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16/04/2017 - Especialistas debatem limites entre mídias sociais e ética médica
É inegável o poder da tecnologia dos meios de comunicação nos avanços da Medicina. Atrelado a isso, têm-se a facilidade do compartilhamento de dados através das redes sociais. Mas quais são os limites éticos ao profissional médico? Com essa temática, I Encontro do Médico Jovem da Associação Paulista de Medicina abriu a terceira série de debates com o público presente, no último dia 8 de abril.
Privacidade e confidencialidade são os dois pilares que orientam a relação entre médico e paciente. “Aliás, a privacidade é um direito constitucional de cidadania, e a confidencialidade é um dever profissional”, ressaltou o conselheiro do Cremesp e professor de Ética Médica, Clóvis Francisco Constantino, também diretor adjunto de Previdência e Mutualismo da APM.
Exatamente por isso, segundo o palestrante, deve haver um limite na utilização dos avanços tecnológicos. “A ciência evolui muito rápido, a ética evolui menos rápido e o direito - responsável pela organização de todas as normas -, menos rápido ainda. Por isso, temos de ser cautelosos diante das novidades.”
“A nossa profissão não é melhor ou pior que as outras, por termos de tomar cuidado nas decisões. Isso não significa também que não podemos incorporar os avanços, mas a atenção é no sentido de saber utilizar os dispositivos”, acrescenta Constantino.
Com a rede mundial de computadores, houve a disseminação da informação, do conhecimento e da aplicação de instrumentos como a Telemedicina. Ou seja, nas palavras de Constantino, “a Medicina é embasada pela tecnologia e plugada nela.” Dentre os benefícios estão diagnósticos mais precoces e precisos, apoiando o médico na tomada de decisão, cirurgias realizadas de forma mais dinâmica e em maior escala, sequelas de tratamento menores, cortes menores com o advento das cirurgias laparoscópicas e das endocirurgias, entre outros.
Antonio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia de Informação da APM, apresentou levantamento da empresa DRG (Designer Resources Group) que aponta que 87% dos médicos brasileiros usam as redes sociais ou a internet para discutir ou buscar decisões clínicas. Porcentagem esta superior em relação aos Estados Unidos (54%), à China (75%) e a países que compõem a União Europeia (56%).
“Não podemos jamais ignorar essa tendência. A inteligência artificial, principalmente a computação cognitiva, está crescendo de uma forma muito importante e devemos colaborar muito com isso, com confidencialidade, privacidade e integridade de dados, além de autenticidade de quem tem acesso”, enfatiza.
Regras e cuidados
Atento a isso, o Conselho Federal de Medicina, em parceria com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), publicou uma resolução normativa que certifica, através de selos, os softwares que adotam todos os requisitos necessários de segurança. “Assim, além de preservar a confidencialidade de dados e a privacidade de nossos pacientes, temos soluções tecnológicas que garantem segurança desses documentos”, acrescenta Endrigo.
Os profissionais que hoje utilizam as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para atenderem seus pacientes e evoluir inclusive na Medicina são conhecidos como Médicos 2.0. “É para esse tipo de evolução que a nossa prática deve estar preparada”, pondera o diretor de TI da APM.
“O compartilhamento é fundamental em qualquer ciência para a sua evolução, isso sempre aconteceu. Óbvio que hoje temos mais facilidade, entretanto, devemos utilizar as tecnologias sempre ao benefício do nosso conhecimento e de nossos pacientes”, finalizou Constantino, que trouxe exemplos de boas e más práticas médicas em redes sociais como o Facebook e o WhatsApp.
O debate foi mediado pela neurocirurgiã Diana Lara Pinto e pela anestesista Jamile Barbosa Pereira, ambas integrantes da Comissão do Médico Jovem da APM.
Workshop Saúde Digital: Segurança de Dados
No dia 28 de abril, a APM promoverá um evento com a presença de renomados especialistas na área de segurança digital, para desmistificar a insegurança que o médico tem hoje sobre o compartilhamento de dados dos pacientes. Inscreva-se em http://bit.ly/SaúdeDigital.
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