O QUE DIZ A MÍDIA

28/05/2019 - Com pânico de HIV e doenças, jovens evitam sexo e ficam obcecados por exames: 'Faço todo mês'

BBC 

A cada início de mês, Juliano*, de 32 anos, avalia em qual unidade de saúde de São Paulo poderá fazer exames para checar se foi infectado pelo vírus HIV. "Eu dou a volta pela cidade à procura de um posto de saúde em que não me conheçam", diz. Os resultados negativos dos testes trazem alívio ao rapaz por alguns dias, mas ele logo volta a se preocupar.

Fernanda*, de 19 anos, vai com frequência ao ginecologista. Diariamente, ela pensa sobre a possibilidade de ter contraído alguma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), mesmo sem vivenciar situações em que pode ter se exposto ao risco. "Somente me acalmo quando faço exames e vejo que deu negativo para todas as ISTs", diz. Maria*, de 25, ficou preocupada após a camisinha se romper – parou de fazer sexo e, desde então, se submete a testes frequentes.

Juliano, Fernanda e Maria fazem parte de um grupo de pessoas que tem crescido nos últimos anos, de acordo com especialistas consultados pela BBC News Brasil: aquelas que, por motivos diferentes, desenvolveram pânico de pegar alguma doença por meio do sexo e, por isso, se submetem a vários e desnecessários exames mesmo sem ter passado por nenhuma situação que ofereça risco.

A infectologista Helena Duani, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), costuma atender, por semana, de dois a três casos de pessoas que acreditam ter sido infectadas por alguma IST, mesmo sem ter vivenciado uma situação de risco.

"Elas marcam a consulta e chegam com as inúmeras dúvidas, em geral sem nenhuma queixa ou sintoma", conta.