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28/04/2021 - CQH debate lições aprendidas com pandemia

Nesta quarta-feira, 28 de abril, o Programa Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH), da Associação Paulista de Medicina, realizou o webinar “Gestão de pessoas no pós-pandemia: lições aprendidas”. O encontro foi moderado por Maria Aparecida Novaes, coordenadora do Grupo de Benchmarking Pessoas do CQH.

“Quando imaginávamos esse evento a esperança era de que a pandemia já tivesse acabado, por isso essa dominação ‘pós-pandemia’. Mas garanto a vocês que as lições são aprendidas diariamente. Atualmente, temos certeza de que modelos de gestão pautados na valorização e na preocupação com as pessoas se tornam um grande diferencial”, introduziu.

Para Aparecida Novaes, que também é coordenadora de Recursos Humanos da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, esse é um momento único para pensarmos em recursos e ferramentas que minimizam os impactos da pandemia sobre as pessoas, oferecendo para as organizações recursos importantes que permanecerão, ainda, por muito tempo, sem se encerrarem ao fim da pandemia.

Na Secretaria, dois pontos chamaram a atenção desde o início dessa crise sanitária, relatou a moderadora. “Notamos a dificuldade de o RH quantificar a força de trabalho e o distanciamento social. Como saber quais eram as pessoas vulneráveis que deveriam estar fora daquele ambiente? E como organizamos processos de trabalho para permitir que fossem feitos de modo distanciado?”

Aparecida Novaes lembrou, ainda, que houve necessidade de um recrutamento ágil de profissionais, sobretudo com treinamento em terapia intensiva, de modo que pudessem assumir rapidamente os postos de trabalho. “Todo esse movimento foi expandido rapidamente. Mas ainda temos impacto pouco mensurado sobre os aspectos mentais e o impacto desse novo contexto de mundo”, alertou.

Mudanças
Uma das debatedoras do webinar foi Patrícia Pimentel, psicóloga e consultora na área de Comportamento Humano das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Segundo ela, as organizações de saúde já estavam trazendo o fator humano no centro de suas ações, mas a pandemia tornou isso ainda mais imprescindível.

“Se não colocarmos o ser humano à frente das ações vamos ter impacto muito grande na saúde mental. Também observo que a educação contínua em todos os processos está sendo muito importante. As pessoas estão lendo mais, estudando mais e entendendo mais”, argumentou.

Na sequência, ela apresentou a mudança de paradigma utilizando os conceitos de mundo VUCA e mundo BANI. Nos anos 1980, vivíamos no mundo VUCA, que era dominado pela necessidade de volatilidade, de flexibilidade para lidar com incertezas (uncertainty em inglês), de multidisciplinariedade para lidar com complexidade, e de coragem para lidar com ambiguidades.

Atualmente, entretanto, vivemos o mundo BANI, cujo conceitos são: fragilidade (brittle), ansiedade, não-linearidade e incompreensão. Segundo Pimentel, esse universo nos permite e proporciona muitos aprendizados, como a importância de manter o olhar atento à conexão com o outro.

A outra especialista do debate foi Patrícia Pousa, gerente de Gente e Gestão do Hospital Vera Cruz. Ela chamou atenção para as mudanças que a necessidade de trabalho remoto trouxe para as organizações e para os funcionários dos serviços de Saúde.

“Precisamos pensar sobre esse trabalhador e a individualidade dele. Checar se ele tem estrutura em casa. Muitas vezes eles estão em casa, mas com os filhos o dia inteiro. Vivemos em um país em que a internet muitas vezes não funciona bem. Precisamos saber o que elas estão sentindo, já que pessoas sentem de maneira diferente. Há os que gostam e os que não gostam do home office”, explicou.

Ela lembrou que os funcionários, nesse setor, estão há mais de um ano enfrentando questões como morte, doença, família e o medo de se infectar com Covid-19 e levar a doença para a própria casa. “Como trabalhamos assim? Vamos evoluindo. Há um ano e meio começamos programas de saúde mental. Hoje, sabemos todos que existem. Mas ainda não estamos tão conscientes e sensibilizados sobre a necessidade de cuidar da saúde mental dos colaboradores”, detalhou Pousa.

Ao fim do encontro, o coordenador do CQH, Milton Massayuki Osaki, fez uma breve participação. “A pandemia dessa terrível doença tem trazido tristeza e luta, mas é importante, a partir disso tudo, aprendermos lições. Junto com a Medicina, a gestão também está sofrendo impactos. E acredito que impactos positivos.”

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