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25/11/2020 - Índice de contágio por covid no País é o maior desde maio
A taxa de transmissão do novo coronavírus (Rt) no Brasil nesta semana é a maior desde maio, revelou ontem o centro de controle de epidemias do Imperial College de Londres.
O índice passou de 1,10 no dia 16 de novembro para 1,30 no balanço desta terça-feira, dia 24. Mas especialistas ouvidos pelo Estadão evitam a expressão “segunda onda” de contaminação simplesmente porque o Brasil ainda não conseguiu controlar a primeira.
Assim, o aumento atual é entendido como um repique, uma piora dos dados da primeira onda.
A última vez que a taxa de transmissão se aproximou deste patamar no País foi na semana de 24 de maio, quando atingiu 1,31. A taxa de contágio (Rt) indica para quantas pessoas um paciente infectado consegue transmitir o vírus. Os números atuais indicam que 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 130.
Quando o número é superior a 1, cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa. Isso representa o avanço da doença.
Para a epidemia ser considerada controlada, a taxa de transmissão precisa estar abaixo de 1. “Esse aumento aponta claramente que estamos vivendo um aumento da pandemia no País”, adverte Eduardo Flores, virologista da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
‘Apagão’. Há duas semanas, o número ficou em 0,68, o menor valor desde abril – mas a data coincidiu com o atraso na atualização de casos e mortes pelo Ministério da Saúde; problemas técnicos atrasaram o registro de informações. O virologista Rômulo Neris, mestre em Microbiologia pela UFRJ, afirma que a taxa de contágio no País poderia ser ainda maior se não fosse o “apagão” de dados. Professor da Saúde Pública da USP, o epidemiologista Eliseu Waldman adota tom mais cauteloso: ele acha difícil mensurar o quanto desse aumento se deve ao represamento de dados.
Além do Brasil, países europeus como Polônia, Sérvia, Bulgária, Alemanha e Dinamarca apresentam taxas de contágio próximas de 1,30. A Grécia tem 1,47, o maior da Europa atualmente.
Segunda onda? Especialistas ouvidos pelo Estadão evitam cravar que o Brasil esteja vivendo uma segunda onda de contaminação, mas todos reconhecem o agravamento da situação.
“Vimos um fenômeno de interiorização, com diminuição dos casos nos grandes centros”, explica Neris. O virologista Paulo Eduardo Brandão, da Veterinária e Zootecnia da USP, pensa diferente. “Considerando a rápida elevação da taxa de transmissão nas últimas semanas e os relatos de hospitais, não há dúvida.
Vivemos uma segunda onda de contaminação”, afirma.
No Brasil, a média móvel diária de mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil ficou em 496 nesta segunda-feira.
Desde ontem, foram registrados mais 17.585 casos e 344 mortes, segundo levantamento feito por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL com as Secretarias Estaduais de Saúde.
Fonte: O Estado de S.Paulo