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16/05/2017 - Baixada Santista não tem residência médica em geriatria
Deficit agrava carência de especialistas, seria necessário aumentar em 2.390%
A Baixada Santista não dispõe de residência médica para a formação de especialistas em geriatria, o que dificulta ainda mais o aumento do número de profissionais na área. Conforme A Tribuna publicou nesta segunda-feira (15), a região tem apenas 11 geriatras, o que equivale a apenas 0,2% de todos os médicos atuantes (quatro mil).
Seria necessário aumentar em 2.390% – quase 25 vezes – o número de geriatras para atender a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), de um para cada mil pacientes (são 274 mil pessoas acima de 60 anos nas nove cidades). Porém, segundo o Ministério da Educação (MEC), não se prevê abrir residência em geriatria na região.
Em nota, o MEC afirma que, “até o momento, não há registro de solicitação no Sistema da Comissão Nacional de Residência Médica para abertura de programas de residência médica em Geriatria nos municípios da Baixada Santista”.
O ministério informa ainda que no Brasil há 49 programas de residência médica em geriatria, 14 deles no Estado de São Paulo.
O conselheiro responsável pela delegacia do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) na Baixada Santista, o médico anestesista Luiz Flávio Florenzano, afirma que a geriatria está despertando como uma especialidade promissora por causa do envelhecimento da população.
“A expectativa é que mais geriatras se formem, mas ainda há poucas vagas em residência e estão localizadas nos centros de referência, como USP, Unifesp e Santa Casa de São Paulo. Normalmente, são serviços do SUS (Sistema Único de Saúde)”.
Segundo Florenzano, qualquer médico “padrão ouro” precisa ter a residência após os seis anos de formação na faculdade.
“A residência é de responsabilidade do MEC, que decide quantas vagas, qual a demanda, a especialidade. O Cremesp tem cutucado muito o MEC. A Comissão Nacional de Residência Médica precisa enxergar isso (a falta de residência em geriatria) e oferecer vagas”, considera o médico.
Incentivo
A presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) em Santos, Sara Bittante da Silva Albino, crê faltar incentivo de universidades para que os alunos se interessem por geriatria. “A especialidade não é muito comentada, não é vista como glamourosa, como as especificidades cirúrgicas. Não é atrativa aos estudantes. Mas, sem saúde básica, não adianta só operar. O médico precisa se preparar, saber ouvir o paciente”.
Para ela, a questão financeira também conta, mas é preciso ver que a especialidade será cada vez mais necessária. “Os brasileiros estão vivendo mais, isso é um bom fator, sinal de que a vida melhorou, mas precisa infraestrutura para isso (cuidar dos idosos)”.
Sara acredita que pessoas a partir dos 50 anos já deveriam procurar o geriatra para prevenção de doenças. “Evitar as consequências e ter uma velhice saudável. Mas as escolas precisam chamar a atenção dos futuros médicos para esse lado da saúde, o cuidado com o idoso. Nada impede que o profissional tenha duas especialidades. Ele pode ser cardiologista e geriatra, por exemplo”.
Proporções
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 26 milhões de idosos, que representam 12,6% da população. O Estado de São Paulo, 6,1 milhões (14%), a Baixada Santista, 274 mil (15,3%), e Santos, cerca de 90 mil – cerca de 21% da população total. Ao todo, são 1.405 médicos geriatras no País; no Estado de São Paulo, 461; apenas 11 na região.
As residências em geriatria mais próximas estão na Capital
Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM)
Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe)
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Sistema Único de Saúde (SUS)
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Universidade de São Paulo (USP)
Fonte: A Tribuna.com.br