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28/05/2017 - Aspectos neurológicos e psiquiátricos da psicopatologia de Van Gogh
Também no último dia do Congresso, a sala 3 contou com um período inteiro dedicado à discussão dos aspectos neurológicos e psiquiátricos da psicopatologia do pintor holandês Vincent Willem van Gogh. A apresentação foi conduzida por Elza Márcia Yacubian e Gerardo Maria de Araújo Filho. Segundo os especialistas, o caso clínico do artista já foi discutido muitas vezes, com centenas de teses estabelecidas. Em 2016, inclusive, os melhores neurologistas do mundo se reuniram para tentar construir um diagnóstico.
Foi apresentada, na ocasião, um pouco da história de van Gogh. Nascido em Zundert (Holanda), teve em seu irmão Theodorus uma figura importantíssima de sua vida. Além disso, toda a sua família tinha peculiaridades, com outro irmão cometendo suicídio e uma irmã com esquizofrenia. Depois de viagens e tentativas em outros ofícios, o pintor estabeleceu-se na França, onde o absinto estava em alta. Inclusive, o período entre 17h e 19h foi apelidado de hora verde, por ser o momento de maior consumo da bebida.
“Essa é uma informação importante. O absinto é um destilado que contém anis, erva-doce, extrato de Artemísia e elevada concentração alcoólica, levando à inibição das correntes de cloro no receptor”, explicou Elza. Por isso, foi proibido na Europa do início do século XX. Os médicos da época entendiam que a bebida levava a população ao alcoolismo e causava problemas de saúde mental.
Para a especialista, o uso de absinto e conhaque parece ter tido papel crucial na condição de van Gogh. Ele passou a ser visto como sujo e encrenqueiro e seu comportamento passou a ser desagradável. Por um lado, seu irmão o via como genial, mas com outra personalidade quando consumia bebidas alcoólicas.
Félix Rey, médico do pintor, definiu o seu caso como uma espécie de epilepsia caracterizada por alucinações e episódios de agitação com confusões, com crises precipitadas pelo excesso alcóolico. É o que os estudos de Morel e Falret definiram como epilepsia “larvada” ou “mascarada”.