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25/09/2020 - Defeitos genéticos ou imunológicos podem explicar gravidade da Covid-19 em alguns pacientes, diz estudo

G1

Defeitos genéticos ou imunológicos podem ser a explicação para o fato de alguns desenvolverem formas graves da Covid-19, de acordo com dois estudos divulgados pela revista "Sicence".

Segundo o consorcio internacional Covid Human Genetic Effort, que publicou os artigos, essas duas falhas em pacientes graves de Covid-19 os impedem de produzir uma molécula imunológica da primeira linha de defesa chamada interferon tipo 1.

A descoberta pode ajudar a explicar porque alguns pacientes ficam muitos doentes ou morrem enquanto outros são pouco afetados ou assintomáticos, informa o jornal britânico "The Guardian".

Após sequenciar parcial ou integralmente os genomas de 659 pacientes com Covid-19 em estado grave e os de 534 pessoas com infecções assintomática ou leve, o consórcio descobriu que os pacientes com casos graves eram mais propensos a ter um tipo de mutação que os deixa incapazes de produzir o interferon. Embora cada mutação seja rara, elas ocorreram em 3,5% dos casos graves.

O segundo estudo envolveu cerca de mil pacientes em estado grave com Covid-19. Eles descobriram que pelo menos 1 em cada 10 carregava anticorpos que bloqueiam a ação do seu próprio interferon. Esses "autoanticorpos" não foram encontrados em pacientes assintomáticos ou leves.

Combinados, os dois tipos de erro são responsáveis por cerca de 15% dos casos de Covid-19 com risco de vida.

O imunologista Jean-Laurent Casanova, que dirige o consórcio, declarou ao jornal britânico que suspeita que a genética humana acabará explicando a maioria dos casos graves, porque o consórcio só procurou mutações em 13 dos mais de 300 genes relacionados ao interferon tipo 1 até agora. Muitos outros genes, incluindo aqueles não relacionados ao interferon, podem afetar a resposta de uma pessoa ao vírus.

O interferon tipo 1 é uma molécula produzida pelo sistema imunológico assim que a infecção é detectada. Se essa defesa de primeira linha for eficaz, a pessoa pode nem mesmo se sentir mal. Caso não seja, pode dar ao corpo tempo para montar uma resposta imunológica mais direcionada ao vírus em questão, envolvendo anticorpos e células imunes.

Sem o interferon, os pacientes graves de Covid-19 contam apenas com este segundo mecanismo de defesa, que pode levar vários dias para atingir a força total, dando ao vírus Sars-CoV-2 uma vantagem inicial para se multiplicar e danificar os tecidos do corpo.