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04/08/2021 - Com queda na ocupação de UTIs, SP libera eventos a partir do dia 17
Com a ocupação de UTIs para Covid a menos de 50%, o governo de São Paulo anunciou a volta de eventos sem limite de ocupação a partir do dia 17, mas poderá multar aglomerações. Casamentos e formaturas estão liberados; shows e torneios esportivos com público continuam vetados.
Com a queda na ocupação das UTIs e a melhora nos indicadores da Covid-19 em São Paulo, o governo do estado anunciou a volta dos eventos sem limite de público ou ocupação a partir do dia 17 de agosto.
O estado registrou pela primeira vez neste ano menos de 50% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados a pacientes com Covid-19. Nesta segunda-feira (2), a taxa de ocupação atingiu 49,2%, de acordo com a Secretaria da Saúde.
As novas internações por Covid também vêm caindo nas últimas semanas, o que, segundo o governo, é um reflexo do avanço da vacinação. Na semana passada, o estado registrou a menor média móvel de novas internações pela doença desde 7 de novembro de 2020, quando foi de 840. Nesta terça, foram 879 novas internações.
Com isso, feiras corporativas, convenções e congressos vão voltar e sem limite de público no próximo dia 17. Eventos sociais como casamentos, jantares, festas de debutante e formaturas também podem ser realizados nesses moldes.
Eventos que gerem aglomeração,como bailes em casas noturnas,shows de médio e grande portee competições esportivas com público, por exemplo, continuam proibidos.
Mas os organizadores devem ficar atentos: se durante qualquer atividade ou se ao preencher a capacidade máxima do espaço aglomerações ocorrerem, o evento pode ser multado.
Além disso, o uso de máscaras e de álcool em gel e o distanciamento de um metro ainda são obrigatórios. É o que afirma Eduardo Aranibar, subsecretário de Competitividade da Indústria, Comércio e Serviços da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico do estado. “A gente permite o 100%, mas, se não for possível não gerar aglomeração, automaticamente ele não vai poder usar 100%”, diz ele.
A data de 17 de agosto coincide com as demais flexibilizações anunciadas pelo governador João Doria (PSDB) na última semana, quando serão retirados os limites de ocupação e horário dos estabelecimentos comerciais e de serviços.
A fiscalização dos eventos será feita em várias frentes, pela Vigilância Sanitária estadual e por meio de parcerias com o Procon, a Polícia Civil e a Polícia Militar. A maior parte do trabalho, no entanto, fica nas mãos das vigilâncias sanitárias municipais, diz Aranibar.
“A verdadeira força, onde temos o maior número de pessoas para fiscalizar, é na vigilância sanitária municipal, que são as prefeituras que lideram”, diz o subsecretário.
O governo conta também com a responsabilidade individual dos organizadores dos eventos, que podem levar multas caso transgridam alguma das regras impostas.
“A gente conta muito com a estrutura do próprio setor, de responsabilização das pessoas caso algo dê errado, para garantir que as pessoas estejam seguindo as regras corretas. Caso algo dê errado, a pessoa sabe que pode ser responsabilizada”, afirma.
Até o próximo dia 16, quando o governo estadual pretende ter vacinado todos os adultos com ao menos a primeira dose da vacina contra a Covid-19, os estabelecimentos comerciais estão autorizados a funcionar até 0h com 80% da capacidade.
A autorização da retomada dos eventos em São Paulo veio após um evento-teste chamado Expo Retomada, que reuniu cerca de 1.400 pessoas nos dias 21 e 22 de julho em Santos, no litoral paulista. O objetivo era verificar a viabilidade da realização de feiras corporativas implementando protocolos sanitários.
Foi feita a testagem rápida e aferição de temperatura dos participantes na entrada no evento e o uso de máscara foi obrigatório, assim como o distanciamento social. Após o evento, os participantes foram monitorados por duas semanas.
Em transmissão online realizada com representantes do setor de eventos para discutir os resultados da Expo Retomada, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, falou sobre a flexibilização no estado.
“No dia 17 de agosto a gente muda completamente a lógica de gestão da pandemia, mantendo os protocolos de máscara e distanciamento, mas podendo permitir a retomada de todas as atividades e retirando a restrição de horário”, disse, durante o evento online.
Carlos Correa, superintendente da Apas (Associação Paulista de Supermercado), afirma que, embora a pandemia não tenha paralisado o setor de supermercados, o segmento foi afetado pela paralisação no setor de eventos, pois feiras como a Apas Show, organizada pela associação, permitem que fornecedores apresentam a lojistas novos produtos, além de tratar de melhorias no setor.
A Apas Show é a maior feira de alimentos e bebidas do Brasil, com cerca de 800 expositores e circulação de 25 mil pessoas por dia. “É uma perda do próprio setor da indústria e por consequência do próprio supermercado, que estaria vendendo mais”, diz Correa.
Neste ano, a feira será realizada em outubro e seguirá protocolos mais rígidos. De acordo com as novas diretrizes, em qualquer outro evento com consumo de alimentos e bebidas os convidados só poderão comer e beber se estiverem sentados em mesas. Para circular, será obrigatório o uso de máscara.
“Se conseguirmos fazer o retorno de maneira segura, com o avanço da vacinação, nós entendemos que é muito bem-vindo, porque esse setor [de eventos] foi muito castigado. Há muitos fornecedores médios e pequenos que anseiam por retornar ao trabalho”, afirma Correia.
No caso das casas de shows, os espaços só poderão funcionar caso abram como restaurantes ou de outras formas autorizadas pelo Plano São Paulo. O subsecretário afirma que esses espaços podem até promover shows, desde que consigam controlar o público.
“Se o público estiver sentado, houver distanciamento e não gerar aglomeração no espaço, estaria permitido. Você pode ter música ao vivo, um show, se tiver todos os protocolos implementados. O que não pode acontecer de alguma forma é gerar aglomeração.” Já no caso das festas realizadas em buffet, há diretrizes específicas.
Os organizadores precisam garantir, por exemplo, que não existam pistas de dança nos locais, pois o governo entende que isso gera aglomeração. É necessário também manter o distanciamento de um metro entre as mesas.
A testagem dos participantes só será exigida nos eventos-modelo, em que instituições privadas, em parceria com o governo estadual, vão fazer análises científicas para entender o funcionamento dos protocolos de segurança. Nesses casos, todos os participantes serão testados antes do evento e uma porcentagem após a realização, segundo o subsecretário.
Fonte: Folha de S.Paulo