Organização completa duas décadas de colaboração com universidades e com o Ministério da Saúde

23/11/2016 - Centro Cochrane do Brasil comemora 20 anos

Pelo fim dos anos 1980, o atual diretor científico adjunto da Associação Paulista de Medicina, Álvaro Nagib Atallah, ia até a Universidade de Oxford, na Inglaterra, para auxiliar dois colegas em um ensaio clínico, sem saber o que traria na bagagem: uma grande amizade com o professor Ian Chalmers.

Deste encontro, surgiu o convite para que Atallah participasse das reuniões que resultaram na criação da Colaboração Cochrane, organização sem fins lucrativos que pretendia responder à necessidade de organizar de forma sistemática os resultados de investigações em Medicina.

Alguns anos depois, Chalmers foi o grande incentivador da criação de um Centro Cochrane em um país em desenvolvimento. Assim, em 1996, o médico inglês foi patrono do Centro Cochrane do Brasil, inaugurando-o em São Paulo, dentro da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Desde então, Atallah é o diretor da entidade no Brasil, que completou 20 anos em outubro.

Nas últimas duas décadas, o Centro apoiou autores de diferentes regiões do Brasil, além de ter produzido mais de 300 revisões sistemáticas para o Ministério da Saúde. "Nos sentimos honrados pela oportunidade de ter contribuído para que o conceito de saúde baseada em evidências tenha se espalhado por todo o País. Tivemos a oportunidade de contribuir para a formação de profissionais de saúde brasileiros, ensinando-lhes como produzir e como usar as evidências de alta qualidade que o nosso centro produz”, comemora Atallah.

A entidade também foi responsável pelo treinamento de funcionários técnicos estrangeiros do Ministério da Saúde. Esta iniciativa resultou em uma economia aproximada de US$ 10 bilhões por ano no orçamento da saúde pública. Em 2011, graças a este trabalho, a Presidência da República criou uma lei federal que determina o uso das revisões Cochrane como padrão-ouro e requisito obrigatório para a incorporação de novas tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS).

 

"No início de nossa trajetória, tivemos que enfrentar uma forte resistência em relação ao conceito de saúde baseada em evidências e à relevância do Centro Cochrane do Brasil por muitos investigadores, instituições e professores. Ao longo do tempo, no entanto, conseguimos superar essas barreiras, obtendo reconhecimento e apoio de universidades, associações profissionais e do MS”, relata o diretor da entidade.

 

Futuro

No primeiro semestre de 2016, a Colaboração Cochrane anunciou a criação da primeira Rede Nacional Cochrane no Brasil. Essa rede é coordenada pelo Centro Cochrane do Brasil (com sede em São Paulo) e conta com cinco centros afiliados, localizados nos estados do Ceará, Paraíba, Pará, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Para o futuro? "Estamos preparando uma cerimônia para agradecer publicamente a todos que nos ajudaram nestas duas décadas. Queremos continuar investindo no desenvolvimento e na disseminação da cultura da saúde baseada em evidências, não apenas no campo da Saúde, mas também nas áreas jurídica, do jornalismo, da biblioteconomia e para toda a sociedade”, vislumbra Atallah.