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21/10/2019 - Casos de surto de ebola no Congo caem de 128 para 15 por semana

O Globo 

NOVA YORK — O surto de ebola na República Democrática do Congo ainda é uma emergência de saúde pública e persistirá por pelos menos três meses, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No entanto, ela acredita que pode estar a caminho zerar novas infecções . A informação foi divulgada nesta semana por Michael Ryan, diretor de resposta a emergências da agência .

Novos casos confirmados caíram para níveis relativamente baixos. Houve apenas 15 na última semana, de acordo com a atualização mais recente da OMS, que classificou a situação como "encorajadora". Em abril, pico do surto, houve 128 novos doentes por semana.

Ainda há, porém, pontos problemáticos no país. A maioria dos 50 novos casos relatados do final de setembro a meados de outubro estava dentro ou ligada à área da mina de Biakato, onde ocorrem operações de mineração legais e ilegais.

Guardas armados, violência e roubos são comuns nos acampamentos remotos, onde homens desesperados cavam em poços abertos ou em túneis escorados em busca de ouro, diamantes e outros minerais. Há muito pouca educação pública sobre o vírus na região.

Alta taxa de mortalidade

Desde o início do surto, em agosto de 2018, houve 3.277 casos confirmados ou prováveis e 2.154 mortes. Portanto, a taxa de mortalidade, de 67%, ainda é alta, apesar da implantação de dois tratamentos altamente eficazes.

Os tratamentos — infusões de anticorpos — funcionam apenas se forem administrados logo após a infecção do paciente.

O comitê consultivo da OMS declarou o surto uma emergência de saúde pública de interesse internacional em 17 de julho.

Conseguir arrecadar dinheiro de nações doadoras que pareciam estar perdendo interesse motivou essa decisão — depois de quase um ano de hesitação.

Dinheiro ainda é um problema. O diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a agência pediu US$ 394 milhões para a fase atual de combate, mas recebeu apenas US$ 126 milhões até agora. Mais foi prometido, mas ainda há um grande déficit, acrescentou.

Para a preparação de países vizinhos, a agência pediu US$ 66 milhões e recebeu menos de US$ 5 milhões, "para que não chegue nem perto", disse Tedros.

— A preparação salva vidas e economiza dinheiro — disse ele, citando como exemplo a rápida contenção de Uganda em seus primeiros casos de Ebola: — Mas as pessoas não vêem isso como uma emergência.

Outras ameaças

O ebola não é nem a ameaça mais letal que o Congo está enfrentando, disse ele. Desde janeiro, houve 4.065 mortes por sarampo no país, apesar de uma campanha de vacinação que atingiu três milhões de crianças.

Outros 375 congoleses morreram de cólera este ano e 20.773 foram infectados, apesar da distribuição de 800 mil doses da vacina. E a malária normalmente mata quase 50 mil pessoas a cada ano no Congo, a maioria crianças menores de 5 anos e mulheres grávidas.

O que aconteceu na Tanzânia recentemente permanece um mistério, mas não há evidências de que um surto de ebola esteja em andamento lá, segundo funcionários da OMS.

Em 10 de setembro, surgiram rumores de que havia um ou vários casos de Ebola em Dar es Salaam, a maior cidade do país.

O Ministério da Saúde da Tanzânia disse repetidamente que seus laboratórios não encontraram nenhum caso positivo, mas as autoridades se recusaram a compartilhar amostras de sangue com a OMS ou a permitir que a equipe que a agência enviou ao país teste os pacientes.

Agora que passaram 40 dias — o equivalente a dois períodos de incubação — sem mais casos relatados, parece improvável que haja um surto em andamento, disse Ryan.

Mas "a falta de informações completas da Tanzânia tem sido uma frustração", acrescentou.