O QUE DIZ A MIDIA
18/12/2020 - Cientistas pedem medidas duras de isolamento
Contra repique no Brasil, núcleo de 80 pesquisadores sugere fechamento de comércio não essencial, restrição de circulação nas ruas e veto a reuniões com mais de seis pessoas: 'É necessária uma ação rápida’, afirmam.
O momento atual de crescimento acentuado dos casos de Covid-19, sob apatia da população em relação a esse repique, requer medidas "urgentes" de retomada do distanciamento social para o país “não colocar a perder todo o esforço feito ate agora". Esse tom de alerta e gravidade consta da nota técnica mais recente emitida pelo Observatório Covid-19 BR. projeto multidisciplinar de cientistas para mitigação da pandemia, que reúne 80 técnicos e pesquisadores.
No documento publicado na manhã de ontem, o grupo manifesta preocupação com o entusiasmo que toma conta do público com as notícias sobre vacinação, pois o país nem sequer começou sua campanha de imunização, e ainda se passarão vários meses até que ela atinja uma parcela significativa da população.
Segundo os pesquisadores, o momento agora deve inspirar o mesmo grau de cautela que norteou ações em março, no início da pandemia, quando medidas mais duras foram tomadas para prevenir o contágio na comunidade.
'A diretriz básica seria o fechamento do comércio e serviços não essenciais. Em particular, o funcionamento de bares, restaurantes e academias deveria ser proibido, assim como festas e shows, cm espaços públicos ou privados”, afirmam os especialistas. “Reuniões com mais de seis pessoas devem ser fortemente desencorajadas.
É necessária uma ação rápida, começando no meio desta semana e se prolongando até meados de janeiro, quando teríamos uma reavaliação ” Entre os integrantes do grupo signatário ao documento estão a epidemiologista Maria Amélia Veras, da Santa Casa de São Paulo, o físico Roberto Kraenkel, da Unesp. a cientista política Lorena Bar- beria, da USP, e a sanitarista Márcia Caldas de Castro, da Universidade Harvard.
Segundo os cientistas, uma das motivações para a nota técnica é tentar prover uma referência para gestores de saúde das esferas municipais e estaduais aue carecem de orientação federal para a resposta à Covid-19 em um momento critico da evolução da pandemia, com aumento de casos e mortes.
— Nós temos uma preo- cupaçãocom a dissonância que existe entre esse crescimento e aquilo aue está sendo orientado e feito em termos de medida de flexibilização. Isso é muito angustiante —diz Veras.
Kraenkel diz queé importante o Brasil ter como referência a segunda onda de casos e mortes ocorrida em outros países.
— A gente não está propondo aqui nada excepcional. Uma grande parte dos países europeus está se sentindo obrigada agora a adotar medidas restritivas de circulação, certamente não por gosto, incluindo Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha e Bélgica —diz o físico.
Na nota, os pesquisadores reconhecem a situação de esgotamento que a população apresenta agora, mas afirmam que não há alter nativa à retração no momento.
Uma das preocupações mais latentes da nota é o risco de aglomerações nas festas de fim de ano, pois o contágio entre familiares é uma das vias de espalha- mento mais difíceis de conter da Covid-19.
Fonte: O Globo