ÚLTIMAS NOTÍCIAS

05/03/2021 - Doenças negligenciadas atingem mais de um bilhão de pessoas no mundo
Segundo informações do Ministério da Saúde, publicadas em Boletim Epidemiológico, as doenças tropicais negligenciadas (DTN) ocorrem em 149 países, atingindo mais de um bilhão de pessoas e tendo custo anual de bilhões de dólares.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente 17 doenças parasitárias crônicas são classificadas como DTNs, entre elas: raiva, tracoma, doença de Chagas (tripanossomíase americana), leishmaniose, filariose linfática, oncocercose (cegueira dos rios), esquistossomose (bilharzíaze) e helmintíases transmitidas pelo solo e água.
O termo “negligenciada” foi proposto pela OMS, devido às empresas farmacêuticas multinacionais não despertarem interesse e pelo investimento baixo de recursos destinados para esse grupo de doenças.
Dados nacionais
Quase 4 milhões de brasileiros foram examinados para tracoma entre 2008 e 2016, nos quais foram identificados 149.752 casos, em 967 municípios. A OMS estabeleceu a meta de eliminação global da doença como problema de saúde pública até o ano de 2020 e definiu um conjunto de procedimentos operacionais padrão para verificar a situação nos países.
Em relação à esquistossomose, está presente no Brasil de forma mais intensificada em 19 Unidades Federadas. De 2009 a 2019, foram realizados cerca de 9.867.120 exames e detectados 423.117 casos, com um percentual médio de positividade de 4,29.
As geohelmintíases constituem um grupo de doenças parasitárias que causam infecções intestinais que passam parte de seu ciclo de vida no solo, acarretando contaminação da água e de alimentos com os seus ovos ou larvas. Com isso, as crianças em idade escolar apresentam um importante papel epidemiológico na disseminação das doenças. Entre 2015 e 2019, foram realizados 2.768.791 exames por meio de busca ativa, sendo registrados 293.094 casos.
No ano de 1997, a Assembleia Mundial da Saúde tomou a decisão de eliminar a filariose linfática (FL) como um problema de saúde pública e lançou o Programa Mundial para Eliminação da Filariose Linfática (PMEFL), para eliminar e interromper a transmissão da doença até 2020. Atualmente, Pernambuco é o único estado endêmico no País.
Doenças de transmissão hídrica e alimentar
No Brasil, de 2007 a 2019, foram notificados 9.030 surtos de doenças de transmissão hídrica e alimentar (DTHA), com 160.702 doentes e 146 óbitos, que causam o adoecimento em quase uma a cada dez pessoas no mundo (cerca de 600 milhões) e o óbito de cerca de 420 mil.
Por sua vez, as Doenças Diarreicas Agudas (DDA), entre os anos de 2009 e 2018, tiveram média anual de quatro milhões de casos - em mais de 33 mil unidades sentinelas distribuídas em municípios de todo o País. As regiões Sudeste (36,99%) e Nordeste (29,47%) apresentaram as maiores incidências de casos.
A cólera, causada pela bactéria Vibrio cholerae, em sua 7ª pandemia, atingiu o Brasil em 1991 pela fronteira do Amazonas com o Peru e alastrou-se progressivamente pela região Norte e atingiu o Nordeste no final deste mesmo ano. A partir de 2006, não houve casos autóctones de cólera no Brasil, tendo sido notificados apenas 4 casos importados.
Sobre os dados de febre tifoide, de 2010 a 2019, foram notificados 4.955 casos suspeitos, 1.127 casos e 8 óbitos confirmados. A doença acometeu principalmente pacientes do sexo masculino (58,21%), na faixa etária entre 20 a 34 anos (28,75%), residentes na Região Norte (70,28%) e procedentes predominantemente da zona urbana (81,54%).
O Brasil ainda registrou, no mesmo período, 13.327 casos de rotavirose em crianças menores de cinco anos, com percentual de casos confirmados de 15,78% (2.103). Entre estes, o maior número foi na região Norte (45,22%; 951), seguido do Nordeste (27,06%; 569), Sudeste (20,30%; 427), Centro-Oeste (6,80%; 143) e Sul (0,62%; 13). Observa- se uma redução de 72,68% dos casos confirmados no ano de 2019 em relação a 2010.
Em relação aos casos de Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU), entre 2009 e 2019, 148 casos suspeitos foram notificados, sendo a maior parte na região Sudeste (84,46%; 125), seguida do Centro-Oeste (9,46%; 14), Nordeste (3,38%; 5) e Norte (2,70%; 4). Na região Sul, não houve casos suspeitos notificados.
Acidentes ofídicos
Causados por serpentes peçonhentas, constituem importante causa de morbimortalidade em todo o mundo, por conta de sua alta frequência e gravidade. No Brasil, a média de registros entre 2010 e 2020 foi de 28.345 casos. A média de óbitos para o mesmo período foi de 116/ano. Destacam-se a região Norte, seguida de Nordeste e Sudeste, e os estados do Pará, Minas Gerais, Bahia, São Paulo, Amazonas e Maranhão.
No mesmo período, foram confirmados 39.270 casos de leptospirose no País e 3.419 óbitos registrados, com média de 321 óbitos/ano. O predomínio da doença ocorre nas regiões Sul e Sudeste, e 80% dos casos ocorreram em área urbana; 41% em situações domiciliares; 17% em situações de trabalho; e em quase 30% não houve registro da situação de risco.
Para Hantavírus, ainda foram notificados 15.080 casos, 996 confirmados e 414 evoluíram para óbito. Mais de 75% dos indivíduos acometidos eram do sexo masculino e estavam na faixa etária de 20 a 39 anos, sendo que mais de 50% residiam em zona urbana e exerciam ocupação relacionada com atividades agrícolas e pecuárias. As regiões Sul e Sudeste são as que apresentam o maior número de casos registrados.
Em relação à febre maculosa, entre 2010 e 2020, foram notificados 29.208 casos, sendo 1.928 confirmados e 679 que evoluíram para óbito. As regiões Sudeste e Sul apresentaram as maiores concentrações de casos, sendo mais frequente em homens na faixa etária de 20 a 39 anos.
Vigilância
O Ministério da Saúde afirma que a implementação de medidas eficazes - com alta cobertura - contribui para alcançar as metas de eliminação das doenças como problema de saúde pública, eliminando a transmissão e a erradicação, com o objetivo de contribuir para o atendimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.
As iniciativas globais também contribuem para acelerar a eliminação destas doenças, ampliando a visibilidade deste grupo, criando uma ação integrada mais efetiva para controle e beneficiando as populações que vivem em condições de vulnerabilidade.