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13/11/2020 - Butantã diz que está perto de anunciar testes da Coronavac com idosos, crianças e grávidas
Vacina produzida por laboratório chinês e o Butantã chegou a ter ensaios clínicos suspensos esta semana; cientistas não preveem mudança no cronograma.
Presidente do Instituto Butantã, Dimas Covas declarou nesta quinta-feira, 12, que a suspensão da pesquisa nesta semana, imposta pela Anvisa após um dos voluntários cometer suicídio, não deve prejudicar o cronograma da Coronavac. Segundo afirma, o estudo também está “muito próximo” de anunciar a fase de testes em idosos, crianças, gestantes e puérperas.
A vacina contra covid-19 é desenvolvida em parceria da instituição paulista com a farmacêutica chinesa Sinovac e considerada uma das mais promissoras pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em fase três de ensaios clínico,a mais avançada no desenvolvimento desse tipo de produto, o estudo acabou suspenso pela Anvisa na noite de segunda-feira, 9, e só autorizado a retomar na quarta, 11.
O motivo alegado pela agência era um “evento adverso grave”. O episódio, na verdade, se tratava de suicídio de um dos voluntários. A medida revoltou a gestão João Doria (PSDB), servindo para aumentar o atrito com o presidente Jair Bolsonaro, que comemorou a interrupção da pesquisa.
Nesta quinta, Covas tratou de esfriar a discussão, elogiou a “celeridade” da agência em avaliar o caso e disse que as partes precisam “estreitar a comunicação”. “Dois dias não vão interferir no andamento da vacinação. É importante que a Anvisa ateste a segurança da vacina e ela deu celeridade a esse processo. O estudo poderia estar paralisado até agora”, afirmou.
O presidente do Butantã relatou ter participado de uma reunião técnica, com mais de duas horas de duração, na noite de terça, para tratar do evento que motivou a suspensão. “O relacionamento, apesar desse episódio, foi mantido em bom nível”, disse. “Não houve nenhum estremecimento.”
“Entendemos que a Anvisa é uma agência de Estado, não de governo. Na sua constituição está previsto independência e contratação de técnicos com relativa estabilidade, portanto aptos a atuar pela população brasileira. E assim tem sido sempre”, afirmou Covas. “Se existe um ou dois pontos fora da curva, não quero acreditar que isso seja a norma.”
Ainda segundo o presidente do Butantã, o episódio também não teve impactos na inclusão de voluntários na pesquisa. “Os centros de análise não interromperam sua atividade e o acompanhamento continuou. Já tem lista de pessoas inscritas para ser vacinadas. Estamos cumprindo o cronograma”, disse.
A imunização começou por profissionais de saúde e, agora, a expectativa é que o instituto anuncie testes em grupos que podem ter resposta vacinal diferente da maior da população: idosos, crianças, gestantes e puérperas. “Essa sequência de estudos deve durar 12 meses”, afirmou Covas.
Para esta etapa, o Butantã precisaria de mais de 2 mil voluntários. “Esse estudo está muito próximo de iniciar e teremos necessidade de idosos, que não serão profissionais de saúde, mas pessoas acima de 60 anos”, disse. “A segurança da vacina foi atestada pela Anvisa, que fez a revisão e viu que o estudo deve prosseguir.”
Cobertura vacinal de poliomelite está em apenas 48%
Às vésperas do encerramento de campanhas de vacinação, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, informou nesta quinta-feira, 12, que a taxa de cobertura vacinal tem o pior resultado dos últimos anos no Estado de São Paulo. Para poliomielite, a adesão de crianças de 1 a 5 anos está em apenas 48%. Já a de multivacinação, entre zero e 14 anos, chegou a 50%.
As campanhas estavam previstas para acabar nesta sexta, 12, mas o governo do Estado estuda a prorrogação por causa do baixo resultado até o momento. “Nossa meta é atingirmos 95% das crianças. Não podemos conceber que isso seja menor”, afirmou Gorinchteyn.
Segundo o secretário, o Estado já havia constatado queda de adesão nos últimos “dois ou três anos”, mas “este ano as taxas se mostraram ainda piores”. “Uma taxa de 48% para pólio é uma ameaça de morte e de paralisia infantil para as nossas crianças”, disse. “Temos de vacinar. Um país que vacina é um país desenvolvido. E ela, sim, que vai garantir que crianças, adultos e idosos deixem de morrer.”
As campanhas já haviam sido prorrogadas no fim de outubro, quando só 39,6% do público-alvo havia comparecido aos postos de saúde. A meta do governo de São Paulo é imunizar 2,2 milhões de crianças contra a doença. Já a de multivacinação engloba 14 tipos de imunizantes que protegem contra 20 enfermidades, entre elas tuberculose, tétano e hepatite B.
Pais ou responsáveis devem levar as crianças a um dos 5 mil postos de saúde localizados na cidades do Estado com a carteira de vacinação em mãos. Lá, um profissional avalia quais doses precisam ser aplicadas.
Fonte: Estadão