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A crise sanitária na Europa mostra que superar a covid não será tarefa simples. A União Europeia vem registrando uma média de 250 mil de novos casos por dia, mais do que em qualquer momento da pandemia.

Onze meses após o início da vacinação, as UTIs em alguns países estão quase lotadas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais 700 mil europeus podem morrer até março. Para conter o avanço do vírus, França, Itália e Alemanha – as três maiores economias do bloco – anunciaram ontem a volta de restrições.

Na Alemanha, que ontem ultrapassou a marca de 100 mil mortes, 68,2% da população está totalmente vacinada, enquanto 70,8% tem apenas a primeira dose.

O novo chanceler, Olaf Scholz, que assumirá no lugar de Angela Merkel em dezembro, defende um novo confinamento e a obrigatoriedade da vacinação. “Estamos numa situação dramática. As medidas que estão em vigor não são suficientes”, disse Merkel.

Os Estados da Baviera e da Saxônia, os dois mais atingidos pelo coronavírus, fecharam mercados de Natal e impuseram lockdowns em todas as regiões com mais de mil novos casos a cada 100 mil habitantes. Bares, discotecas, restaurantes, espaços culturais e esportivos também foram fechados. Uma boa parte da vida pública em todo o país foi limitada apenas a pessoas totalmente vacinadas ou que tenham se recuperado da doença.

MEDIDAS. A Itália, que vacinou 74% da população – 79% com uma dose –, restringiu o acesso de pessoas não vacinadas a alguns locais fechados, como cinemas, restaurantes e hotéis a partir de 6 de dezembro. Além disso, qualquer pessoa que usar transporte público terá de estar imunizada ou apresentar um teste negativo.

Com as medidas, o governo do premiê Mario Draghi torna ainda mais rígido o “passe verde”, certificado sanitário exigido para o acesso a praticamente todas as atividades na Itália.

Apelidado de “superpasse verde” pela imprensa italiana, o passaporte que só admite vacinados e curados valerá para atividades de lazer, como academias, cinemas e eventos esportivos, mas não para locais de trabalho, que ainda admitirão indivíduos apenas testados.

Na França, o governo de Emmanuel Macron anunciou ontem que voltará a ser obrigatório o uso de máscaras em todos os ambientes internos a partir de hoje. A medida valerá mesmo em locais que exijam certificado de vacinação para a entrada.

O teste negativo agora só será válido por 24 horas após ser feito – até então, a validade era de 72 horas. Cerca de 70% dos franceses estão totalmente vacinados – 77% têm a primeira dose.

Outros países da UE também intensificaram as medidas para conter o avanço da covid.

Na quarta-feira, a Eslováquia anunciou um confinamento de 15 dias, seguindo o mesmo modelo adotado pela vizinha Áustria. Com o confinamento, restaurantes e lojas de artigos não essenciais serão fechados. Na semana passada, a Holanda se tornou o primeiro país europeu a voltar à quarentena.

INVERNO. Alguns fatores explicam a quarta onda na UE. Com a proximidade do inverno, as pessoas passam mais tempo dentro de casa, onde o vírus se espalha facilmente. Neste contexto, a vacinação se torna ainda mais essencial. No entanto, pouco mais de 60% dos europeus com mais de 12 anos se vacinaram, o que deixa 150 milhões de pessoas desprotegidas ou apostando em algum tipo de imunidade por terem se curado da doença.

Fonte: O Estado de S.Paulo