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04/09/2017 - Desafios da profissão no setor privado

Visão transgeracional, segurança e efetividade são tópicos abordados por gestores frente à busca pela qualidade na assistência médica

 

“Em todos os aspectos sociais, falamos muito em qualidade, no sentido de aprimorar qualquer tipo de atividade. Na Medicina, esse aspecto é muito valorizado e observado.” Com esse argumento, o diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, João Sobreira de Moura Neto, deu abertura ao painel “Carreira médica no setor privado”, terceira abordagem do 2º Encontro do Médico Jovens da entidade.

O presidente do Albert Einstein, Sidney Klajner, falou sobre a importância dos gestores de entidades hospitalares estarem atentos às características das gerações médicas, no sentido de garantir mudanças qualitativas na assistência. “Para que nós, provedores de saúde, ou aqueles que detêm parte da influência do mercado, nos conectemos com estas e as primeiras gerações, temos de estabelecer algumas diretrizes e considerações para obter engajamento real e comprometimento [desses atores].”

Nesse sentido, segundo ele, os líderes médicos devem levar em consideração os tópicos mentoria, equilíbrio de vida e trabalho, tecnologia, trabalho em equipe, propósito e feedback - definidos como transgeracionais. “Cada vez mais, a Medicina está vinculada à tecnologia, em monitoramento contínuo e remoto, big data, analytics, machine learning, modelagem e simulação e queda de internações, além da desospitalização. Enfim, cada vez menos desperdício e melhor eficiência vão ser necessários para lidar com os desafios futuros”, explicou.

Para um sistema de Saúde em transformação, o engajamento do médico será cada vez mais importante para gerar valoração aos usuários, acrescentou. “Não há como separar hoje o provedor de saúde e a agilidade médica sem que haja um real comprometimento do trabalho em equipe, em busca de um bem comum. Haja vista que hoje estamos em constante transformação, a Medicina não pode ficar à parte desse cenário, sem, contudo, esquecer que o que mais importa é o paciente.”

Na outra linha, o superintendente técnico médico do Hospital Beneficência Portuguesa, Luiz Eduardo Loureiro Bettarello, afirmou que a qualidade está relacionada essencialmente à segurança. “Os erros infelizmente acontecem e temos de encará-los como algo ‘bom’ para que possamos corrigir os processos. É muito importante que um time de excelência, como a implantação de um comitê de qualidade, possa garantir o gerenciamento. Assim, seremos mais efetivos, não no sentido de apontar o dedo para um culpado, mas sim no de pensar no processo, na correção de situação.”

O presidente da Unimed Campinas, José Windsor Ângelo Rosa, pontuou as disparidades da assistência médica brasileira. “Temos ilhas de excelência no nosso País, ao mesmo tempo em que convivemos com a mais completa falta de estrutura em alguns locais”, disse, ao apresentar dados sobre a fragmentação da prática clínica, a crescente judicialização da Saúde e os indicadores de inflação no setor.

“Em relação às exigências do mercado, após essa crise que assola nosso País, a meu ver, as operadoras que vão sobreviver serão aquelas de altíssimo desempenho, que vão equilibrar a qualidade e o preço de forma harmônica.” Para conseguir isso, segundo o presidente da cooperativa, as empresas terão de rever seus modelos assistenciais, suas formas de pagamentos, adotar tecnologias resolutivas e, principalmente, ter foco na geração de valor para seus pacientes e clientes.

“Tivemos três visões diferentes de qualidade da prática médica no setor privado: relação profissional com a instituição, segurança e eficiência. Serviu muito para traçar nossas diretrizes de como sermos bons profissionais na área privada da Medicina e de inspiração para a carreira vinculada aos hospitais e operadoras de planos de saúde”, concluiu a mediadora do debate, Diana Lara Pinto Santana, neurocirurgiã e integrante da Comissão do Médico Jovem da APM.

Por: Keli Rocha
Fotos: Osmar Bustos