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23/04/2017 - Área de Atuação | Cirurgia bariátrica
Área de Atuação | Cirurgia bariátrica
Conjunto de técnicas cirúrgicas destinadas ao tratamento da obesidade mórbida ou grave, a cirurgia bariátrica foi aplicada no Brasil pela primeira vez na década de 1970, pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, graças ao pioneirismo do médico Arthur Belarmino Garrido Júnior, que posteriormente se tornaria um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCB).
Mas, foi apenas na década de 1990 que a cirurgia bariátrica começou a se expandir, em paralelo ao aperfeiçoamento de suas técnicas e com o surgimento das primeiras unidades especializadas em tratamento cirúrgico de obesidade mórbida, compostas por equipes multidisciplinares, mobiliários para obesos e estrutura física adequada para o atendimento de pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 40.
Segundo Roberto Luiz Kaiser Júnior, presidente da SBCB, um dos fatores que impulsionou a utilização do procedimento, a partir dos anos 2000, foi o advento da videolaparoscopia. “Na primeira fase, a cirurgia era realizada pelo método convencional. A técnica foi sendo cada vez mais difundida com o surgimento de uma abordagem minimamente invasiva através da videolaparoscopia, por meio da qual puderam ser observadas vantagens importantes para os pacientes, como recuperação mais rápida e menor risco de complicações”, conta.
A rotina de um cirurgião bariátrico é dividida entre as atividades em consultório, quando o profissional faz avaliação, orientação e aconselhamento de pacientes obesos candidatos à cirurgia, a cirurgia em si, os serviços em hospital, que incluem visitas aos pacientes internados, e acompanhamento pós-operatório, para detectar possíveis efeitos colaterais ou complicações tardias.
Para Denis Pajecki, diretor do departamento de Cirurgia Bariátrica da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), o acesso do paciente à cirurgia é a maior dificuldade enfrentada no SUS. Ele explica que, embora o número de serviços credenciados tenha crescido, a capacidade de atendimento ainda é pequena, frente à grande demanda de pacientes.
“Por esta razão, o tempo de espera para cirurgia pode ser longo, com variações regionais. Outra dificuldade é a realização da cirurgia por vídeo no SUS, em decorrência do maior custo de material, embora recentemente tenha sido aprovada portaria que permite o procedimento. Em relação aos planos de saúde, o maior problema é a defasagem dos honorários médicos e da equipe multidisciplinar, como psicólogos e nutricionistas”, diz.
Avanços
No campo tecnológico, a área caminha para avanços, que não se restringem somente aos aspectos cirúrgicos do tratamento da obesidade. Os métodos endoscópicos – que trazem novas opções para o tratamento de pacientes não candidatos à cirurgia e proporcionam abordagens diferentes que combatem a recidiva do peso e auxiliam no tratamento do diabetes tipo II - fazem com que a área esteja em constante evolução.
“Assim como a robótica é um dos destaques da cirurgia bariátrica, os avanços no conhecimento da fisiopatologia da doença permitiram o desenvolvimento de novas drogas que servem como ferramentas de tratamento clínico para o paciente operado com alguma recidiva de peso. O cirurgião bariátrico moderno tem que dominar esses conhecimentos para prestar a melhor assistência e exercer não só a cirurgia, mas uma Medicina bariátrica”, esclarece Pajecki.
Para se tornar um cirurgião bariátrico, é necessário ter treinamento em cirurgia do aparelho digestivo ou cirurgia geral avançada, por meio de residência médica reconhecida. Programas voltados ao treinamento específico em cirurgia bariátrica ou residência especializada, assim como acompanhamento de um serviço de referência, combinado com a participação em cursos e congressos da área, são outros caminhos.
Em número de cirurgias realizadas por ano, o Brasil é o segundo país do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Com população de 200 milhões de habitantes, a taxa de obesidade é elevada e chega a quase 20% da população adulta. Nosso País também é pioneiro na inclusão desse tratamento no rol de procedimentos realizados pelos sistemas público e privado de saúde.
Matéria publicada na Revista da APM - edição 686 - março 2017