O QUE DIZ A MÍDIA
17/11/2021 - Especialistas fazem apelo pela multivacinação
O jornal O Globo realizou ontem a live “Sarampo e catapora: diferenças e cuidados de cada doença”, o último de uma série de três debates que abordam vacinação, além da Covid-19, no Encontros O Globo Saúde e Bem-Estar. O patrocínio foi da MSD.
Participaram o infectologista Renato Kfouri, que também é pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), o infectologista e pediatra Filipe Veiga e a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, que tem pós-doutorado em epidemiologia pela Universidade Johns Hopkins. A mediação foi da jornalista do GLOBO Constança Tatsch.
— O calendário vacinal da criança tem sido negligenciado em função do distanciamento provocado pela pandemia e do receio das famílias. As coberturas vacinais que já não vinham boas, pioraram muito em 2020. Mas com a retomada no convívio nas escolas e o fim do distanciamento, havendo uma porcentagem não vacinada, corremos o risco da volta de doenças controladas e o ressurgimento de casos. O sarampo é o primeiro a dar as caras em função da alta transmissibilidade, onde encontra indivíduos suscetíveis ele se alastra — alerta Renato Kfouri.
A epidemiologista Ethel Maciel lembrou que o Brasil conseguiu o certificado de eliminação do sarampo em 2016, mas infelizmente, o perdeu em 2018 com a reintrodução do vírus no país. Atualmente, há um surto de sarampo no Amapá, com 400 casos confirmados e duas mortes.
— O Brasil ainda convive com sarampo catapora e outras doenças infecciosas, felizmente numa situação que não é epidêmica, porque estão controladas, mas não eliminadas. Erradicadas só a varíola e dois tipos de poliomielite — explicou.
Catapora Já a vacina contra a catapora foi introduzida em 2013 a primeira dose e, em 2017, a segunda dose.
Catapora Já a vacina contra a catapora foi introduzida em 2013 a primeira dose e, em 2017, a segunda dose.
— Hoje vemos menos crianças internadas com varicela e suas complicações. A criança não vacinada contra a catapora costuma desenvolver 500 lesões bolhosas que servem como porta de entrada para bactérias que podem levar à sepse, pneumonia, e o próprio vírus pode causar encefalite. Sempre que vejo criança com doença por uma vacina que não foi feita é muito difícil, porque é uma complicação ou morte que poderia ser evitada — afirmou Filipe da Veiga.
Segundo ele, 600 mil crianças deixaram de receber as vacinas, colocando-as em risco.
Segundo ele, 600 mil crianças deixaram de receber as vacinas, colocando-as em risco.
Durante o encontro, também foi abordada a vacinação de crianças contra a Covid-19, que já acontece em diversos países. Os especialistas são unânimes na importância e segurança dessa imunização.
— A vacinação das crianças é fundamental para protegê-las não só de hospitalização e morte, mas também da Covid longa. E para que voltem à escola, com segurança para suas famílias. Mesmo sabendo que a Covid é menos agressiva nesse grupo, elas não são imunes. E a vacina é segura.
A da Pfizer foi feita para crianças, com dosagem diferente, um terço da dose do adulto, com frasco especial. As crianças de 5 a 11 anos representam 8% da população. Ampliar sua vacinação é fundamental para o país — afirmou Veiga Valorização Para finalizar, Ethel Maciel fez um pedido de valorização e engajamento da população na vacinação.
— A importância da vacinação para que a gente recupere, em alguns, e consolide, na maioria, a confiança no nosso sistema de saúde e no nosso Programa Nacional de Imunização do qual nos orgulhamos tanto. Criado na década de 1970, muito consolidado, é o maior do mundo, oferecendo muitos imunizantes, gratuitamente. É importante que a gente confie nas vacinas e leve crianças, adolescentes (e que os adultos também compareçam) às unidades de saúde para que mantenham o calendário vacinal em dia. Estamos na campanha de multivacinação, então é uma oportunidade excelente.
Kfouri reforçou o apelo: — A gente viu com a Covid-19 a falta que uma vacina fez. Imagine se faltassem todas essas vacinas e a gente voltasse à era da paralisia, da rubéola, do sarampo, da coqueluche, meningites. Vacinas, todas elas, salvam vidas.
Isso é um dever de todos, por você e pela comunidade. É uma ação de cidadania se proteger e controlar uma doença onde você vive.
Esse foi o terceiro encontro da série sobre vacinação. No último dia 27, foi realizada a live “Como prevenir e tratar o HPV, a infecção sexual transmissível mais comum no mundo”. Já no dia 13 de setembro, o encontro foi “A importância do calendário vacinal para a saúde no Brasil”. Todas as lives ficam disponíveis no Facebook e no Youtube do jornal O GLOBO.
Fonte: O Globo