O que diz a mídia
20/11/2018 - Comunidade antivacina está por trás do maior surto de catapora em décadas nos EUA
BBC
Na sexta-feira, 36 alunos da Asheville Waldorf School foram diagnosticados com a doença, segundo o jornal local Asheville Citizen-Times.
O colégio tem uma das taxas de dispensa de imunização por razões religiosas mais altas do Estado, o que permite que os estudantes não sejam vacinados.
As autoridades de saúde dos Estados Unidos dizem, por sua vez, que se vacinar é muito mais seguro do que ter que eventualmente tratar uma catapora.
"Este é o maior surto de catapora que as autoridades de saúde têm conhecimento desde que a vacina está disponível", disse um porta-voz do Departamento de Saúde da Carolina do Norte à BBC em um comunicado enviado por e-mail.
Dos 152 alunos da instituição, 110 não foram vacinadas contra o vírus varicela-zóster, causador da catapora, conforme apurou o Citizen-Times.
E 67,9% das crianças matriculadas no jardim de infância da escola tinham dispensa de imunização por motivo religioso em suas fichas durante o ano letivo de 2017-2018, de acordo com dados do Estado.
Um porta-voz do colégio disse à BBC que eles estão colaborando inteiramente com as autoridades de saúde locais, conforme as leis da Carolina do Norte.
"Descobrimos que os pais são altamente motivados a escolher exatamente o que querem para seus filhos. Nós, como escola, não discriminamos com base no histórico médico ou na condição médica de uma criança."
O condado de Buncombe, onde está localizada a cidade de Asheville, tem uma população de mais de 250 mil habitantes - e a maior taxa de isenção de imunização com base em religião do Estado.
As autoridades de saúde locais estão monitorando de perto a situação, de acordo com o departamento de saúde do condado.
"Queremos ser claros: a vacinação é a melhor proteção contra a catapora", diz a diretora médica do condado, Jennifer Mullendore, em um comunicado.
"Quando vemos um grande número de crianças e adultos não imunizados, sabemos que uma doença como catapora pode se espalhar facilmente por toda a comunidade - em nossos playgrounds, mercearias e equipes esportivas."
A lei da Carolina do Norte exige determinadas vacinas, incluindo aquelas contra catapora, sarampo e caxumba, para crianças do jardim de infância, mas o Estado permite exceções por razões médicas e religiosas.
A maioria das religiões não proíbe a vacinação, mas, nos últimos anos, alguns pais estão temendo reações adversas às vacinas nos Estados Unidos - e usando essa prerrogativa para deixarem de imunizar os filhos.
Embora alguns efeitos colaterais, como alergias, às vacinas sejam possíveis, a comunidade médica desmistificou a grande maioria dos medos, e associações, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Academia Americana de Pediatria, encorajam a imunização.
Quão séria é a catapora?
A catapora, também conhecida como varicela, é uma infecção viral que causa erupção cutânea, coceira e febre. Em casos graves, pode levar a complicações como inflamação do cérebro, pneumonia e até a morte.
O vírus é transmitido por meio do contato, da tosse ou de espirros, embora não seja tão contagioso quanto o sarampo, que pode se alastrar sem que haja qualquer contato.
O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) recomenda a vacinação de crianças entre um e 12 anos. Embora casos graves sejam raros, o CDC alerta que a catapora se espalha facilmente e pode ser fatal.
A vacina contra catapora foi licenciada nos Estados Unidos em 1995. Segundo o CDC, a imunização evitou 3,5 milhões de casos da doença, 9 mil internações e 100 mortes anualmente no país.
E, embora algumas pessoas possam pegar catapora mesmo sendo vacinadas, ela é muito eficaz na prevenção de casos graves ou com risco de vida.
Além disso, a vacinação também ajuda a proteger indivíduos vulneráveis que não podem ser imunizados, como mulheres grávidas, bebês com menos de um ano e pacientes com câncer, evitando o contágio.
No Reino Unido, a vacina contra catapora para crianças é considerada opcional.
No Brasil, a imunização contra a doença faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, sendo oferecida gratuitamente nos postos de saúde. De acordo com o calendário, a criança deve tomar a vacina aos 15 meses (tetraviral, que previne contra sarampo, rubéola, caxumba e catapora) e aos 4 anos (varicela atenuada).
Os pais que deixam de levar os filhos para a vacinação obrigatória correm o risco de ser multados ou processados por negligência e maus tratos, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que reúne normas com objetivo de proteger o direito à vida e à saúde de crianças e adolescentes, estabelece que "é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias".
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