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25/05/2017 - Cobertura do 2º dia de debates do XI Congresso Paulista de Neurologia

CEREBROVASCULAR

Logo após ministrar a conferência internacional de abertura, José Biller apresentou casos clínicos de AVC. A parte da manhã também contou com intervenção de Rubens Gagliardi – presidente da mesa no primeiro horário – falando sobre estatinas no AVC, Jefferson Gomes Fernandes, versando sobre inovações digitais, Ayrton Rocha Massaro tratando de insuficiência cardíaca e cérebro, e Rodrigo Bazan abordando o ataque isquêmico transitório.

Paulo Lotufo, por sua vez, entrou no tema da mortalidade e comorbidades no AVC. “Em 2005, já dizia que o AVC era uma doença negligenciada. Dez anos depois, repeti um editorial que publiquei falando a mesma coisa. O Brasil está muito acima da média de ocorrências de mortalidade na América Latina. No mundo, só estamos atrás de Indonésia, Rússia, China, Índia e África do Sul. Mostra que é uma doença que merece muito do nosso investimento em termos de sociedade”, afirmou.

Na parte da tarde falaram, ainda, Maramélia Miranda Alves (sobre paciente instável no AVC agudo), Octávio Pontes Neto (trombectomia mecânica), Leonardo de Deus Silva (tratamento endovascular dos aneurismas e MAvs), Paulo Púglia (hemorragia cerebral), Soraia Ramos Cabette Fábio (novos anticoagulantes versus varfarina), Francisco Antunes Dias (AVC da artéria basilar), Eli Faria Evaristo (aspectos práticos na organização de um protocolo de AVC) e Leandro Cerqueira Gama (uso do doppler transcraniano no AVC criptogênico). 

EPILEPSIA

Marcia Morita deu início ao tema, abordando a atualização da classificação das epilepsias. “Por que classificar? O objetivo é criar uma estrutura para facilitar o diagnóstico, o tratamento e a definição de prognósticos. Juntar os semelhantes para entender melhor a patologia”, avaliou. Mais tarde, ela também falou sobre o tratamento das epilepsias focais.

A sala contou, durante a manhã, com a participação de Luiz Henrique Castro (vídeo-EEG no diagnóstico), Fernando Cendes (neuroimagem no diagnóstico das epilepsias), Iscia Lopes-Cendes (o papel da genética no diagnóstico das epilepsias mioclônicas progressivas), Luiz Eduardo Betting (tratamento da epilepsia generalizada genética), André Palmini (tratamento das epilepsias generalizadas sintomáticas e progressivas) e Lécio Figueira (tratamento de emergências em epilepsia).

“Primeiro, temos que aprender a distinguir o que é um sintoma ansioso de um transtorno ansioso. O sintoma é necessário, todos temos, é um fenômeno adaptativo. Quanto torna-se desaptativo é que vira um transtorno – condição crônica com períodos de remissão durante seu curso”, seguiu Kette Valente, falando sobre transtorno de ansiedade.

Também ministraram palestras Fulvio Scorza (sobre atualização em morte súbita em epilepsia), Luis Otávio Caboclo (definições de farmacorresistência), Américo Sakamoto (indicações e evidências do tratamento cirúrgico das epilepsias), Renato Luiz Marchetti (abordagem prática da depressão e crises psicogênicas), João Pereira Leite (auxílio da neuropatologia na compreensão das epilepsias focais) e Clarissa Yasuda (análise comparativa das complicações dos tratamentos).

Martin Brodie, especialista escocês, encerrou a discussão da mesa falando sobre a politerapia racional. “Precisamos combinar drogas antiepiléticas de uma maneira mais eficiente, tentando entender como usar as que temos à disposição. As escolhas potenciais destas drogas, como monoterapias ou em combinação, são tão numerosas que é impossível testar todas elas.”

NEUROLOGIA INFANTIL

As discussões nessa sala começaram com a Síndrome de West, ministrada por Letícia Pereira Sampaio – que também falou sobre dieta cetogênica. Maria Augusta Montenegro tratou dos eventos paroxísticos não epilépticos, enquanto Umbertina Conti Reed abordou o diagnóstico e a conduta em encefalites autoimunes.

