APM NA IMPRENSA
05/03/2017 - Estudo mostra como o cérebro colabora para que notícias viralizem na internet
Já parou para pensar porque compartilha uma notícia nas redes sociais? Por que se interessa por um conteúdo em particular? Um estudo da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, investigou o motivo pelo qual notícias viralizam na internet. A resposta tem a ver com qual imagem queremos passar aos outros e como elas colabora para que façamos parte de grupos.
Na pesquisa, cientistas mostraram notícias populares na web a 80 pessoas e analisaram quais áreas do cérebro eram ativadas. Primeiro, os participantes liam o título e resumo da reportagem. Depois, decidiam se gostariam de continuar lendo e se compartilhariam no Facebook.
As regiões neuroais ativadas foram as associadas ao pensamento sobre si mesmo e a parte usada para entender o que os outros pensam.
— A viralização não tem a ver com conteúdo da notícia, mas com nosso desejo de ver a repercussão da publicação. Isso ativa um componente narcísico que faz com que se espere aprovação. É como se quem é compartilhado recebesse uma gratificação — diz Marcos Gebara, diretor da Associação brasileira de psiquiatria.
Por outro lado, quem não ganha comentários ou curtidas, sente-se rejeitado. Fica-se exposto ao julgamento.
— O Facebook alimenta esse sistema de recompensa mostrando quantas pessoas compartilharam, curtiram. É uma relação imediata, o que te faz postar mais, em busca de aprovação — observa Kalil Duailibi, da Associação Paulista de medicina.
A interação nas redes sociais, segundo os especialistas, desperta sensações de prazer.
— Esse mesmo circuito é ativado por sexo, droga, musica — afirma Gebara.
Sentimento de pertencimento
São quatro bilhões de mensagens no Facebook, 500 milhões de tweets e 200 bilhões de e-mails enviados todos os dias. Mas nem tudo é compartilhado pela sua rede de amigos. Nadar como a maré pode ser uma saída confortável emocionalmente.
— Ao compartilhar algo muito comentado, em alta, é como se pertencesse a um grupo. A pessoa faz parte e isso é importante — pontua o psiquiatra Duailibi.
O estudo americano mostra ainda que as notícias que mais ativaram as regiões cerebrais coincidem com as populares nas redes sociais, compartilhadas inúmeras vezes.
“As pessoas estão interessadas em ler ou compartilhar conteúdos que as conectem com suas experiências, com o que são ou querem ser. Compartilham coisas que melhorem suas relações, que pareçam mais inteligentes", comenta Emily Falk, uma das responsáveis pela pesquisa.
Com relação à disseminação de notícias na web, cientistas afirmam que há fatores subjetivos atuando. No entanto, acreditam que o fato de as notícias vitralizarem entre pessoas, à princípio, diferentes mostram que uma sociedade compartilha valores e comportamentos.
Por: Jornal Extra - 03/03/17