APM NA IMPRENSA
28/04/2018 - Entrevista da Semana: Marcos Cabello dos Santos; ele trouxe mais de 10 mil pessoas ao mundo
Responsável por trazer mais de 10 mil pessoas ao mundo, o ginecologista e obstetra, além de presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), em Bauru, Marcos Cabello dos Santos, 55 anos, se encontrou em sua profissão.
Filho de ferroviários, o médico saiu de Bauru, onde nasceu, aos 17 anos, para estudar na requisitada Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi lá, inclusive, que conheceu a esposa, a pediatra Eliane Alves Motta Cabello dos Santos, por quem revela se apaixonar diariamente, nos últimos 30 anos.
Há cinco, o casal divide um consultório situado nos Altos da Cidade. E não para por aí. A paixão pela medicina, pelo visto, é genética, já que o filho mais velho dos dois, Vitor Motta Cabello dos Santos, 19 anos, também faz o curso, na Unicamp.
Na entrevista abaixo, Cabello fala sobre a sua vida pessoal, profissional e, claro, sobre saúde de maneira geral.
Jornal da Cidade - O senhor nasceu em Bauru. Como foi a sua infância?
Marcos Cabello dos Santos - Querida, eu sou bauruense e morei, exatamente, há duas quadras do meu consultório, no Altos da Cidade. Além disso, frequentei o Sesi, na época em que foi inaugurado na Quintino Bocaiuva. Também estudei no Ernesto Monte - cujo destaque eu deixo para a professora Cleide Canova, que implantou um laboratório no colégio e fez com que eu tivesse o meu primeiro contato com o corpo humano, de forma científica - e no Preve, onde recebi ajuda do professor Duda Trevizani. Os meus pais eram ferroviários e tive o privilégio de nascer em uma família formada por pessoas centradas e com princípios sólidos. Apesar de termos pertencido à classe média baixa, eles sempre valorizaram o estudo. Logo, aos 17 anos, ingressei em medicina na Unicamp, em Campinas.
JC - E como era a vida de universitário?
Marcos - Eu voltava a Bauru aos finais de semana, de trem, em uma viagem que durava de cinco a 12 horas. Foi um período feliz, no qual conheci muita gente interessante, fato que abriu os meus horizontes. Portanto, o filho de um ferroviário pode, sim, chegar a uma universidade pública, sem cotas, e mudar toda a história da sua vida. Na Unicamp, eu frequentei festas com Paulo Freire e cruzei com César Lattes. Além disso, Caetano Veloso e Gilberto Gil tocavam dentro da faculdade, na hora do almoço. Enfim, foi uma fase boa e romântica, que começou em 1981 e terminou em 1993, quando acabei a residência, me casei e decidi voltar a Bauru.
JC - A sua esposa é bauruense também?
Marcos - Não, ela é de Rio Claro, mas veio a Bauru comigo e, há cinco anos, trabalhamos juntos. Eu como ginecologista e obstetra e ela como pediatra. Agora, a Eliane decidiu voltar à academia e dar início ao doutorado na Faculdade de Medicina da USP, em Bauru. O meu filho mais velho, o Vitor, de 19 anos, também estuda medicina na Unicamp, onde eu e minha esposa nos formamos.
JC - Vocês se adaptaram à nova vida, em Bauru?
Marcos - Eu voltei como plantonista do Pronto-Socorro Central (PSC), embora já fosse ginecologista e obstetra. Porém, antes de montar o meu próprio consultório, eu precisava conquistar os pacientes. Enquanto isso, contei com o apoio dos meus pais e da minha irmã, Adriana, que também mora em Bauru. Enfim, foram nos plantões noturnos do PS Central que eu comecei a construir a minha carreira.
JC - Os filhos vieram quando?
Marcos - Depois de mais de dez anos de casados. Afinal, nós precisávamos nos estruturar antes. Para dar conta da carreira e dos meninos, eu e minha esposa chegamos à conclusão de que eu seria mais provedor e ela, mais presente, mas, claro, sem deixar de trabalhar.
JC - Quando o senhor assumiu a APM, neste ano, disse que tentaria aproximar os médicos da comunidade. Por quê?
Marcos - Olha, os médicos, no Brasil, infartam quatro vezes mais do que qualquer outra pessoa; e a incidência de suicídio, entre a classe, é três vezes maior em relação ao restante da população. Enfim, nós precisamos mostrar para a comunidade que também somos humanos e esta é a função da APM. Inclusive, no ano anterior, eu fui até o Colégio Rogacionista de Bauru para conversar com os alunos sobre saúde da mulher, DSTs, higiene íntima, gravidez não planejada, morte de mães e bebês, bem como zika vírus na gravidez. Recentemente, fiz o mesmo trabalho em uma escola de Cafelândia.
JC - Como o senhor vê a saúde pública brasileira?
Marcos - O nosso País tem uma das melhores medicinas do mundo, mas é para poucos. Creio que o segredo da melhoria desta condição não seja algo simples, afinal, o problema é complexo. Aumentar o número de médicos não é a saída, porque, na medicina, você começa a ter uma noção da prática médica depois de dez anos de formado, no mínimo. Na minha opinião, as soluções giram em torno da faculdade pública de boa qualidade e do maior investimento em pesquisa.
JC - E a Faculdade de Medicina, em Bauru? É algo benéfico para a cidade?
Marcos - A USP, em Bauru, está trazendo expertise e cabeças pensantes ao município e, certamente, formará uma nova classe médica na cidade.
Perfil
Nome: Marcos Cabello dos Santos
Idade: 55 anos
Pais: Acácio Irineu dos Santos e Leny Cabello dos Santos (já falecida)
Irmãos: César Cabello dos Santos e Adriana Cabello dos Santos
Esposa: Eliane Alves Motta Cabello dos Santos
Filhos: Gustavo Motta Cabello dos Santos, de 16 anos, e Vitor Motta Cabello dos Santos, de 19
Time: Santos
Filme: Blade Runner
Livros: Atualmente, estou lendo "Meu bem, meus bens", do promotor Gustavo Zorzella Vaz, e "Ossos do Ofício", do ortopedista Olivo Costa Dias
Signo: Câncer
Contato: cabellomarcos@hotmail.com
Para quem dá nota 0: para ninguém, já que acredito que todas as pessoas são boas, só que muitas delas ainda não sabem
Para quem dá nota 10: para todo mundo que acredita, que não joga a toalha, enfim, que sonha.
Fonte: JCNET