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24/11/2020 - Empreendedorismo e inovação em Saúde em debate

Para discutir os avanços tecnológicos em Telemedicina, inteligência artificial, biossensores e rastreadores, genômica e pesquisas translacionais, entre outros tópicos, no dia 21 de novembro, com o apoio da Associação Paulista de Medicina, foi realizado o webinar Empreendedorismo e Inovação em Saúde (IES). O evento foi moderado pelo neurologista Marcel Simis.

O Professor Associado de Medicina Física e Reabilitação da Escola de Medicina da Harvard Medical School, Felipe Fregni, destacou a ideia de translacionar, ou seja, comercializar as pesquisas realizadas nas academias. O palestrante entende que dessa forma é possível fortalecer o vínculo entre universidade e indústria, valorizando a validação científica consistente.

“Por exemplo, a partir de uma discussão científica e não política, temos dados que apontam que a cloroquina não tem eficácia no tratamento da Covid-19. E como chegamos neste medicamento? No início da discussão, um expert comentou sobre sua reação antiviral e in vitro. No entanto, para o caso específico de novo coronavírus, não há resultados efetivos. Em outras palavras, o empreendedorismo e a inovação têm de ser baseados em ciência sólida.”

Fregni reforçou que para ser inovadora a criatividade deve andar de mãos dadas com as funções executivas, envolvendo a construção de processos de testes e melhorias. “É um dos problemas da nossa inovação. Nosso sistema de educação médica dá a receita, mas não ensina a fazer o bolo. O ideal é você apontar os ingredientes para os alunos fazerem o bolo. E o médico precisa seguir deadline, o que há de evidência e, ao mesmo tempo, não aniquilar a habilidade de ser criativo, de fazer perguntas, de questionar”, argumentou.

 

Revoluções digital e genética

A Professora Titular de Fisiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Linamara Rizzo Battistella, acrescentou que as revoluções digital e genética são possibilidades de avançar na prestação à ciência e ao acesso, com redução de custo e aumento na qualidade, tornando a Medicina mais personalizada e precisa.

“Gosto da definição de Saúde Digital, adotada pelo cardiologista Eric Topol, ao falar de todos os recursos das tecnologias digitais: das redes sociais, da conectividade móvel e da banda larga, do aumento do poder de computação e do universo de dados convergentes com sensores sem fio, da genômica e dos sistemas de informação para descontruir a prática médica como a conhecemos. Uma das coisas mais impactantes é a possibilidade da internet das coisas, dos sensores e dos sistemas de informação de saúde. Esses movimentos já estão próximos e podem realmente descontruir criativamente a Medicina que conhecemos”, informou.

Em consonância com Fregni, Battistella reiterou que só é possível pensar em inovação atrelada à evidência científica. E falou dos avanços em Telemedicina no Brasil observados, sobretudo, este ano em razão da pandemia.

“Chegamos à casa dos pacientes de uma maneira prática e segura; estamos valorizando a Medicina a distância, algo que estava esquecido e é tão significativo. A teleconsulta leva o médico para dentro da casa dos pacientes de maneira rápida, prática e segura, sem a necessidade de deslocamento físico e sem custo para o usuário.”

 

Mercado

No sentido empresarial, a diretora de Finanças da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Henriette Krutman, abordou as maneiras como a inovação pode se materializar em startups que visam melhorias à saúde e à qualidade de vida da população.

“Outro dia, li uma reportagem publicada na Revista Veja sobre a inteligência artificial sendo aplicada para o tratamento da voz. Hoje, sabemos que esse software também é usado para os diagnósticos de autismo, mal de Parkinson, Alzheimer e depressão. As possibilidades são imensas e temos de estar focados naquilo que nos interessa, porque a startup tem que atender a realidade do mercado. É uma grande oportunidade que se abre para produtos e serviços voltados aos problemas que estão já sendo gerados”, disse.

O evento também contou com a participação do fundador e CEO da Criabiz Ventures, Christian Pensa. A instituição é especializada no desenvolvimento empresarial venture building de startups focadas em inovações tecnológicas. Também esteve no encontro o sócio fundador da Moal Capital e engenheiro naval da Escola da Universidade de São Paulo, Cassio Bruno.

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