ÚLTIMAS

14/12/2020 - CQH aborda cuidado centrado no paciente, desfecho clínico e indicadores

Para explicar o conceito de cuidado centrado na pessoa, modelos de referência, Medicina Baseada em Valor, desfechos clínicos e seus indicadores de resultados, no dia 10 de dezembro, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), da Associação Paulista de Medicina, realizou webinar com o palestrante Ricardo Mendes, enfermeiro obstétrico e mestrando em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo. O evento foi moderado por Rosemeire Keiko Hangai, coordenadora do Grupo de Benchmarking Enfermagem do CQH.

“Quando falamos sobre cuidado centrado na pessoa, temos uma grande pergunta: será que estamos ouvindo ou escutando os nossos pacientes? Lembrando que o ouvir é quando apenas captamos o que o outro diz; escutar é o ato de processar o que está sendo dito”, destacou o palestrante.

Mendes informou que o cuidado centrado traz quatro definições intrínsecas: cautela, capricho, zelo e cuidado da área da saúde. “Centrado é tornar central, convergir. Paciente é aquele capaz de aguentar algo com resignação e paciência, precisa de cuidados médicos e é passivo com aquela condição. Por isso, o bom médico trata as doenças, já o grande médico trata o paciente”, acrescentou.

Para isso, o pesquisador ressaltou que a comunicação entre funcionários, pacientes – com envolvimento de familiares – e médicos é primordial. “O modelo hospitalocêntrico hoje dificulta um pouco a questão do cuidado centrado porque ele não roda em função do paciente. Muitos profissionais de saúde concentram a atenção nas atividades e no tratamento da doença e não na pessoa, nem na vida dela. Um dos princípios do cuidado centrado é valorizar e individualizar, porque quem está com uma doença sabe a dor que sente.”

Escutar o paciente, segundo Mendes, gera valores ao conhecimento, à cultura e a todo o tipo de formação do indivíduo. Isso propícia ajuda na tomada de decisão clínica, no cuidado centrado com o desfecho clínico ao paciente. “É uma parceria com pacientes e familiares para que toda a gama de necessidade seja atendida e haja satisfação no tratamento, incluindo os colaboradores e as instituições.”

 

Esgotamento durante a pandemia

Levantamento realizado em junho deste ano pela Associação Paulista de Medicina revelou que dos 1.984 profissionais ouvidos em todo o País, 60% trabalham na linha de frente de controle do novo coronavírus. Entre eles, 69% manifestaram ansiedade; 63,5%, estresse; e 49%, exaustão emocional.

“Pesquisas apontam que 79% dos profissionais estão emocionalmente abalados e com quadros de Síndrome de Burnout (esgotamento profissional). É muito difícil estar na linha de frente da Covid-19. Por isso, temos que envolver todos da instituição no cuidado centrado para descrever atividade, políticas e sistemas que deem suportes, informações necessárias para que as pessoas possam tomar decisões sobre sua própria condição, gerenciamento e tratamento da doença”, disse Mendes.

 

Modelos de referência e desfechos clínicos

O Planetree Internacional é uma certificação, fundada em 1978, com o propósito de reconhecer as instituições hospitalares que possuem a filosofia do cuidado centrado na pessoa. Em sua plataforma digital, o Planetree define: “nesse modelo, o paciente e a família têm acesso às informações, participam ativamente das decisões do seu tratamento e cuidados e é assistido em um ambiente que promova o bem-estar e favoreça a sua recuperação”.

Atualmente mais de 700 instituições em 23 países adotam a filosofia Planetree. No Brasil, desde 2012 o Escritório Planetree tem sede no Hospital Israelita Albert Einstein. As entidades de referência certificadas no País são: o próprio Albert Einstein, responsável por disseminar e treinar as instituições de saúde nos países de língua portuguesa, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e o Hospital Mãe de Deus do Rio Grande do Sul.

“A Certificação Planetree envolve a interação entre família, amigos e apoio social, informação e educação, aspectos nutricionais e nutritivos dos alimentos, projetos arquitetônicos e de interiores, artes e entretenimento, espiritualidade, toque humano, terapias complementares e comunidades saudáveis”, pontuou o palestrante durante o evento.

Por fim, Mendes definiu os desfechos clínicos como um conjunto de indicadores de saúde que consegue bons resultado em várias dimensões: qualidade de vida, mortalidade, bem-estar emocional e psicológico. Essa trajetória traduz a jornada do paciente, desde quando sente a primeira dor, passando pela internação, alta e pós-alta, norteando a Medicina Baseada em Valor.

“Quando trabalhamos com mensuração e desfecho, conseguimos quantificar esses dados e trabalhar para implementar melhorias. Em resumo, conseguimos desenvolver realmente um processo de garantia de qualidade e confiança para melhor experiência para o paciente e melhorar a Medicina Baseada em Valor com redução de custo”, concluiu.

Galeria de Imagem