Melhora em comportamentos agressivos, na comunicação e na interação social são alguns dos benefícios, de acordo com a empresa, participante do TEAbraço em Ribeirão. Não foram reportados até hoje efeitos colaterais graves, segundo Gibelli, que impeçam a continuidade do tratamento.
"Ele é amplamente indicado. Praticamente qualquer médico, de qualquer especialidade pode prescrever para qualquer patologia refratária. Como efeito colateral temos visto, por exemplo, que alguns pacientes reportam que têm um pouco mais de sono, outros relatam na primeira semana que iniciam a medicação um pouco de náusea, mas passa logo após a primeira semana", diz.
O autismo, de acordo com Gibelli, é uma das aplicações da substância produzida em diferentes formulações e também usada contra patologias como epilepsia, Mal de Parkinson e AVC.
O cânhamo utilizado como matéria-prima é plantado e colhido de maneira orgânica em quatro propriedades do Leste Europeu e produzido em um laboratório em San Diego, nos Estados Unidos. O medicamento pode ser ministrado em cápsula, pasta ou em uma formulação diluída em óleo de coco. Vinculado ao peso do paciente, o tratamento é feito em doses de 2 a 5 miligramas.
Desde 2014, a empresa confirma ter aprovação do governo brasileiro para ser importada por famílias mediante prescrição médica como um tratamento compassivo, ou seja, adotado quando o paciente já explorou todas as oportunidades terapêuticas reconhecidas.
"O paciente já tentou tudo que havia disponível de protocolo sem sucesso terapêutico, aí ele pode então optar por outros tratamentos que estão em fase de se transformar em protocolo", explica.
Desde 2015, a substância também pode ser comprada mediante subsídios do governo. Por mês, o tratamento custa entre US$ 80 [R$ 309] e US$ 140 [R$ 542].
"Você vai ao médico, ele decide que você pode utilizar o canabidiol e que isso vai ser bom para tratar sua patologia. Ele faz uma receita, um laudo e você assina um termo falando que a medicação é importada. A HempMeds coloca esses três documentos na plataforma da Anvisa e a Anvisa libera por um ano a compra por esse paciente."
Segundo Gibelli, a utilização mais ampla do extrato de canabidiol em pacientes com autismo ainda esbarra no preconceito, em muito ligado à associação equivocada à maconha, e depende de pesquisas em território nacional - já há registros de estudo sobre o princípio ativo em centros como a Universidade de Brasília (UnB).
Estudos realizados em países como Estados Unidos, Israel e México desde os anos 1960 já confirmam a eficácia e a segurança das aplicações, afirma Gibelli.
"A gente vai iniciar agora já no primeiro semestre deste ano uma pesquisa com canabidiol para pacientes autistas brasileiros atendidos por um neuropediatra no [Hospital Albert] Einstein para justamente ter um estudo aqui no Brasil comprovando a eficácia terapêutica dele", afirma.
Em torno de mil crianças autistas brasileiras, de acordo com o médico, já se beneficiaram do óleo de canabidiol, mas o número ainda é muito aquém do esperado.
"Das crianças diagnosticadas com autismo, nem 0,5% utiliza o canabidiol. Em países como os Estados Unidos, sem dúvida a adesão é muito maior, até porque nos Estados Unidos o canabidiol hoje é vendido como suplemento alimentar, você não precisa dessa burocracia toda que a gente precisa aqui no Brasil", diz.