O QUE DIZ A MÍDIA
20/10/2021 - Estudo aponta diferentes respostas protetoras após vacina e cura da Covid.
Pessoas que tiveram infecção pelo coronavírus no passado podem produzir uma resposta imune mais diversificada, mas a ação de neutralização nos vacinados que não tiveram contato prévio com o vírus é dada até 12 vezes mais pela vacina.
Os resultados da pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade Rockfeller (EUA) e coordenada pelo imunologista brasileiro Michel Nussenzweig, foram divulgados na prestigiosa revista científica Nature no último dia 7.
A proteção conferida por uma infecção prévia ao SarsCoV-2 pode se desenvolver e ser até bem robusta nas pessoas, mas ainda não é possível afirmar com certeza que todos os indivíduos que tiveram Covid no passado vão conseguir se defender frente a uma nova infecção.
Já a imunidade conferida por vacinas pode oferecer uma arma imunológica imediata, mas a duração dessa resposta imune ainda está sendo estabelecida conforme os estudos sobre a necessidade de doses de reforço avançam.
Os pesquisadores procuraram avaliar então qual seria a proteção conferida entre as duas doses (D1 e D2) e 1,3 e cinco meses após a D2 das vacinas contra Covid de mRNA em pessoas que nunca se infectaram —os chamados “naives”— e comparar a taxa de anticorpos e tipos de células de defesa no organismo com o observado em recuperados.
Foram avaliadas amostras de sangue de 32 pessoas que não tinham histórico de Covid (oito vacinados com a vacina da Moderna e 24 com a
Pfizer/BioNTech) em três momentos distintos: “prime” (até duas semanas e meia após a primeira dose e antes da segunda), 1,3 mês após a segunda dose (equivalente ao grupo controle, que incluiu sangue de pessoas recuperadas de Covid 1,3 mês após a infecção) e cinco meses após a segunda dose.
Do total de amostras, 53% foram de homens e 47% mulheres, e a idade média dos indivíduos analisados foi 34,5 anos (os participantes tinham de 23 a 78 anos).
O que os cientistas observaram foi que, apesar de a resposta imune após a infecção natural ser mais diversificada, podendo evoluir inclusive para combater às novas variantes, o potencial de neutralização do vírus pelas vacinas é maior do que com a imunidade natural.
Nas primeiras semanas após a primeira dose, a taxa de anticorpos dos tipos IgG, IgA e IgM no sangue aumenta, embora as imunoglobulinas do tipo IgG fossem predominantes em relação às outras duas (e são os anticorpos associados à resposta imune de memória).
Após 1,3 mês da segunda dose, a taxa de anticorpos no sangue era maior nos vacinados em comparação aos chamados convalescentes.
Porém, a mesma avaliação cinco meses após a segunda dose encontrou uma redução significativa nas taxas de anticorpos IgA e IgM, o que era esperado, uma vez que esses anticorpos não permanecem em circulação por um longo período no corpo —o que se deseja com uma indução de resposta imune é gerar a capacidade de reconhecer rapidamente o antígeno e neutralizá-lo quando frente a uma infecção natural.
Fonte: Folha de S.Paulo