O QUE DIZ A MÍDIA

13/03/2020 - Coronavírus: quais os riscos para gestantes, lactantes e recém-nascidos?

Estadão 

Mesmo com os estudos que apontam que os casos do novo coronavírus, a covid-19, não evoluíram para formas graves em gestantes, grávidas devem seguir as orientações de higienizar as mãos e evitar aglomerações diante do avanço da doença no Brasil. Manter a carteira de vacinação atualizada e evitar idas ao pronto-socorro caso fiquem resfriadas também são orientações. O Estado ouviu especialistas para tirar dúvidas sobre os cuidados que devem ser tomados pelas futuras mães.

Não. As infecções, de um modo geral, podem acometer qualquer pessoa, o que muda é que algumas doenças podem se estabelecer de forma mais grave em alguns pacientes.

Estudos realizados até o momento não apresentaram riscos à vida para este grupo. "No caso do H1N1, as gestantes foram consideradas grupo de risco. Neste caso, até este momento, a população acometida de forma mais graves são os idosos. É uma infecção que estamos aprendendo no dia a dia e ela não tem se mostrado grave ou mais frequente em gestantes e crianças, diferentemente da situação do H1N1, que as grávidas tinham evolução mais grave", explica Silvana Maria Quintana, coordenadora científica de Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) e professora associada em Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

As grávidas devem fazer a higienização das mãos com água e sabão - caso não tenha como lavar as mãos, como ao sair do transporte público, usar álcool em gel -, evitar tocar rosto, boca e nariz. Não ir ao pronto-socorro caso apresente sintomas leves, pois há o risco de ter contato com pessoas contaminadas, não ter contato com pessoas doentes. E evitar aglomerações. "Apesar de tudo que vai ver e ouvir, a grávida precisa ter calma e não entrar em pânico. Também deve evitar ambientes cheios de gente, aproveitar para inserir o parceiro neste contexto, ficar em casa, trazendo mais conexão para o relacionamento", recomenda Alberto Guimarães, ginecologista, obstetra e criador do programa Parto sem Medo.

Até o momento, um estudo que verificou a transmissão vertical do novo coronavírus não detectou a presença do vírus no líquido amniótico, no sangue do cordão umbilical, no leite materno nem em coleta de orofaringe de recém-nascido. A amostra é pequena, mas é o que a comunidade científica tem como dados atualmente. "Em princípio, em todos os casos de gestante, não tivemos má-formação no feto, como teve no zika", diz Silvana.

As gestantes devem procurar ajuda médica ao apresentar febre que se mantém alta e dificuldade para respirar. Caso tenha sintomas leves, o ideal é conversar com o ginecologista e não se automedicar. "Ela deve se hidratar bastante, com água, suco e chá, ficar mais em casa, lavar o nariz com soro fisiológico", explica a professora.

Ainda não há tratamento para a doença. "Não tem remédio para vírus. Tudo o que a gente ouve falar não traz benefício nenhum e os remédios podem ser maléficos, principalmente para o bebê", explica Silvana.

Ainda não há um imunizante contra a doença, mas é importante que a mulher mantenha a carteira de vacinação atualizada.

"É preciso estimular a gestante a tomar a vacinar contra o H1N1. A grávida que é acometida pelo H1N1 tem risco de uma evolução muito rápida e de morrer antes de receber os primeiros cuidados", alerta Guimarães.

"Toda infecção viral pode ser mais grave para a criança recém-nascida, especialmente se for prematura, porque o sistema imunológico está em amadurecimento. Quem está doente, não tem de visitar um recém-nascido,

independentemente de ser coronavírus ou outra doença", alerta Silvana.

Sim, tendo em vista o benefício da amamentação, mas a mãe deve adotar medidas como higienizar as mãos e usar máscara. A mãe também pode ordenhar o leite e oferecê-lo em algumas mamadas. Ela pode contar com a ajuda de outra pessoa para fazer a higienização dos objetos usados na ordenha.

O ideal é receber visitas apenas das pessoas mais próximas, contanto que elas não estejam doentes. As visitas devem ser curtas. "A gente tem o hábito de cumprimentar, dar abraço, mas precisa deixar de fazer isso por algum período como medida importante para diminuir essa transmissão", recomenda Guimarães.