REGIONAIS
02/10/2019 - Araras denuncia falta de pagamento a médicos da Santa Casa há mais de um ano
A Associação Paulista de Medicina – Araras, presidida por Julia Martins Bonilha Spirandeli, está divulgando uma carta em que denuncia à população da cidade a situação vivida pelos médicos que têm vínculo com a Santa Casa local e estão há mais de um ano sem receber. O conteúdo foi veiculado no principal jornal de Araras e nas redes sociais. Confira a íntegra a seguir.
Falta de pagamento se arrasta há mais de um ano
Historicamente, os médicos de Araras sempre trabalharam em prol da população. Ao longo de anos, os médicos se propuseram a trabalhar na Santa Casa, atendendo ao SUS – Sistema Único de Saúde, com sua remuneração muito abaixo dos valores de mercado, como forma de colaborar com seu papel na sociedade. Porém, como parte do conjunto, todo trabalho tem uma remuneração. Assim ocorre aos plantões presenciais ou a distância, às consultas e aos procedimentos cirúrgicos.
Porém, nos últimos anos, tornou-se política da Instituição Santa Casa de Araras, sistematicamente, o atraso dos pagamentos, pelos serviços médicos, como os salários por plantões in loco, pagamentos por plantões em disponibilidade e pagamentos por procedimentos realizados pelos convênios atendidos pela entidade, entre eles o convênio São Luiz. O dinheiro referente a esses honorários médicos foi sendo utilizado para cobrir outras necessidades da entidade. Ou seja, sistematicamente, uma parcela das contas do funcionamento da Santa Casa de Araras vinha sendo paga com dinheiro proveniente dos honorários médios. Atrasava-se o pagamento de início. Depois, simplesmente deixou-se de pagar.
Na sequência, os pagamentos do Convênio São Luiz Saúde deixaram de ser pagos, fato ocorrido por 3 meses consecutivos em 2018. Todos esses atrasos sem haver a paralisação no atendimento por parte dos médicos.
Houve a mudança no CNPJ e surgiu a Associação São Luiz, que é o novo nome do convênio da Santa Casa. Desde então, o pagamento começou a ocorrer sem data definitiva, dentro do mês de recebimento. Mas ficaram os 3 meses de trabalho médico do convênio São Luiz de 2018 sem pagamento até o momento.
Negociamos com a nova administração da Santa Casa de Araras e o acordo foi que honrariam desta data em diante os pagamentos mensais e quando saísse um empréstimo financeiro para a Santa Casa haveria a quitação dos pagamentos atrasados. Este fato deveria acontecer até dezembro de 2018, mas, infelizmente, não ocorreu, pois o empréstimo não foi concluído.
No final do ano, época de festas, plantões de Natal e Ano Novo, mais pagamentos de dias trabalhados não pagos. Muitos colegas foram se afastando dos plantões. Novas negociações ocorreram. Comunicamos a Secretaria Municipal de Saúde, o Ministério Público, e a própria Administração da Santa Casa.
Anunciamos uma paralisação, sem comprometer os atendimentos de urgência e emergência.
Houve um pedido de paciência, colaboração e mais tempo para que as medidas de saneamento de contas trouxessem o resultado esperado e o empréstimo pudesse sair. Nesse tempo, impostos foram pagos, que limitavam as condições de pleitear um novo empréstimo junto aos bancos, para a Santa Casa.
Os médicos concordaram em dar mais um voto de confiança. Continuaram trabalhando com salários atrasados e uma promessa de pagamento sem data definida. Infelizmente, em maio, por um desacordo entre a Santa Casa e a Prefeitura, mais 2 meses de atrasos salariais.
Após estabelecido o novo contrato para o atendimento entre a Prefeitura e a Santa Casa, nova promessa de os pagamentos serem efetuados. A APM foi à Prefeitura negociar os 2 meses atrasados. O Prefeito nos apoiou, mas, infelizmente, não foi cumprido o prazo de 40 dias para liberação desses atrasados. Neste mês, novos atrasos e nesta semana a notícia de que “imprevistos” fizeram com que a Santa Casa novamente ficasse sem o dinheiro proveniente de honorários médicos para efetuar o pagamento.
É lastimável. É inaceitável.
A saúde é um trabalho de várias categorias profissionais, inclusive o médico. Os médicos são empregados sem salário e sem benefícios trabalhistas na maioria dos vínculos. Sem contrato assinado... E os administradores agem como se os médicos fossem descartáveis... O trabalho médico é baseado no cuidar das pessoas, tornando a vida delas menos sofrida, curando doenças, salvando vidas, evitando mortes.
Os médicos querem ajudar a resolver a situação, estão abertos a discussões, mas todos têm contas a serem pagas e apenas um pedido de colaboração sem haver remuneração torna inviável a manutenção dos serviços médicos.
Os médicos estão abertos para negociação, mas julgam que a população de Araras merece o respeito e deve estar ciente da situação que a classe médica está enfrentando.
Foto: Grupo Opinião
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