ÚLTIMAS

07/04/2021 - Defesa Profissional se reúne com a 5ª Distrital da APM

Para entender a realidade profissional de suas respectivas Regionais no estado de São Paulo, buscar um ponto em comum de reinvindicações e unificar a classe médica, a Diretoria de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina se reuniu com os representantes da 5ª Distrital, via transmissão on-line, na noite da última segunda-feira (5).

“Desde 2011, a APM encabeça a Comissão Estadual de Negociações com as operadoras de planos de saúde, definindo uma pauta anual de reivindicações para a valorização do trabalho médico. Este ano, a nossa ideia é nos alinharmos com todas as Regionais e Distritais, tendo como foco a melhoria na qualidade de atendimento à população. Porque sabemos que muitas vezes, o profissional atende até oito pacientes em uma hora, com valores de consulta muito abaixo do esperado”, destaca o diretor de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury.

Para tanto, a proposta inicial é realizar uma pesquisa de situação com os médicos das cidades de cada região, para se ter um diagnóstico entre operadoras e prestadores de serviço e traçar uma negociação homogênea, que beneficie a todos.

“Sabemos que no interior prevalece o fortalecimento da Unimeds, que são cooperativas médicas. Tememos a verticalização dos serviços de Saúde, com planos que precarizam o trabalho dos colegas. Queremos também mostrar que o nosso interesse não é só de classe, mas trazer à população a importância de uma assistência de qualidade. Para isso, temos o entendimento de que o médico do interior tem uma visibilidade grande, como o prefeito e o promotor de justiça da cidade”, explica Marun.

O diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Roberto Lotfi Júnior, complementa: “Em algumas cidades maiores e industrializadas, como Campinas, sabemos sobre os inúmeros planos de saúde. Outras de médio porte, como Presidente Prudente e Marília, já estão começando a ter a entrada de planos canibais em relação ao serviço médico, explorando o nosso trabalho. Toda essa articulação vem no sentido de propiciar negociações regionalizadas, respeitando as cooperativas geridas. Não podemos omitir o fato de que muitas das maiores redes fazem contratos maus, que prejudicam os médicos”.

Lotfi crítica ainda os planos diferenciados entre médicos da capital e do interior. “Precisamos também de melhores remunerações e qualidade nos serviços, não apenas para nós que já atuamos há um tempo na área, mas para que os próximos profissionais possam chegar a uma situação melhor”, acrescenta.

Percepções e realidades
Fazem parte da 5ª Região Distrital as regionais Amparo, Bragança Paulista, Campinas, Indaiatuba, Itapira, Jundiaí, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, São João da Boa Vista, São José do Rio Pardo e Valinhos.

O diretor da 5ª Distrital, Clóvis Acúrcio Machado, reitera que a discussão não deve se limitar apenas aos honorários, mas também às relações contratuais entre prestadores e operadoras. “São 3.453 médicos na Unimed de Campinas. Na região metropolitana, temos cerca de 10.900 trabalhando em outras operadoras. No entanto, existem relações firmadas sem renovação há mais de 10 anos. A Defesa Profissional e a área jurídica devem atuar em conjunto neste sentido.”

De acordo com a presidente da Regional de Campinas, Fátima Maria Aparecida Ferreira Bastos, a relação com a Unimed é confortável. “A nossa preocupação são as compras recentes da Vera Cruz, Amil e Hapvida, que verticalizam o atendimento. Aí, temos os problemas que o paciente enfrenta, como a demora para a liberação de exames. E ele acredita que isso é o correto, já que paga um valor razoável para ter um convênio. Por isso, a campanha de valorização é importante.”

O diretor de Defesa Profissional da Regional de Amparo, Wilson Farizato, informa que 90% dos médicos têm carreira vinculada à Unimed e um percentual menor está na rede pública. Em razão das contingências emergenciais por causa da Covid-19, ele informa que algumas consultas, antes no valor de R$ 103, hoje estão em R$ 95.

“Se não fosse a Unimed, com certeza seríamos levados a planos canibalescos. Assim, as dificuldades que temos hoje não são com as operadoras, mas com a Santa Casa, que enfrenta problemas com a mudança de gestão pública estadual. Essa questão política afeta as relações contratuais de médicos vindos de OSs e recém-formados, e a qualidade caiu muito. Por outro lado, temos a Beneficência Portuguesa que ressurgiu das cinzas e hoje é referência na região”, complementa Farizato.

Já na Regional Jundiaí, o presidente Fabiano Gênova de Oliveira afirma que a realidade é diferente. Houve um movimento importante de verticalização maciça de planos que praticamente obrigam os médicos a deixarem os consultórios próprios para atender nas clínicas das operadoras.

“Essas empresas têm tudo nas mãos, as agendas, as consultas e os exames. E os atendimentos precisam ser imediatos, em torno de 7 minutos para cada paciente, com custo/hora entre R$ 130 e R$ 205, de acordo com a especialidade. Quando distribui o valor por pacientes atendidos, é deprimente o resultado, ignorando as necessidades dos médicos. Aqueles que não aceitam, saem e dão espaço para outra pessoa no lugar”, lamenta Oliveira.

Ele acredita que talvez não seja o caminho fortalecer apenas a Unimed, mas o trabalho do médico como um todo. “Estamos enfrentando uma situação bastante difícil com a abertura indiscriminada de faculdades. Médicos são lançados no mercado com remunerações entre R$ 25 e R$ 30”, acrescenta.

O presidente de Indaiatuba, Francisco Carlos Ruiz, salienta que a pandemia dificultou o diálogo com os planos. “Entretanto, a Unimed prevalece. O plano Samaritano, por exemplo, paga o valor de consulta seguindo as especialidades. Para algumas, os valores são baixos. O oftalmologista às vezes se submete porque em cirurgias de catarata consegue repor o valor. Também temos como dilema as aberturas desenfreadas de faculdades”, ressalta.

Em abril, as próximas reuniões ocorreram no dia 12, com a 11ª Distrital; no dia 19, com a 2ª Distrital; e no dia 26, com a 7ª Distrital.

Notícia relacionada:
16/03/2021 - 10ª Distrital da APM discute defesa do trabalho médico