Marco Antônio Arruda versou sobre atualização de enxaqueca. “Para tratar: vamos atrás de guidelines? De evidências científicas? E em relação ao efeito placebo, o estudo na literatura tem aumentado muito. Esperamos das crianças aprendizado associativo, condicionamento pavloviano e aprendizado instrumental. Mas podemos observar que há interferência da expectativa dos pais em relação à criança que está em estudo clínico, recebendo remédios que eles não sabem o que é.”

Durante a tarde, participaram Laura Silveira Moriyama (falando sobre distúrbios do movimento), Simone Consuelo Amorim (uso de toxina botulínica em neurologia infantil), Lécio Figueira Pinto (diagnóstico e conduta das encefalites autoimunes), Erasmo Barbante Casella (transtornos do espectro autista) e Fernando Kok (indicação e interpretação dos testes genéticos em neurologia infantil) – presidente do último horário.

Já a primeira presidente da sala, Maria Luiz Manreza – que também falou sobre os novos e velhos fármacos antiepilépticos na prática diária – abordou a nova classificação das síndromes epilépticas. “A proposta de classificação de 2010, por exemplo, definiu como uma crise focal limitada a uma rede neuronal do hemisfério cerebral, que pode começar não somente em áreas corticais, mas também nas subcorticais, mudando o conceito que tínhamos antes. Para cada tipo de crise, o início crítico é consistente de uma para a outra”, explicou.

DEMÊNCIAS

Márcio Balthazar (falando sobre manejo da depressão), Francisco Assis Ciciarelli (manejo da agressividade), Vitor Tumas (manejo do comportamento motor aberrante), Gustavo Bruniera (biomarcadores liquóricos), Gustavo Sampaio (avanços tecnológicos em cognição), Antônio José da Rocha (neuroimagem estrutural e funcional), e o presidente da mesa, Paulo Bertolucci (manejo dos distúrbios do sono), falaram pela manhã.

Na parte da tarde, o foco da discussão foi o tratamento além da medicação, com mesa presidida também por Bertolucci. A psicóloga Vera Duarte falou sobre indicação da reabilitação, o enfermeiro Ceres Ferretti falou sobre indicações para suporte familiar, e Cleo França tratou da indicação de musicoterapia.

França mostrou vídeos de pacientes reagindo à musicoterapia, por exemplo. “Ninguém precisa ter conhecimento musical para fazer. É só ver as pessoas reagindo à música e suas expressões. Já atendi um cirurgião que achou estranho o tratamento. Afirmou não gostar de música e ficou reticente. Após uma conversa com a família, descobri quais artistas ele gostava e o surpreendi com uma música que conhecia. Foi o que bastou para responder de maneira positiva à musicoterapia.”

CASOS CLÍNICOS

Com sala lotada, a discussão de casos clínicos foi conduzida por Acary Oliveira, Orlando Barsottini e José Luiz Pedroso, que interagiram o tempo todo com a plateia. Em quase três horas de apresentações de histórias de pacientes, a ambiente da sala se assemelhou a um grande atendimento coletivo, com neurologistas e médicos de outras especialidades fazendo a anamnese dos casos e os diagnósticos juntos.

Como o tema central eram os desafios em Neurologia, todo tipo de conhecimento era solicitado dos participantes, seja em imagem, clínica, cirurgia etc.

NEUROINFECÇÃO

Presidida por José Antônio Livramento, a primeira mesa começou com discussões sobre o diagnóstico diferencial das meningoencefalites pelos vírus do grupo herpes, conduzida por Sandro Matas. Lécio Figueira Pinto seguiu tratando das meningites e das meningoencefalites neurofílicas não bacterianas, enquanto Augusto Penalva de Oliveira tratou das complicações neurológicas da infecção pelo zika vírus. Hélio Gomes, que secretariou a discussão, abordou a LCR nas arboviroses.

A programação seguiu com Wellington Flores, que versou sobre as emergências em neuroinfecção e os aspectos clínicos das meningoencefalites. “O paciente ter crises convulsivas ajuda o médico a pensar em encefalite, por exemplo, mas nem sempre necessariamente é isso.” Antes do almoço, Carlos Senne e Claudia Leite continuaram com aspectos das emergências em neuroinfecção.

Na parte da tarde, a programação foi presidida por Luís Ramos Machado. José Vidal falou sobre neurotoxoplasmose e meningite criptocócica na AIDS. Augusto Penalva de Oliveira ministrou palestra sobre leucoencefalopatia multifocal progressiva e Fernando Freua sobre neurossífilis.

