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25/05/2021 - Defesa Profissional se reúne com médicos do Nordeste do estado

Com o propósito de buscar um ponto em comum nas reinvindicações da classe médica no estado de São Paulo, na noite do dia 24 de maio, a diretoria de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina se reuniu virtualmente com representantes da 6ª Distrital da APM, composta pelas Regionais de Franca, Ituverava, Jaboticabal, Mococa, Ribeirão Preto e São Joaquim da Barra, em nono encontro promovido com médicos do interior de São Paulo.

“Estamos nos reunindo com as Distritais da Associação para tentar unificar as negociações com as operadoras de planos de saúde pelo interior. Hoje, uma de nossas preocupações diz respeito a um documento da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) que mostra o avanço de duas operadoras, a Intermédica Notredame e a Hapvida, que oferecem honorários baixos aos médicos, disputando assim mercado com as Unimeds não só no estado de São Paulo como no Brasil todo”, explica o diretor de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury.

Ele reitera que, muitas vezes, o médico interiorano tem dificuldade de se contrapor às negociações verticalizadas, diante da maior visibilidade que tem em suas específicas regiões. Por isso, a APM Estadual tem procurado estreitar laços com os profissionais locais. Para tanto, Marun tem sugerido às Regionais traçarem uma pesquisa local para entender as necessidades médicas.

“Queremos que vocês façam um diagnóstico com todos os médicos, não só associados, para que haja identificação das possíveis relações precárias. Com isso, podemos traçar estratégias pontuais em conjunto para valorizar o trabalho médico e o atendimento populacional”, disse.

O diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Roberto Lotfi Júnior, trouxe como exemplo Ribeirão Preto, que possui um dos grandes centros médicos da região, mas que há algum tempo vem sendo prejudicado com a verticalização dos serviços de Saúde, com planos que precarizam a atuação profissional médica.

Lotfi lembra que, desde quando a São Francisco [agora Hapvida] se instalou na cidade, os médicos passaram a ser prejudicados. “Por isso, precisamos nos unir em torno da APM para buscar uma melhor solução, porque essa operadora não veio para brincar. Sabemos ainda que as verticalizações podem destruir o sistema de cooperativa. Temos um critério bastante seletivo para o médico entrar na Unimed, com comprovação de título de especialista e qualificação, justamente para oferecer um excelente padrão de atendimento à população. As grandes indústrias estão preocupadas em oferecer assistências precárias, muitas vezes o médico atende até dez pacientes em uma hora, com honorários baixos”, alerta.

O diretor da 6ª Distrital, Adilson Cunha Ferreira, parabenizou a iniciativa da Defesa Profissional da APM de escutar as realidades das cidades e propor uma atuação em conjunto. “É uma situação emergente, estamos fragilizados desde quando a ex-presidenta Dilma Rousseff sancionou o programa Mais Médicos. Hoje, para completar, a pandemia dividiu a Academia dos práticos e as sociedades têm nos metralhado de todos os lados. Realmente estamos à deriva”, acrescenta.

 

Experiências

Com uma população de mais de 710 mil habitantes, Ribeirão Preto possui quatro faculdades de Medicina. Por ano, são aproximadamente 700 médicos formados. “Evidentemente que nem todos vão atuar aqui, mesmo assim, não há tantos empregos para absorver essa quantidade enorme de recém-formados, além dos que já atuam há um bom tempo. Com excedente de mão de obra, somos pressionados por custos baixos de hora médica. Não querendo ser alarmista, mas sinto que a situação ainda vai piorar muito”, ressalta o presidente da Regional de Ribeirão Preto, Fábio José Gonçalves da Luz.

Em Mococa, com uma população que não chega a 70 mil habitantes, o presidente da Regional, Wilson Saboya Brito Filho, disse que a cidade é relativamente protegida da entrada de grupos de planos de saúde. A Unimed domina a cidade, as empresas maiores possuem convênios próprios e a Santa Casa é gerida por médicos. “Assim, criamos condições para outros convênios não entrarem. Alguns já estiveram aqui, mas os médicos não aceitaram as propostas. A nossa cidade é pequena, talvez, por isso, controlamos a ganância desses grupos grandes.”

O presidente da Regional de São Joaquim da Barra, Carlos Eduardo Gagliardi Toloi, acredita que uma somatória de fatores tendenciaram a situação de piora da prática médica no Brasil, como a abertura excessiva de faculdades médicas que não prezam pela qualidade na formação médica. Com mais de 50 mil habitantes, a cidade tem uma Santa Casa com convênio próprio. “Há cerca de cinco anos, antes mesmo de eu entrar na Diretoria da APM, a Unimed tentou entrar na região, mas não conseguiu chegar ao valor hoje pago pela Santa Casa aos médicos”, informa.

Em Franca, com seus 355 mil habitantes, o sistema de cooperativa é bem estruturado. No entanto, há cerca de cinco anos, a São Francisco [hoje Hapvida] comprou um hospital da cidade. “Sabemos que os médicos já estão sofrendo restrições em termos de pedidos de exames, algumas terapias foram cortadas e há defasagens em consultas médicas”, disse o presidente da Regional, Renato Tadeu Barufi.

Para fechar, o secretário geral da APM, Paulo Mariani, acredita que futuramente a Medicina será avaliada cada vez mais pela qualidade de formação do médico. “Não conseguiremos fugir por muito tempo dos planos verticalizados e do número excessivo de faculdades que estão sendo abertas. Os profissionais continuam sendo lançados no mercado. Por isso, a Unimed e a Santa Casa devem sempre prezar pela qualidade.”

 

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