O QUE DIZ A MÍDIA
22/01/2021 - Covid-19: tomei a vacina e agora?
Especialista ASBAI, a Dra. Ana Karolina Barreto Marinho, esclarece tudo sobre as vacinas contra a Covid-19.
Apesar do início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, muitas dúvidas ainda estão no ar, principalmente em relação ao tempo de imunidade e sobre as possíveis reações alérgicas que a vacina pode causar.
Quem esclarece as dúvidas é a especialista em alergia e imunologia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Ana Karolina Barreto Marinho.
Quais as diferenças e semelhanças entre a vacina contra a Covid do Instituto Butantan e a de Oxford? E a eficácia delas? São semelhantes?
Todas as vacinas contra a Covid têm os mesmos objetivos que é produzir anticorpos protetores e induzir as células do sistema imunológico para nos proteger dessas doenças. Mas a tecnologia e a maneira que elas são produzidas são diferentes. Os estudos conduzidos também foram diferentes e em populações um pouco diferentes e isso aí vai levar à algumas terem um pouco mais de eficácia do que outras e as vezes a terem a taxa de segurança um pouquinho diferente.
A CoronaVac é uma vacina inativada, que vai ser produzida aqui no Brasil. É uma vacina que vai ser realizada em duas doses. Os estudos mostram eficácia com as pessoas que conseguiram produzir anticorpos protetores e as pessoas não ficaram doentes.
Em relação a vacina AstraZeneca/Oxford é uma vacina realizada a partir do vetor viral e quem vai veicular a produção dessa vacina aqui no Brasil é a Fiocruz. Ela também será em 2 doses com um intervalo de mais ou menos um mês. Em alguns países ele estão estudando um outro intervalo entre uma dose e outra.
Ambas as vacinas se mostram bastantes seguras. Isso porque eventos adversos graves não foram reportados de uma maneira importantes com essas vacinas. Além disso, reação alérgicas graves praticamente também não foram vistas com essas vacinas, o número é muito pequeno. E são vacinas que vão poder ser realizadas em pacientes alérgicos de um modo geral, com segurança.
A imunização só fica completa após a segunda dose?
Os estudos mostram que a proteção realmente foi conferida com as duas doses. Agora, claro, isso vai depender da idade do indivíduo, da condição. Já terá uma eficácia na primeira dose, sem dúvida nenhuma, já terá uma porcentagem de vírus que conseguiram produzir anticorpos protetores nessa primeira dose. Mas de acordo com o que os estudos mostraram, para que a gente consiga manter esses anticorpos e manter as células de memória contra o sars-CoV-2 ativo, a gente precisa dessa segunda dose, que é a dose de reforço, para lembrar o sistema imunológico para que ele continue a produzir os anticorpos de defesa, estimulando as células do sistema imunológico.
Caso na primeira dose, a pessoa recebeu a coranaVac, vamos supor que na segunda dose a coranaVac não esteja disponível, e sim a da AstraZeneca/Oxford. É possível ela receber a segunda dose da AstraZeneca/Oxford, já que elas foram produzidas com tecnologias diferentes?
Quando falamos de misturar vacinas de fabricantes diferentes, falamos de intercambialidade de vacinas. No primeiro momento a intercambialidade não é recomendada porque os estudos de eficácia foram feitos com aquele fabricante, com aquelas doses daquelas vacinas. Mas já temos experiência na literatura de na falta de uma vacina, podermos usar a de outro fabricante e isso se mostrou seguro em alguns casos. Misturar os fabricantes não é o que a gente deseja, mas tudo é possível. Na falta é melhor fazer a intercambialidade do que deixar o indivíduo desprotegido. No entanto, a prioridade é a gente garantir as doses adequadas daqueles grupos prioritários. A intercambialidade será uma exceção. Isso a gente vai observar no futuro se vai ser necessário ou não.
Até o final do ano será que é possível todos os brasileiros sejam vacinados ou a maioria?
Se formos seguir as expectativas do Programa de imunização e do governo de SP, por exemplo, acho que ao longo do ano é possível que a maior parte dos brasileiros sejam sim vacinados, considerando que teremos duas vacinas disponíveis. Acho que temos que trabalhar com essa possibilidade de termos várias marcas e vários fabricantes de vacinas para garantir mais rapidamente que toda a população esteja protegida.
Crianças e gestantes não foram citadas nesse primeiro momento de imunização, porque?
É muito difícil fazer ensaio clínicos em gestantes. Então, por isso, elas não vão entrar inicialmente nesta vacinação até que a gente tenha uma experiência mais vasta ao longo do tempo. As crianças não entraram nos estudos clínicos em relação às vacinas contra a Covid-19 porque não se viu naquele momento que as crianças não tinham exposição à gravidade. A prioridade era fazer uma vacina que contemplasse os grupos mais expostos, como os profissionais de saúde ou pessoas que tivessem maior gravidade com a doença, como os idosos. Então as crianças ficaram para um segundo momento. Acredito que passando esse momento de vacinar os adultos, idosos e pessoas com comorbidade, a gente entenda um pouquinho melhor como ficará o comportamento da doença nas crianças. Por enquanto elas estão fora da vacinação.
Quem já teve Covid, vai poder receber a vacina?
Vai, mesmo porque não vai ser possível fazermos uma triagem na população em massa. Vai ter uma ficha que a população terá que preencher, com dados, com mais detalhes. Será uma campanha um pouco diferente do que as campanhas que temos habitualmente. Não será uma limitação ou uma contraindicação mesmo porque nem todas as pessoas vão ter essa comprovação que tiveram ou não a doença, e mesmo quem teve a doença a gente não sabe se elas estão protegidas ao longo do tempo.
