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25/11/2021 - Impacto da pandemia em pacientes graves é tema de webinar APM/AMB

A Associação Paulista de Medicina e a Associação Médica Brasileira realizaram na noite da última quarta-feira (24), mais um webinar, sobre o impacto da pandemia nos pacientes graves. O evento foi apresentado pelos presidentes das entidades, José Luiz Gomes do Amaral (APM) e César Eduardo Fernandes (AMB), e teve moderação de Suzana Margareth Ajeje Lobo, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e membro do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 (CEM_COVID AMB).

“Fico pensando, em uma situação tão difícil como esta, em águas tão turbulentas diante da pandemia em que vivemos, que privilégio temos nós, de nos encontramos com colegas tão qualificados, dedicados e empenhados, que não tiveram um segundo de trégua dessa guerra que já vai para o seu segundo ano”, refletiu Amaral.

“Vamos tratar de um assunto totalmente relacionado com o momento difícil que vivemos, já passamos por tempos piores, mas ainda não tivemos dias que possam nos dar o selo definitivo de que estamos findando a pandemia”, complementou Fernandes.

Palestra

Ederlon Rezende, diretor do Serviço de Terapia Intensiva do Hospital do Servidor Público Estadual, ex-presidente da AMIB e coordenador do Projeto UTIs Brasileiras, foi o palestrante. “Quando estamos diante de uma pandemia, o que queremos evitar é exatamente mortes em excesso, que poderiam ser evitadas, e é muito simples do ponto de vista do que fazer, mas nem tão simples de se executar. Em uma pandemia, para conter essas mortes, é preciso intervir em dois pontos, tentar diminuir a curva de casos e ampliar a capacidade do sistema de saúde para atendimento dos pacientes”, iniciou.

“Essas duas ações têm um único objetivo, evitar o colapso do sistema de saúde. Quando o colapso acontece, temos que encarar um cenário de mortes que poderiam ser evitadas. É muito importante ter medidas de atenção primária, testagem, prevenção, higienização e, principalmente, o distanciamento social, um remédio amargo, mas que em alguns momentos é essencial para controlar o crescimento de casos”, complementou.

Segundo o especialista, o Brasil é um dos países que apresentam o maior número de leitos de UTI per capita, de acordo com dados do Ministério da Saúde. “O grande problema é que somos um País de desigualdades. Em 2014, apenas 25% da população contavam com um plano de saúde, outros 75% utilizavam o Sistema Único de Saúde, e vale ressaltar que metade dos leitos de UTI estavam disponíveis para quem tinha plano de saúde. Diante disso, temos uma situação de distribuição bem heterogênea.”

Outro problema de distribuição marcante no SUS é a heterogeneidade regional. O número de leitos das regiões Norte e Nordeste, em proporção per capita, é bem menor quando comparado ao Sul e Sudeste, e não é à toa que foi exatamente nas regiões menos favorecidas em que o sistema de saúde colapsou primeiro, com um número alarmante de mortes.

Ainda de acordo com ele, mais uma grande preocupação dentro da terapia intensiva era como manter a qualidade do cuidado. “No início da pandemia, nos vimos diante de um número excepcionalmente alto de casos, com uma doença de gravidade muito maior do que estávamos habituados, equipe reduzida por conta do aumento de demanda e, principalmente, a tensão que todos sofriam pelo número reduzido de leitos”, complementou.

Conforme dados das semanas epidemiológicas publicados pelo projeto UTIs Brasileiras, pessoas com 80 anos foram as primeiros a experimentar redução do percentual de pacientes admitidos nas UTIs: ”O cenário demonstra e comprova a eficácia da vacina em proteger as pessoas das formas mais graves da doença e de necessitarem da terapia intensiva”, ressaltou Rezende.

Profissionais da Saúde

Desde o início da pandemia, o número de profissionais da Saúde diagnosticados com síndrome de burnout só aumentou. “Ficou muito claro em determinado momento da pandemia que não adiantava abrir leitos se não tivéssemos profissionais capacitados. UTIs são feitas por pessoas, não por equipamentos e ventiladores mecânicos”, ressaltou o palestrante.

Ederlon Rezende ainda enfatizou que o estresse emocional vivido por todos da linha de frente foi alarmante, provocado por uma doença com alta mortalidade, por uma situação de afastamento da família e dificuldade de dar más notícias com frequência. “Nós nunca vimos um aumento tão grande de problemas relacionados à sobrecarga emocional em nossos profissionais de Saúde.”

Sobre os desafios presentes e futuros da pandemia para os intensivistas brasileiros, o especialista explica que estão ligadas às pressões impostas aos serviços de urgência e emergência, entre elas a preocupação de novas ondas, agravamento de comorbidades em sobreviventes, desassistência provocada pelas restrições de acesso e condições crônicas agudizadas em pacientes sem Covid-19.

“Não há espaço para achismo ou fake news, essa é uma lição importante trazida pela pandemia. Se este momento trouxe um desafio muito grande para nós, que atuamos dentro da terapia intensiva, certamente foi uma oportunidade de sentirmos orgulho de sermos intensivistas”, finalizou.

Debate

“Alguns dados me chamaram a atenção. Me impactou o fato de que a mortalidade de nossos pacientes de UTI não é muito diferente do que se observa em outros países. Claro que esses números representam médias, não a realidade de todas as unidades de terapia intensiva, existem algumas que estão com dados muito melhores e outras deixando a desejar”, comentou César Fernandes.

O presidente da APM também trouxe uma reflexão sobre a falta de suprimentos durante o ápice da pandemia. “Quando começaram a faltar ventiladores, percebemos quão grave tem sido a desestruturação da nossa indústria. Por muitos anos fabricamos os melhores ventiladores do mundo e, fizemos tão bem, que nossas empresas foram vendidas para outros países. A globalização provavelmente será revista após a pandemia, os países não podem mais depender somente dos suprimentos de um só lugar, é necessário repensar em termos de incentivo à indústria nacional”, completou.

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