No último ciclo, o destaque foi para a neurocisticercose. Oswaldo Takayanagui apresentou exemplos das condições brasileiras de saneamento, que ajudam a explicar a incidência da doença: “Lamentavelmente ainda não está extinta”. Ronaldo Abraham falou sobre os critérios diagnósticos da doença. Em seguida, Fernando Gomes Pinto abordou hidrocefalia a pressão normal e tap-test e Alberto Alain Gabbai, as manifestações neurológicas nas endocardites bacterianas.

NEUROLOGIA DO ESPORTE

Carla Cristina Guariglia iniciou os debates, ministrando a palestra “Concussão, Conceitos e Protocolo no Esporte”. Na sequência, falaram André Pedrinelli (sobre a experiência à beira do campo) e o presidente da mesa Renato Anghinah (encefalopatia traumática crônica e casos clínicos do tema, para desvendar os cérebros dos nossos atletas campeões).

DOENÇAS RAQUIMEDULARES

Neste espaço, Marcus Tulius Silva iniciou os debates, falando sobre a mielopatia pelo HTLV-1/2. Seguiu com a programação o presidente da mesa, Sandro Matas, tratando das mielopatias infecciosas e parasitárias. Manoel Paiva encerrou, abordando a fisiopatologia e a conduta na urgência da mielopatia traumática.

MIOPATIAS

Após o almoço, Edmar Zanoteli presidiu a sala e falou a respeito da biopsia muscular na prática clínica. Anamarli Nucci abordou as miopatias do adulto, Wladimir Bocca Vieira de Rezende Pinto palestrou sobre exames de imagem no diagnóstico das miopatias, Alzira Alves de Siqueira Carvalho a respeito da miopatia necrotizante e, por fim, Cláudia Ferreira da Rosa Sobreira tratou da investigação das miopatias metabólicas.

NEURO REABILITAÇÃO

Os conceitos básicos para a atuação do neurologista na reabilitação pós AVC foram tratados por Milene Ferreira, cuja aula destacou a importância do dinamismo da reabilitação e foi seguida pela de Marcio Pena (como incorporar as melhores evidências à prática clínica de uma unidade de AVC) e Cristiano Milani (toxina botulínica como instrumento de integração em uma equipe interdisciplinar de neuro reabilitação).

SIMPÓSIOS SATÉLITES

Cada sala do Congresso recebeu um simpósio satélite, oferecidos pelos patrocinadores do evento. Na mesa 1, moderada por Vitor Tumas e organizada pela Roche, Henrique Ballalai e Hélio Teive falaram sobre “Casos clínicos na DP: atualização das diversas apresentações de prolopa no contexto atual”.

Já na sala 2, moderada por Fernando Cendes e oferecida pela UCB, o escocês Martin Brodie tratou dos “Outcomes in newly diagnosed epilepsy: insights across a generation in Scotland”. O especialista aproveitou o seu tempo para contar a história da epilepsia e do desenvolvimento da pesquisa na doença. Passou pela época dos formulários de coleta de dados do máximo de pacientes possíveis, para que os médicos pudessem ter análises profundas, publicadas em jornais influentes, até os anos mais recentes. Entre diversos temas, falou também sobre o tratamento de pacientes após o primeiro AVC e dos programas para aprender a fazer diagnósticos.

A mesa 3, da Alliar\CDB, contou Leandro Lucato, Fabio Eduardo Fernandes da Silva e Celi Santos de Andrade para debater “Além de T1, T2 e flair: quais outras sequências de RM podem (ou não) ajudar o neurologista no diagnóstico?”. Enquanto isso, na sala 4, Manoel Jacobsen e o estadunidense Charles Argoff falaram sobre “New concepts in neurophatic pain mechanisms: implications for treatment”, discussão oferecida pela Grunenthal.

Por fim, a Biomarin coordenou o debate “Doenças neurodegenerativas de início tardio: atualização em doenças lisossomais”, conduzido por Marcondes França Jr.; Já Francisco Cardoso e Egberto Reis Barbosa abordaram “Inovações terapêuticas no tratamento da doença de Parkison, mecanismos terapêuticos inovadores e benefícios da Safinamida na doença de Parkinson”, em oferecimento da Zambon.