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20/01/2022 - Internações de crianças e adolescentes por Covid crescem 61% em São Paulo
Cresceu em 61% o número de crianças e adolescentes internadas por Covid-19 em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) no estado de São Paulo em dois meses, de acordo com informações do governo estadual.
No início de novembro de 2021, 109 crianças estavam hospitalizadas. Em janeiro, este número chegou a 171 pessoas com até 17 anos.
“Os dados evidenciam a necessidade de acelerarmos a vacinação infantil. Aliás poderíamos ter iniciado mais cedo a vacinação pelo Ministério da Saúde em vez de ficar discutindo, protelando, promovendo audiência e outras inutilidades, quando a medicina e os especialistas em pediatria infantil recomendavam a imediata vacinação”, disse o governador João Doria (PSDB), em entrevista a jornalistas no Palácio dos Bandeirantes, nesta quartafeira (19).
A imunização de crianças começou na última sexta-feira (14) no estado com a vacina da Pfizer, a única aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso nessa faixa etária. Até terça-feira (18), às 17h, cerca de 23,2 mil crianças haviam recebido o imunizante.
O primeiro vacinado foi Davi Seremramiwe Xavante, 8, indígena da etnia xavante de Mato Grosso. Ele faz tratamento contra uma doença genética em São Paulo.
As doses pediátricas chegaram ao Brasil na madrugada da quinta-feira (13) para serem distribuídas aos estados. São Paulo recebeu 234 mil doses.
A administração estadual ainda aposta na aprovação da Coronavac para ampliar a campanha de vacinação de crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. Segundo o governo, existe ao menos 15 milhões de doses disponíveis para esta finalidade, sendo 10 milhões reservadas para o estado.
O governo espera receber a aprovação da Anvisa nesta quinta-feira (20), quando iniciará de forma imediata a vacinação com o imunizante do Butantan caso seja aprovado.
O estado tem 54,1% dos leitos de terapia intensiva ocupados, enquanto a região metropolitana da cidade tem 60,5%. São 2.842 internados em UTI.
Os hospitais públicos e privados de São Paulo também registraram aumento de diagnósticos e atendimento de crianças com Covid-19, além de uma leve tendência de alta nas hospitalizações. O apagão de dados do Ministério da Saúde e a subnotificação nos estados e municípios não permite saber o número nacional de crianças com a doença, mas a alta foi percebida em clínicas e hospitais.
Reportagem da Folha mostrou que no Hospital Infantil Sabará, na capital paulista, os atendimentos de crianças até dez anos com Covid começaram a aumentar entre os dias 12 a 18 de dezembro. O número saltou de um caso semanal para 15 nas duas semanas seguintes. A taxa de positividade nos testes de Covid nesse mesmo período passou de 2% para 20%.
As internações em UTIs em São Paulo já haviam aumentado 91% após as festas de final de ano. Em 3 de janeiro, havia 1.141 pacientes em leitos de terapia intensiva no estado, com 468 novos registros naquele dia. Pouco mais de uma semana depois, no dia 11, havia 1.727 pacientes internados em leitos de UTI, com 895 novos registros, ou 91% a mais.
O crescimento também foi verificado em algumas regiões do estado, sendo a principal delas a Grande São Paulo.
A vacinação de crianças de 5 a 11 anos com deficiência permanente —física, sensorial ou intelectual— e indígenas aldeadas começou nesta segunda-feira (17) no município de São Paulo. Aquelas que possuem qualquer tipo de comorbidade podem receber o imunizante desde terça-feira.
Os pais ou responsáveis podem fazer o pré-cadastro para vacinação das crianças no site Vacina Já (vacinaja.sp.gov. br) O cadastramento é opcional e não funciona como agendamento, mas agiliza o atendimento. (18) pedindo para que fosse reconhecido o poder dos Conselhos Tutelares na fiscalização da vacinação de crianças e adolescentes e também o dever das escolas de denunciar essas situações.
No ofício, Lewandowski diz que os Ministérios Públicos devem garantir que as medidas necessárias para fiscalizar a vacinação das crianças estão sendo adotadas conforme prevê o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e a Constituição Federal.
A legislação e outras decisões recentes do STF já determinavam que os pais não têm o direito de negar vacinar seus filhos.
Apesar da previsão legal, só cinco estados do país haviam determinado que suas escolas são obrigadas a exigir o comprovante de vacinação dos estudantes, conforme mostrou a Folha. Os demais alegaram não poder solicitar o documento.
O pedido da Rede Sustentabilidade ocorreu após o Ministério da Saúde afirmar que a vacinação para crianças de 5 a 11 anos não é obrigatória no país. O partido alegou que a orientação da pasta fere diretamente os preceitos fundamentais da Constituição que protegem as crianças, “inclusive da conduta irresponsável de seus responsáveis, quando optam por não vaciná-los”.
Tanto a Constituição Federal como o ECA asseguram que a vacinação, o que inclui a imunização contra a Covid, são direitos da criança e do adolescente e um dever dos pais e da sociedade. Por isso, não só os pais são obrigados a vacinar seus filhos, como escolas, conselhos tutelares e outros órgãos têm a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento da imunização em menores de idade.
O ECA prevê ser obrigatória a vacinação das crianças e adolescentes nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias, o que se aplica à vacina contra a Covid. Em dezembro, a Anvisa aprovou o uso do imunizante da Pfizer para a faixa de 5 a 11 anos e recomendou a aplicação, já que os estudos indicaram uma eficácia de 90% nesse público.
As tentativas do presidente Jair Bolsonaro (PL) de pôr em dúvida a segurança da vacinação nas crianças deram margem para que uma minoria da população passasse a questionar o direito dos pais de não imunizar seus filhos.
Pesquisa do Datafolha mostrou que a vacinação contra Covid para crianças tem o apoio de 79% da população brasileira com 16 anos ou mais. Os que a rejeitam são 17%, e os que não souberam opinar somam 4%.
Fonte: Folha de S.Paulo