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15/12/2020 - Classe médica lança manifesto em defesa da qualidade do ar à imprensa
O impacto da poluição do ar é a principal causa de adoecimento e mortalidade no mundo, somando 7 milhões de mortes ao ano. Só no Brasil, anualmente, são 51 mil óbitos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Diante desse cenário, na manhã desta terça-feira (15), médicos brasileiros, das mais diversas especialidades e áreas de atuação, divulgaram um manifesto em defesa da qualidade do ar, da saúde e da vida dos cidadãos.
A reunião virtual foi convocada especialmente para anunciar o teor do documento aos jornalistas e aos brasileiros. A carta protocolada será direcionada à Presidência da República, aos ministérios da Saúde e dos Meio Ambiente.
A Medicina e o setor hospitalar pleiteiam que o País adote resoluções mais modernas e eficazes para a redução da emissão de gases poluentes, em especial pela frota de ônibus e caminhões, nos prazos estabelecidos pela Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve).
“Recentemente, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) veio a público pedir o adiamento do início da Fase P8 do Proconve, prevista para 2023. Como médicos, entendemos a gravidade para a saúde de qualquer flexibilização nas atuais normas de controle de poluentes, e é por isso que estamos aqui hoje. Juntos, queremos lançar este manifesto no qual pedimos a manutenção dos prazos para que as montadoras brasileiras fabriquem veículos pesados menos poluentes”, reiterou o diretor de Responsabilidade Social da Associação Paulista de Medicina, Jorge Carlos Machado Curi, na abertura do evento.
“A Anfavea, a partir de um determinado momento, passou a vir à imprensa indiretamente, lançando notas sobre a necessidade de se atrasar o início da Fase P8 do Proconve, por conta da pandemia. Resolvemos - o próprio GT Qualidade do Ar, com a Procuradora Regional da República Fátima Aparecida de Souza Borghi, representante no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) - escrever ao ministro, demonstrando a impropriedade disso”, informou o procurador da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (Ministério Público Federal), José Leonidas Bellem de Lima.
Mesmo com a P8 se iniciando em 2023, o Brasil adotaria – já com anos de atraso em relação aos EUA e União Europeia - o Padrão Internacional Euro VI, conjunto de normas para minimizar os poluentes despejados no ar pela frota de ônibus e caminhões.
“Essa nova fase do Proconve irá reduzir em 90% a emissão de material particulado, poluente mais danoso à saúde. Ou seja, tem importância fundamental no combate à poluição do ar, na defesa e na salvaguarda da saúde dos brasileiros. No mundo, essas iniciativas já acontecem há um bom tempo”, explicou a moderadora do webinar-coletiva, Evangelina Vormittag, diretora executiva do Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS), médica e representante da Coalizão Respirar.
Riscos à saúde
Em suas exposições, os médicos apontaram uma série de danos à saúde por conta da poluição do ar. A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) assevera que se trata de fator de risco crítico às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), representando agravante em 43% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica, em 29% dos óbitos por câncer de pulmão, em 25% das mortes por acidentes vasculares cerebrais e em 24% dos óbitos por doenças cardíacas. CONFIRA MAIS DADOS NESTA APRESENTAÇÃO
“A poluição ambiental pode produzir distúrbios bioquímicos e funcionais. Produz o famoso estresse oxidativo, tornando o cérebro em desenvolvimento muito suscetível a processo inflamatório, daí o impacto gigantesco sobre as crianças”, pondera o presidente do Departamento de Toxicologia e Saúde Ambiental da Sociedade Brasileira de Pediatria, Carlos Augusto Mello da Silva.
“No campo da reprodução, por exemplo, a contaminação do ar é extremamente danosa. Pesquisas evidenciam claramente o grave comprometimento do potencial de fertilidade. Isso também ocorre com os homens que vivem condições ambientais adversas”, complementa César Eduardo Fernandes, presidente eleito da Associação Médica Brasileira e diretor Científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Por fim, o presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Frederico Fernandes, fez uma abordagem de marcos históricos de avanços ambientais: “No Brasil, temos histórico de luta da Pneumologia contra o tabagismo. Conseguimos, em parceria com organizações não governamentais e ações com gestores, diminuir o uso do tabaco. Em algumas capitais, a proporção de adultos fumantes é de cerca ou menos de 10%. Na década de 1980, tínhamos entre 30% e 40% de adultos fumantes, uma vitória para a saúde tanto individual quanto coletiva. Hoje, o que emperra o nosso desenvolvimento é a questão atmosférica, e nosso próximo passo é trabalhar com soluções ambientais”.
Assinam o manifesto, que pode ser conferido na íntegra neste link:
Associação Paulista de Medicina (APM)
Associação Médica do Paraná (AMP)
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet)
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)
Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA)
Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT)
Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM)
Academia Brasileira de Neurologia (ABN)
Associação Paulista de Neurologia (Apan)
Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência (Abramurgem)
Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)
Associação Brasileira de Nutrologia (Abran)
Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de Sao Paulo (SindHosp)
Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS)
Campanha Inimigo Invisível - inimigoinvisivel.org.br
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