13 de junho.

Em Chapadinha, os responsáveis por uma criança de dois anos, moradora do povoado de Santa Rita, zona rural, procuraram a UBS relatando a mordedura profunda por um gato doméstico em membro inferior do paciente, no dia 4 de agosto. No dia 20 de setembro, agora sendo atendida na Unidade de Pronto Atendimento, a criança já apresentava sinais de aerofobia e sintomas que incluíam agitação psicomotora, febre e agressividade. Em 3 de novembro, o caso também evoluiu para óbito.

Sobre a frequência de raiva confirmada em cães domésticos e cachorros-do-mato, nos últimos cinco anos, os estados mais acometidos proporcionalmente foram o Ceará, com 70 casos (40,7%), seguido da Bahia, com 48 (27,9%); Rio Grande do Norte, com 27 (15,7%); Pernambuco, com 18 (11,1%); Maranhão, com 8 (4,7%); e Piauí, com 2 (1,2%).

Histórico

De acordo com levantamento, a transmissão por canídeos silvestres não ocorria desde a década de 1990 no Brasil. O último caso ocorreu em Pernambuco, em 1993. Durante aquele período, 27% da raiva era transmitida por cachorros do mato (Cerdocyon thous), com maior ocorrência no Nordeste do Brasil, principalmente nos estados de Pernambuco e Ceará.

A raiva é uma zoonose transmitida pelo vírus rábico, através da saliva de animais infectados, relevante no âmbito da saúde pública, especialmente no que tange à sua característica mortal. No Brasil, cães e gatos são os principais transmissores. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, salivação excessiva, espasmos musculares, paralisia e confusão mental. Não há tratamento específico para a doença. Depois que os sinais e sintomas aparecem, é quase sempre fatal.

“Anualmente, a raiva causa a morte de 60 mil pessoas no mundo, e 99% dos casos são transmitidos por cão doméstico (Canis lupus familiaris) na Ásia e África. No Brasil, as medidas de prevenção e controle direcionadas para cães domésticos resultaram em significativa redução do número de casos registrados, tanto para cães como para os seres humanos”, informa o boletim epidemiológico.