ÚLTIMAS NOTÍCIAS

09/04/2021 - Covid-19: AMB apresenta recomendações para triagem de pacientes em UTIs
Com o colapso vivido pelo sistema de Saúde no Brasil em decorrência a pandemia de Covid-19, o Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 da Associação Médica Brasileira (CEM-Covid_AMB) trouxe recomendações para a conduta dos médicos e orientações à população, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (9).
“Existem vários aspectos da pandemia que merecem ser tratados, desde a estrutura de atendimento até os diagnósticos, mas vivemos um momento cruel do ponto de vista dos pacientes que estão à espera de um leito de UTI e da decisão na triagem das pessoas que irão ocupar os leitos disponíveis neste sistema de esgotamento de recursos em que vivemos”, introduziu o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes.
Para a Associação, a falta de recomendações sobre como alocar recursos em esgotamento não só contribui com o aumento de mortes, mas também com o aumento na carga de estresse dos profissionais da Saúde, já esgotados após um ano na linha de frente da pandemia.
Lara Kretzer, representante da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), foi a responsável por apresentar o Protocolo para triagem de pacientes em UTIs: “A crise imposta pelo doença é um grande desafio, e como consequência temos o aumento na utilização de leitos, de unidades de terapia intensiva e de insumos básicos como oxigênio, medicamentos e equipamentos de proteção individual”.
“Este documento serve de amparo e referência ao médico e aos gestores de Saúde, com relação à priorização dos recursos disponíveis. Também é garantia para a sociedade, para que entenda qual é o cuidado que têm médicos e gestores de Saúde na atribuição dos recursos que possuem. Isso traz segurança e entendimento de que não é aleatória a distribuição de recursos disponíveis, mas se faz através de critérios sólidos, consistentes e muito bem discutidos”, ressaltou o presidente da Associação Paulista de Medicina, José Luiz Gomes do Amaral.
Recursos em esgotamento
Apesar dos esforços de ampliação da rede de serviços emergenciais, o agravamento da crise neste momento traz um número de pacientes que precisam de ventiladores mecânicos e leitos de UTI maior do que o sistema de Saúde já em capacidade de contingência consegue aguentar. Como consequência, temos o aumento do número de mortes tanto de pacientes com Covid-19 quanto portadores de outras doenças.
“A ausência do sistema de triagem, quando as medidas de contingência já foram superadas, reflete no aumento de mortes desnecessárias, da carga estresse dos profissionais e também pode erodir a credibilidade da atenção à saúde. Para ser eticamente defensável, a alocação de recursos em esgotamento deve ser bem embasada e alinhada ao arcabouço legal brasileiro”, complementa Lara.
“Com a construção deste documento – pela AMB, Amib, Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) –, precisamos ter muito clara a intersecção entre elementos técnicos, aspecto éticos e legais, aceitabilidade social e aplicabilidade de toda e qualquer forma de gestão de recursos em situações de crise”, destacou a intensivista.
Triagem e questionamentos
O modelo de triagem reconhece que, em situações de crise, só é possível salvar o maior número de vidas se conseguirmos identificar os pacientes que têm mais chances de sobreviver ao receberem recursos em esgotamento.
Questionada sobre o surgimento e o porquê da elaboração do documento, a presidente da Amib, Suzana Lobo respondeu que há meses a Associação faz alertas sobre o risco da abertura de novos leitos como principal medida contra a pandemia. “Essas medidas poderiam ultrapassar a capacidade em relação a espaço e insumos. Alertamos que a pandemia deveria ser controlada fora dos hospitais, mas o sistema está saturado e com taxas de mortalidade inaceitáveis. Com as variantes e lentidão da vacinação, o atendimento aos pacientes não está adequado. Por isso, as sociedades acham necessário levar esse documento a todos os locais para salvar o maior número de vidas”, explicou.
A presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Zilete Zambon, completou: “Este instrumento é norteador para a tomada de decisão. Temos também uma preocupação grande com as patologias crônicas que vêm fazendo uma segunda curva da ocupação de leitos”.
O secretário geral da AMB, Antônio José Gonçalves – também 2º vice-presidente da APM e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) – enfatizou que, obviamente, gostaríamos de atender a todos, mas infelizmente isso não é possível com a crise sanitária que vivemos.
“Nos vemos na obrigação de trabalhar junto com outras especialidades e sociedades que detêm conhecimento técnico, procurando atender o maior número de pacientes da melhor forma possível. Os médicos estão unidos e preocupados com a situação, agindo politicamente a fim de minimizar essa crise”, finalizou.
Notícias relacionadas:
23/03/2021 - Boletim 02/2021 - Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID_AMB)
16/03/2021 - Com apoio da APM, AMB lança Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19
15/03/2021 - Carta dos médicos do Brasil à Nação
Galeria de Imagem