Apesar do início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, muitas dúvidas ainda estão no ar, principalmente em relação ao tempo de imunidade e sobre as possíveis reações alérgicas que a vacina pode causar.
Quem esclarece as dúvidas é a especialista em alergia e imunologia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Dra. Ana Karolina Barreto Marinho.
Quais as diferenças e semelhanças entre a vacina contra a Covid do Instituto Butantan e a de Oxford? E a eficácia delas? São semelhantes?
Todas as vacinas contra a Covid têm os mesmos objetivos que é produzir anticorpos protetores e induzir as células do sistema imunológico para nos proteger dessas doenças. Mas a tecnologia e a maneira que elas são produzidas são diferentes. Os estudos conduzidos também foram diferentes e em populações um pouco diferentes e isso aí vai levar à algumas terem um pouco mais de eficácia do que outras e as vezes a terem a taxa de segurança um pouquinho diferente.
A CoronaVac é uma vacina inativada, que vai ser produzida aqui no Brasil. É uma vacina que vai ser realizada em duas doses. Os estudos mostram eficácia com as pessoas que conseguiram produzir anticorpos protetores e as pessoas não ficaram doentes.
Em relação a vacina AstraZeneca/Oxford é uma vacina realizada a partir do vetor viral e quem vai veicular a produção dessa vacina aqui no Brasil é a Fiocruz. Ela também será em 2 doses com um intervalo de mais ou menos um mês. Em alguns países ele estão estudando um outro intervalo entre uma dose e outra.
Ambas as vacinas se mostram bastantes seguras. Isso porque eventos adversos graves não foram reportados de uma maneira importantes com essas vacinas. Além disso, reação alérgicas graves praticamente também não foram vistas com essas vacinas, o número é muito pequeno. E são vacinas que vão poder ser realizadas em pacientes alérgicos de um modo geral, com segurança.
A imunização só fica completa após a segunda dose?
Os estudos mostram que a proteção realmente foi conferida com as duas doses. Agora, claro, isso vai depender da idade do indivíduo, da condição. Já terá uma eficácia na primeira dose, sem dúvida nenhuma, já terá uma porcentagem de vírus que conseguiram produzir anticorpos protetores nessa primeira dose. Mas de acordo com o que os estudos mostraram, para que a gente consiga manter esses anticorpos e manter as células de memória contra o sars-CoV-2 ativo, a gente precisa dessa segunda dose, que é a dose de reforço, para lembrar o sistema imunológico para que ele continue a produzir os anticorpos de defesa, estimulando as células do sistema imunológico.
Caso na primeira dose, a pessoa recebeu a coranaVac, vamos supor que na segunda dose a coranaVac não esteja disponível, e sim a da AstraZeneca/Oxford. É possível ela receber a segunda dose da AstraZeneca/Oxford, já que elas foram produzidas com tecnologias diferentes?
Quando falamos de misturar vacinas de fabricantes diferentes, falamos de intercambialidade de vacinas. No primeiro momento a intercambialidade não é recomendada porque os estudos de eficácia foram feitos com aquele fabricante, com aquelas doses daquelas vacinas. Mas já temos experiência na literatura de na falta de uma vacina, podermos usar a de outro fabricante e isso se mostrou seguro em alguns casos. Misturar os fabricantes não é o que a gente deseja, mas tudo é possível. Na falta é melhor fazer a intercambialidade do que deixar o indivíduo desprotegido. No entanto, a prioridade é a gente garantir as doses adequadas daqueles grupos prioritários. A intercambialidade será uma exceção. Isso a gente vai observar no futuro se vai ser necessário ou não.
Até o final do ano será que é possível todos os brasileiros sejam vacinados ou a maioria?
Se formos seguir as expectativas do Programa de imunização e do governo de SP, por exemplo, acho que ao longo do ano é possível que a maior parte dos brasileiros sejam sim vacinados, considerando que teremos duas vacinas disponíveis. Acho que temos que trabalhar com essa possibilidade de termos várias marcas e vários fabricantes de vacinas para garantir mais rapidamente que toda a população esteja protegida.
Crianças e gestantes não foram citadas nesse primeiro momento de imunização, porque?
É muito difícil fazer ensaio clínicos em gestantes. Então, por isso, elas não vão entrar inicialmente nesta vacinação até que a gente tenha uma experiência mais vasta ao longo do tempo. As crianças não entraram nos estudos clínicos em relação às vacinas contra a Covid-19 porque não se viu naquele momento que as crianças não tinham exposição à gravidade. A prioridade era fazer uma vacina que contemplasse os grupos mais expostos, como os profissionais de saúde ou pessoas que tivessem maior gravidade com a doença, como os idosos. Então as crianças ficaram para um segundo momento. Acredito que passando esse momento de vacinar os adultos, idosos e pessoas com comorbidade, a gente entenda um pouquinho melhor como ficará o comportamento da doença nas crianças. Por enquanto elas estão fora da vacinação.
Quem já teve Covid, vai poder receber a vacina?
Vai, mesmo porque não vai ser possível fazermos uma triagem na população em massa. Vai ter uma ficha que a população terá que preencher, com dados, com mais detalhes. Será uma campanha um pouco diferente do que as campanhas que temos habitualmente. Não será uma limitação ou uma contraindicação mesmo porque nem todas as pessoas vão ter essa comprovação que tiveram ou não a doença, e mesmo quem teve a doença a gente não sabe se elas estão protegidas ao longo do tempo.
Fonte:Guia da Farmácia Online