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18/12/2020 - Brasil tem maior número absoluto de pessoas convivendo com HTLV no mundo
Conforme Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, o HTLV é um problema de saúde pública negligenciado mundialmente e o Brasil provavelmente apresenta o maior número absoluto de pessoas convivendo com o vírus (PVHTLV) no mundo.
O HTLV é um retrovírus que infecta humanos, atingindo as células de defesa do organismo. Existem quatro subtipos, mas somente os tipos 1 e 2 circulam em território brasileiro até o momento.
Segundo estudos, cerca de 800 mil pessoas estão infectadas pelo HTLV-1 no Brasil, e observa-se que a infecção é mais prevalente em mulheres negras/pardas e aumenta com a idade, devido ao aumento da probabilidade de aquisição do HTLV ao longo do tempo.
A infecção pelos vírus pode ocasionar infecções assintomáticas em grande parte das pessoas, mas estima-se que entre 5% e 10% apresentarão manifestação clínica, como doenças neurológicas (mielopatia associada ao HTLV-1, HAM), hematológicas (leucemia/linfoma de células T do adulto, ATLL), pulmonares, oftalmológicas, dermatológicas, urológicas, intestinais e articulações, entre outros.
Conscientização
Apesar da infecção não estar na lista de doenças com notificação compulsória, a Bahia criou esta regra e, no período de 2012 a 2018, registrou 2.486 notificações de casos, média de mais de um caso notificado por dia.
Estudos de prevalência em bancos de sangue com resultados positivos confirmados foram publicados em 12 estados, variando entre 0,03% (Santa Catarina) a 0,48% (Bahia). As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores taxas, enquanto a Região Sul teve a menor.
Com o objetivo de promover e tornar visível a infecção por HTLV, em 2018, o dia 10 de novembro foi instituído como Dia Mundial de Conscientização do HTLV, pela Associação Internacional de Retrovirologia (IRVA).
Transmissão e tratamento
O predomínio da doença está associado principalmente à transmissão sanguínea e à exposição sexual sem proteção. Dentre a principais formas de transmissão do vírus estão a chamada “transmissão vertical”, que acontece quando a mãe infectada passa o vírus para o bebê na hora do parto ou no aleitamento; a relação sexual desprotegida; e o uso compartilhado de seringas, agulhas, alicates de unha e outros utensílios.
A maioria das pessoas portadoras do vírus não apresenta sinais ou sintomas, e a doença geralmente é descoberta por meio de exames de rotina. Mas, também pode ser identificada
por fraqueza, dormência, formigamento nos membros inferiores e perturbações urinárias, principalmente dificuldade para urinar.
Até o momento, não existe um tratamento específico, daí a importância da prevenção e do acompanhamento médico. Por isso, é fundamental o uso de preservativos e evitar o compartilhamento de materiais pessoais para prevenir o contágio. Além disso, a pessoa portadora do vírus HTLV não pode doar sangue ou órgãos e, caso a mulher seja portadora do vírus, a amamentação é contraindicada.
Grupos com maior vulnerabilidade
Segundo pesquisas, usuários de drogas endovenosas, profissionais do sexo, receptores de transfusão sanguínea antes de 1993 e parceiros sexuais de portadores de HTLV-1/2 estão mais propensos a contrair o vírus.
Outros indivíduos afetados são pertencentes a grupos populacionais indígenas, nos quais se observa forte agregação familiar e a taxa de prevalência pode atingir até 20% das crianças com menos de 9 anos.